a) O Monarquianismo Modalista. Uma leve variação do
Monarquianismo (doutrina antitrinitária que se desenvolveu no segundo e
terceiro séculos), o Monarquianismo Modalismo afirma que Deus se manifestou em
três formas diferentes durante a História. De acordo com esta visão, desde que
Deus é uma entidade única, não dividida em Três Pessoas como o Cristianismo
ensina. Segundo os modalistas, Ele primeiro se manifestou como Pai, ou Criador.
Na Encarnação, tornou-se Filho. E, como o Espírito Santo, é Santificador,
Mestre e Consolador da Igreja. O Monarquianismo foi considerada uma seita
herética, porque falhou em fazer a distinção entre a essência única da Divindade
e as Três Pessoas da Trindade.[2]
Exame Bíblico
A
Bíblia ensina que existe um só Deus (Dt 6.4; 2Sm 7.22; Sl 86.10; Is 44.6; 1Co
8.4; Gl 3.20), quer dizer, uma só natureza ou essência; porém, nessa mesma
essência, porquanto a unidade do Senhor é composta, e não absoluta, há Três
Pessoas distintas: Pai, Filho e Espírito Santo (Mt 28.19). A Escritura
testifica que o Pai é Deus (1Pd 1.2), o Filho é Deus (Jo 20.28; 1Jo 5.20) e o
Espírito Santo é Deus (At 5.3,4), isto é — embora sejam Três Pessoas distintas,
todas partilham (participam) de uma única essência ou natureza. Cada uma das
Três Pessoas possui atributos da Divindade, pois são unidas em uma só essência,
na plenitude de Deus: * Onipotência (2Cr 20.6; Mt 28.18; Rm 15.13,19); * Onipresença
(Am 9.2,3; Mt 18.20; Sl 139.7-10); * Onisciência (Is 42.9; Cl 2.2,3; 1Pd 1.11;
Ez 11.5); * Eternidade (Sl 90.2; Mq 5.2; Hb 9.14).
O termo Trindade significa simplesmente “triunidade”. Deus não é
uma unidade simples; há pluralidade na sua unidade. A Trindade é um dos grandes
mistérios da fé cristã. Embora a palavra Trindade não apareça na Bíblia,
isto não faz diferença, uma vez que seu conceito é claramente ensinado nela.
Nem a palavra “Bíblia” aparece nas Escrituras, entretanto, o Cristianismo crê
que a Bíblia — do grego biblos=livros santos, pelo latim medieval bíblia,
é a palavra que, por volta do século II d.C., os primitivos cristãos usavam a
fim de designar sua coleção de livros inspirados pelo Altíssimo, ou seja, as
Escrituras Sagradas, a Palavra de Deus.
A Trindade
não é a crença de que Deus é Três Pessoas e apenas Uma Pessoa amo mesmo tempo e
no mesmo sentido. Isso seria uma contradição. Pelo contrário, é a crença de que
há Três Pessoas em uma natureza (ou uma essência).
Afirmar que Deus tem uma essência e Três Pessoas quer dizer que Ele tem Um
“Algo” e Três “Alguéns”. Os Três “Alguéns” (Pessoas) compartilham o mesmo Algo
(essência ou natureza). Assim, Deus é uma unidade de essência com pluralidade
de Pessoas. Cada Pessoa é diferente, mas todas compartilham, a saber,
participam unanimemente de uma natureza comum.[3]
A Trindade é anterior ao Concílio de Niceia. A palavra Trindade
trata-se de um termo teológico, usado pela primeira vez no século II por Teófilo
de Antioquia e popularizado por Tertuliano.[4] Mas que diremos dos
cristãos primitivos? Muito antes do concílio de Niceia tratar especificamente
da questão, em 325 d.C., veja as citações dos primitivos cristãos, em que eles
criam:
·
“Os cristãos adoram o Pai, o Filho e o Espírito Santo”.
·
“Pois Deus apenas é sem pecado; e só um homem sem pecado é Cristo,
o que indica que Cristo é também Deus”.
·
“De tudo o que aprendemos da Pessoa do Espírito Santo era de tal
autoridade e dignidade que o batismo de salvação
não era completo senão pela autoridade da mais excelente Trindade, isto é, em
nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo...
·
“Oro pela sua felicidade para sempre ao nosso Deus, Jesus Cristo”.
·
“Perfeito Deus e perfeito homem”.[5]
A Trindade não é origem do paganismo. A doutrina cristã da Trindade
não tem origem pagã. As religiões pagãs eram panteístas (tudo é Deus, e Deus é
Tudo) e politeístas (adoravam vários deuses), mas os trinitários são
monoteístas (adoram Um só Deus — o único e o verdadeiro, Jo 17.3). Os
trinitários são são triteístas que acreditam em três deuses separados; eles são
monoteístas que acreditam num Deus manifestos em Três Pessoas distintas.[6]
Em suma, a Trindade Divina é provada em toda a Bíblia:
·
A Trindade é revelada na criação do homem (Gn 1.26 comp. Ne 9.6;
Jo 1.1-3; Jó 33.4);
·
A Trindade presente na queda do homem (Gn 3.22);
·
A Trindade operando na confusão das línguas (Gn 11.7);
·
O uso da palavra hebraica echad — único (em port.) — que denota
uma unidade composta, e não absoluta; isto é, mais de uma Pessoa na mesma
essência (Dt 6.4 comp. Gn 2.24);
·
Os ensinamentos do rei Agur, a revelar o Filho de Deus (Pv 30.4);
·
A Trindade na visão de Isaías (Is 6.1,3,8-10 comp. Jo 12.39-41; At
28.25-27);
·
O diálogo divino das Três Pessoas Divinas nos Salmos, que usou a
forma plural (Sl 110.1 comp. Mc 12.36);
·
A Trindade na bênção sacerdotal (Nm 6.24-26 comp. 2Co 13.13);
·
A Trindade no batismo de Jesus (Mt 3.16,17);
·
A Trindade na fórmula batismal (Mt 28.19);
·
A Trindade na distribuição dos dons (1Co 12.4-6);
·
A Trindade na unidade da Igreja (Ef 4.4-6);
·
A Trindade na bênção apostólica (2Co 13.13);
·
A Trindade na saudação de Pedro (1Pd 1.2);
·
A Trindade na admoestação da Epístola de Judas (Jd vv.20,21).
b) Sabélio, um caso bem antigo. Sabélio é o mais famoso
representante do modalismo, ou unicismo. Ele viveu em 230 d.C. e foi um
ardente defensor dessa doutrina, além de refiná-la. Para ele, Deus assumira
três fases ou manifestações, mas não três pessoas. A doutrina sabeliana acabou
desenvolvendo o patripassionismo, ensino que asseverava que os sofrimentos do
Deus-Filho recaía necessariamente sobre o Deus-Pai. Sabélio usava a palavra
“pessoa” para cada Pessoa da Divindade. Mas, para ele, pessoa tinha o sentido
de máscara ou de manifestações diferentes de uma mesma Pessoa Divina. O Pai, o
Filho e o Espírito Santo são nomes de três estágios ou fases diferentes. Deus
era o Pai na criação e na promulgação da lei, Filho na encarnação e Espírito
Santo na regeneração.[7]
Exame Bíblico
As Escrituras
são abundantemente claras e mostram que o Pai, o Filho e o Espírito Santo são
Pessoas distintas. Por exemplo, está claro que Jesus não é o Pai, pois o Pai
enviou o Filho (Jo 6.57; Gl 4.4). O Pai e o Filho se amam (Jo 3.35). O Pai e o
Filho falam um com o outro (Jo 11.41,42). O Pai conhece o Filho, e o Filho
conhece o Pai (Mt 11.27). Jesus é o nosso advogado junto ao Pai (1Jo 2.1). O
Pai deu testemunho do Filho (Jo 8.16,17). O Pai selou, honrou, glorificou e
ensinou o Filho (Jo 6.27; 8.54; 12.27,28; 8.28). O Pai ungiu, deleitou-se,
ouviu, ofereceu e se satisfez no Filho (Jo 3.34; Mt 3.17; 26.53; Rm 8.32; Jo
8.29). Além do mais, está claro que Jesus não é o Espírito Santo, pois foi dito
que o Espírito Santo é outro Consolador (Jo 14.16). Jesus e o Pai enviaram o
Espírito Santo (Jo 15.26). O Espírito Santo desceu dias após a glorificação de
Jesus, nas alturas (Jo 7.39,40; At 2.33). O Espírito Santo procura glorificar
Jesus (Jo 16.13,14). O Espírito Santo desceu sobre Jesus (Lc 3.22). Quem
blasfemar contra o Filho obtém perdão, porém quem blasfemar contra o Espírito
Santo nunca receberá perdão (Mt 12.31,32). Nem o Pai é o Espírito Santo, pois o
Pai enviou o Santo Espírito (Jo 14.16; 15.26). E o Espírito intercede por nós
junto ao Pai (Rm 8.26,27). Estêvão cheio do Espírito Santo (At 7.55) viu o
Filho à destra do Pai (At 7.56).[8]
Textos usados pelos unicistas. Todas as seitas pinçam a
Bíblia aqui e ali em busca de subsídios para consubstanciar suas heresias e assim
poderem dar às suas doutrinas uma roupagem bíblica.
·
Isaías 9.6 — A expressão “Pai da eternidade” (Is 9.6) não
afirma que o Filho seja o Deus-Pai. Ele é Pai de algo, nesse caso, da
eternidade, visto que, dela, é o Senhor, a fonte, a origem, tendo em Si mesmo o
direito de concedê-la por Sua morte e ressurreição (Jo 6.40,47,68; 1Jo
5.11,12,20; Rm 5.21; Hb 5.9). Assim Ele pode dar a vida eterna aos que nEle
crêem (Hb 7.25). Jesus é o Filho do Pai, e ponto final (2Jo v.3; Pv 30.4).
·
João 10.30 — Costumam citar João 10.30: “Eu e o Pai somos
um”.
Contudo, no grego, esse texto é Ego kai ho pater
hen esmen. Essa passagem prova que Jesus é Deus absoluto igual ao Pai, e
não a mesma Pessoa do Pai. “Um”, no grego, nesse versículo, está no neutro — hen
— e não no masculino (heis), e mostra assim duas pessoas numa só
Divindade (essência ou natureza). Além disso, o verbo está no plural “somos”, e
não no singular “sou”. Portanto, Pai e Filho não são a mesma Pessoa. O Espírito
Santo é assunto registrado em outras passagens, principalmente nos capítulos
14,15 e 16 de João. Ele é “outro” — quer dizer, diferente ou distinto (do que
já foi mencionado) — Consolador (Jo 14.16).
·
João 14.8 e 9 — Jesus disse a Filipe: “Quem me vê a mim vê o
Pai” (Jo
14.8,9). Isso foi usado pelo próprio Sabélio para
consubstanciar o seu unicismo. Esta passagem, como a de João 10.30, é ainda
hoje usada pelos modernos sabelianistas para justificar a sua falsa doutrina, O
versículo seguinte destrói completamente os argumentos sabelianistas: “As
palavras que eu vos digo, não as digo de mim mesmo, mas o Pai, que está em mim,
é quem faz as obras” (v. 10).[9]
A
doutrina de Sabélio (que continuou nos modalistas de hoje) é estúpida e
ignorante, e possui a capacidade limitada de entender a Palavra, ou seus
adeptos “têm olhos para ver e não vêem, e tem ouvidos para ouvir e não ouvem;
porque eles são casa rebelde” (Ez 12.2).
c) As seitas
modalistas da atualidade. Sob a mesma ótica do Modalismo antigo, há
denominações, hoje, que apregoam que existe uma só Pessoa na Divindade, e Esta
é Jesus, para eles, cujo se manifestou em três diferentes modos da História,
negando, assim, a doutrina da Trindade. Sob essa mesma bandeira de Sabélio, e
por assim crerem, acresceram-lhe meramente o batismo de seus adeptos apenas “em
nome de Jesus”. Decerto, tais igrejas são seitas heréticas que profanam a
natureza de Deus e o mandamento deixado por Jesus, dentre as quais: Igreja Voz
da Verdade (que tem um conjunto que possui o mesmo nome), Tabernáculo da Fé,
Igreja Pentecostal Unida do Brasil, Igreja Pentecostal Apostólica, Só Jesus,
Testemunhas de Yehoshua, etc.
Nenhum comentário:
Postar um comentário