Uma crença que foi amplamente difundida pelo movimento de
batalha espiritual americano a partir da década de 60, e que se tornou muito
popular no meio evangélico pentecostal e neopentecostal são os famosos
"espíritos do adultério, de prostituição, da embriaguez e dos
vícios". É muito comum vermos pastores e cristãos pentecostais e
neopentecostais com o hábito de orar no seu dia a dia caso se deparem com
alguma situação que seja necessário a “repreensão ou a amarração” destes
“espíritos malignos”. Vemos também nos “cultos de libertação”, “orações de
guerra” em forma de “chavões ou jargões”, do tipo: espírito do adultério, de
prostituição, da embriaguez e dos vícios - saia desta vida para nunca mais
voltar!
Quem nunca
presenciou, viu e ouviu alguém fazer uma “oração” desse tipo? Acredito que
todos nós! Todavia, se estudarmos as Escrituras, especialmente o Novo
Testamento diligentemente e meticulosamente, iremos perceber que não
existe um texto sequer que aponte que adultério, prostituição, embriaguez e
vícios de todo o tipo sejam espíritos malignos. Em contrapartida, os mesmos são
classificados por Paulo em Gálatas 5.19-21 como “obras da carne”, isto
é, pecados oriundos da nossa própria natureza pecaminosa, e não espíritos
malignos (para inveja, que também é um pecado, e não um espírito
maligno, veja 1Pe 2.1).
Augustus Nicodemus Lopes corrobora que os demônios denominados
pela batalha espiritual como sendo demônios da lascívia, do ódio, da vingança,
da embriaguez, da inveja e assim por diante, não aparecem no Novo Testamento.
Essas coisas são, na verdade, as obras da carne mencionadas por Paulo em
Gálatas 5.19-21. A solução para esses pecados não é expulsar demônios que
supostamente os produzem, mas arrependimento, confissão e santificação.
Senão
vejamos o que Tiago diz acerca deste assunto.
"Cada um, porém, é tentado pela própria cobiça [e não por demônios
primariamente, porém estes podem influenciar na tentação em segundo plano] sendo
por esta arrastado e seduzido. Então a cobiça, tendo engravidado, dá à luz o
pecado; e o pecado, após ter-se consumado, gera a morte." - Tiago
1.14-15 (NVI)
Jesus disse:
Jesus disse:
Mateus 5.18-19 – Mas as coisas que saem da
boca vêm do coração, e são essas que tornam o homem ‘impuro. Pois do coração saem os maus
pensamentos, os homicídios, os adultérios, as imoralidades sexuais, os roubos,
os falsos testemunhos e as calúnias. (NVI)
Paulo, por
sua vez, escreve:
"Não
sabem que, quando vocês se oferecem a alguém para lhe obedecer como escravos,
tornam-se escravos daquele a quem obedecem: escravos do pecado que leva à
morte, ou da obediência que leva à justiça?" Romanos 6.16 (NVI)
Vejamos ainda outro exemplo descrito por Paulo que irá elucidar melhor a nossa compreensão.
"Por
toda parte se ouve que há imoralidade entre vocês, imoralidade que não ocorre
nem entre os pagãos, a ponto de alguém de vocês possuir a mulher de seu pai. E
vocês estão orgulhosos! Não deviam, porém, estar cheios de tristeza e expulsar
da comunhão aquele que fez isso? Apesar de eu não estar presente fisicamente,
estou com vocês em espírito. E já condenei aquele que fez isso, como se
estivesse presente. Quando vocês estiverem reunidos em nome de nosso Senhor
Jesus, estando eu com vocês em espírito, estando presente também o poder de
nosso Senhor Jesus Cristo, entreguem esse homem a Satanás, para que o corpo
seja destruído, e seu espírito seja salvo no dia do Senhor." 1 Coríntios 5.1-5 (NVI)
Vemos que, não somente nas cartas de Paulo, mas em todo o Novo Testamento, os escritores bíblicos enfatizam muito mais a questão de pecados da carne ao invés de espíritos malignos ou possessão, haja vista que existem casos de possessão e de espíritos malignos atuando na vida de uma pessoa. Conforme é dito no texto, um jovem que fazia parte da igreja de Corinto estava mantendo relações sexuais com a mulher de seu pai, isto é, a sua madrasta, diz Paulo.
Apesar deste
pecado, o apóstolo não disse que este jovem estava possuído ou influenciado
pelo espírito da imoralidade, e, tampouco, ordenou que fizessem uma oração de
libertação com imposição de mãos neste jovem, mas que o entregassem a Satanás;
ou seja, que ele fosse expulso da comunhão da igreja para ser disciplinado por
Deus através de Satanás, se arrependesse do seu pecado e retornasse a fé. A
imoralidade ou a fornicação, contudo, é um pecado grave contra o nosso corpo,
que é o templo do Espírito Santo (veja 1 Cor 6.18-20).
Entretanto, apesar do adultério, prostituição ou fornicação, embriaguez, vícios e inveja serem pecados da carne, contudo, a pessoa que prática estes pecados pode vir dar ocasião aos espíritos malignos para atuarem em sua vida, uma vez que eles [os espíritos malignos] podem, depois que a pessoa cedeu a sua vontade pecaminosa a estes pecados, influenciá-la e escravizá-la nestes e em outros pecados.
Entretanto, apesar do adultério, prostituição ou fornicação, embriaguez, vícios e inveja serem pecados da carne, contudo, a pessoa que prática estes pecados pode vir dar ocasião aos espíritos malignos para atuarem em sua vida, uma vez que eles [os espíritos malignos] podem, depois que a pessoa cedeu a sua vontade pecaminosa a estes pecados, influenciá-la e escravizá-la nestes e em outros pecados.
"'Quando
vocês ficarem irados, não pequem'. Apaziguem a sua ira antes que o sol se
ponha, e não deem lugar ao diabo." Efésios 4.26-27 (NVI)
Concluímos, então, que, as supostas “orações de libertação” que muitos pastores e cristãos fazem expulsando os espíritos do adultério, prostituição, embriaguez e dos vícios, e o também famoso espírito da depressão [que é um transtorno ou uma doença mental, e não um espírito maligno] é antibíblico e, portanto, uma prática que deve ser diametralmente rejeitada.
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Nota:
1. Augustus Nicodemus Lopes. O que você precisa saber sobre Batalha Espiritual, pág
69.
*** Fonte: Bereianos
*** Fonte: Bereianos
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