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quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Reflexões de Lutero.



“ E viu Deus que a luz era boa; e fez separação entre a luz e as trevas.” – Gênesis 1:4



Se queres que as palavras “eram muito boas” sejam compreendidas com referência às obras de Deus após a queda, considerarás que isso não se diz acerca de nós, e, sim, acerca de Deus. Pois não se diz: “O ser humano viu as coisas que Deus havia feito, e eram muito boas”. Muitas coisas que, quando vistas por Deus, são muito boas, quando vistas por nós, são péssimas. Assim, as aflições, os males, os erros, o inferno e até todas as melhores obras de Deus são péssimas e condenáveis perante o mundo. Que é melhor que Cristo e o Evangelho? E que é mais execrado pelo mundo?

Por conseguinte, só Deus e aqueles que vem com os olhos de Deus – isto é , os que possuem o Espírito – sabem  de que maneira é bom diante de Deus aquilo que para nós é mau.
                                                  OS 4,127

01/01/2015



Para pesquisar mais.

Ao final de cada reflexão, o leitor encontrará a fonte de onde aquele texto foi extraído. A menção é sempre à obra e ao número da página em que o texto aparece. Por exemplo, a primeira reflexão traz como informação “OS 4, 127”. Isso significa que o texto em questão poderá ser encontrado em Martinho Lutero – Obras Selecionadas, volume 4, página 127.

Eis as abreviaturas das obras usadas nas reflexões.

CF83 – Castelo Forte de 1983
OS     -  Martinho Lutero – Obras Selecionadas, volumes 1 a 11
PEC  -   Pelo Evangelho de Cristo.


A Partir de 01/01/2015.



sexta-feira, 28 de novembro de 2014

É Ele quem converte o nosso coração.





E dar-vos-ei um coração novo, e porei dentro de vós um espírito novo; e tirarei da vossa carne o coração de pedra, e vos darei um coração de carne. E porei dentro de vós o meu Espírito, e farei que andeis nos meus estatutos, e guardeis os meus juízos, e os observeis.” [Ezequiel 36:26-27]
Esse é um dos textos elencados no antigo testamento que me traz mais alegria e esperança. Toda vez que leio esse texto meu coração se enche de alegria, pois me mostra que a salvação não depende de nós, mas do soberano Deus.

Onde está o livre arbítrio? Onde está a decisão do homem?

Observe que o próprio Deus toma a iniciativa de ir até o pecador, e muito mais do que isso, ele arranca o coração de pedra, que não é capaz de se voltar a Deus, não sente nada, é incapaz de exercer volição positiva, e coloca um coração de carne, que é capaz de amar a Deus e guardar seus estatutos.

Observe que o homem natural possui um coração incapaz de amar, isso lhe é inato, esse homem está emaranhado em pecados, sua natureza lhe imputa essa situação; ele está caminhando a passos largos para o inferno, cumprindo a justiça de Deus, que puniu com a morte todos os filhos de Adão. Mas mesmo com todo furor de sua ira, Deus soberanamente escolheu trazer para seu lado alguns desses homens que estavam caminhando em direção contrária a sua graça.

Mas como trazer esse homem de volta ao criador, se ele ama mais o mundo e seus rudimentos?

O próprio Deus, com sua potente mão retira o coração de pedra e coloca um coração de carne, muito mais do que isso, Ele coloca dentro de nós seu Santo Espírito, que é a garantia de nossa salvação, é o selo de nossa remissão, é aquele que nos sustenta e nos converte de nossos maus caminhos.

Mas esse homem pode se desviar?

De forma alguma!!! Todos aqueles que foram convertidos por Deus, e receberam o Espírito Santo estão seguros, pois o próprio Deus os faz andar em seus caminhos e guardar seus estatutos, é Deus quem preserva o pecador, do contrário fora, ainda com a conversão esse homem se desviaria do reto e digno caminho, e voltaria as suas antigas práticas.

Minha oração é que em sua vida toda glória da salvação seja dada a Deus, que você entenda que antes dEle arrancar seus coração de pedra, você era injusto e indigno de estar na presença dEle.
*** Fonte: Gospel Prime


quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Uma análise da prática da unção com o óleo "ungido".






Conforme sabemos, é bem comum vermos no meio evangélico, especialmente nas igrejas neopentecostais e pentecostais, onde faz parte da liturgia e doutrina destas igrejas/seitas, o hábito de ungir pessoas, objetos, casas, carros dentre outras coisas como uma espécie de “ato profético” ou algo semelhante. Via de regra, para corroborar esta prática como liturgia e doutrina na igreja, tanto os pastores, seguidores e adeptos da unção com o óleo utilizam como base na Escritura várias passagens do Antigo Testamento e, em adição, no Novo Testamento, especificamente as passagens de (Mc 6.7, 13; Tg 5.14). Vamos analisar cada uma delas:

Marcus 6.7, 13 – Chamando os Doze para junto de si, enviou-os de dois em dois e deu-lhes autoridade sobre os espíritos imundos. Expulsavam muitos demônios, ungiam muitos doentes com óleo e os curavam. NVI

Tiago – 5.14 Entre vocês há alguém que está doente? Que ele mande chamar os presbíteros da igreja, para que estes orem sobre ele e o ungiam com óleo, em nome do Senhor. NVI

Na primeira passagem descrita no Evangelho de Marcus, é dito que os discípulos foram enviados por Jesus a pregarem o evangelho nas cidades circunvizinhas de Israel, tendo recebido também poder e autoridade de Jesus para expulsar demônios, curar os doentes e ressuscitar os mortos (Mt 10.8). No caso de curar os doentes, vemos mencionado no texto um elemento utilizado pelos discípulos – ou seja, eles ungiam as pessoas doentes com óleo e elas eram curadas. Porém, vemos um fato interessante na narrativa de Marcus acerca disso. Ao recomendar os discípulos sobre o modus operandi de como curar os doentes, Jesus mencionou apenas “a oração com imposição de mãos”.  

Marcus 6.18c – imporão as mãos sobre os doentes, e estes ficarão curados. NVI

O próprio Jesus, em todo o seu ministério sequer usou a unção com óleo como complemento para curar os enfermos ou ungiu alguma pessoa demonizada, algum objeto ou alguém simplesmente por ungir, como vemos nas igrejas neopentecostais e pentecostais. Não há nenhum relato nos evangelhos, nas cartas apostólicas e nem em escritos dos pais da igreja que sucederam os apóstolos mencionando que Jesus ungiu Pessoas ou objetos.

João 9.6 – Tendo dito isso, ele “cuspiu” no chão, misturou terra com “saliva” e aplicou-a aos olhos do homem. NVI

É importante observar que não podemos utilizar “alegorizar” e aplicar esta passagem como base para apoiar que a saliva foi um tipo de óleo que Jesus usou para ungir os olhos do cego. Isto seria cometer um erro pífio de interpretação. Entretanto, não é visto em todo o livro de Atos que os apóstolos, após o pentecostes e nem Paulo utilizaram deste hábito de “ungir” os enfermos com óleo. Antes, os apóstolos tinham seguido o ensinamento de Jesus orando pelos doentes com imposição de mãos. (veja At 5.16; 8.7; 19.12; 28.8-9 etc...).

Acerca do texto de Tiago 5.14, que poderia mostrar o contrário do que fizemos até aqui confirmando a unção com o óleo, Augustus Nicodemus Lopes afirma com muita propriedade em seu comentário expositivo da carta de Tiago que "não sabemos ao certo se era uma prática geral nas igrejas apostólicas orar pelos enfermos ungindo-os com óleo ou se Tiago aqui introduziu essa prática entre os deveres dos presbíteros das igrejas Judaico cristãs. Essa possibilidade pode ser a mais correta”. Mais adiante, Nicodemus diz: "Tiago não explica a relação que vê entre a unção com óleo e a oração em favor do enfermo”.  

Não obstante, existem duas sugestões acerca do que realmente Tiago queria ensinar nesta instrução a igreja de sua época e para nós hoje. Alguns estudiosos dizem que o óleo era um tipo de remédio que era um complemento com a oração pela cura do enfermo. Por outro lado, outros acreditam que o óleo era e é apenas o símbolo da ação do Espírito Santo curando a pessoa doente. Todavia, esta segunda sugestão tem como base algumas passagens do Antigo Testamento que atestam o uso do óleo como a ação do Espírito Santo.

O óleo da unção no Antigo Testamento era um símbolo da ação do Espírito Santo ainda não operando em sua plenitude. Porém, no Novo testamento, após o pentecostes, o Espírito Santo passou a operar em sua plenitude não sendo mais necessário ou uma regra o ato de ungir pessoas devido a estarmos na nova aliança da graça. (veja Ex 29.7; Lv 8.12; 1Sm 10.1-3; 16.13; Zc 4.3). Portanto, a segunda sugestão de que o óleo é símbolo da ação do Espírito Santo curando o doente é a mais plausível. Esta é a interpretação de Calvino dessa passagem, onde ele diz: "Não posso concordar com aqueles que pensam que o óleo era usado como remédio nestes casos".

Contudo, apesar do ato de ungir o doente ser apenas um símbolo, conforme os adeptos desta prática ratificam, todavia, não há objeção em todo o contexto da carta de Tiago, nos evangelhos, em Atos e nas cartas de Paulo em se permitir o ato de ungir. Porém, esta prática é “restrita somente a pessoa doente”. Sendo assim, três pontos de vital importância são destacados explicitamente na carta de Tiago 5.14. Senão vejamos:

1) Tiago não diz que “se deve ungir todas pessoas, objetos, casas, carros” etc.

2) Tiago não diz que “todas as pessoas devem ungir o doente, mas que a unção deve ser feita somente pelos presbíteros ou pastores”. 

3) Tiago não diz que se deve “ungir a pessoa doente na igreja ou em qualquer outro lugar [como, por exemplo, no monte]. Obviamente, a pessoa, por estar doente, estaria impossibilitada de ir a igreja, portanto, a unção era restrita e deveria ser feita na casa da pessoa doente”. 

Tiago 5.14b – Que ele (o doente) mande chamar os presbíteros (ou pastores) da igreja, para que estes orem sobre ele e o unjam com óleo, em nome do Senhor. NVI

Finalmente, mesmo que não seja proibido o presbítero ou o pastor ungir os doentes, contudo, devido ao exagero e aos abusos que as igrejas neopentecostais e pentecostais e muitos cristãos cometem a despeito do óleo em ungir pessoas não doentes, casas, e objetos em geral, seria melhor não aderirmos a tal prática que, sobretudo, foi e é muito mistificada no meio evangélico.  

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Divulgação: Bereianos



quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Existem espíritos de adultério, prostituição, embriaguez e vícios?






Uma crença que foi amplamente difundida pelo movimento de batalha espiritual americano a partir da década de 60, e que se tornou muito popular no meio evangélico pentecostal e neopentecostal são os famosos "espíritos do adultério, de prostituição, da embriaguez e dos vícios". É muito comum vermos pastores e cristãos pentecostais e neopentecostais com o hábito de orar no seu dia a dia caso se deparem com alguma situação que seja necessário a “repreensão ou a amarração” destes “espíritos malignos”. Vemos também nos “cultos de libertação”, “orações de guerra” em forma de “chavões ou jargões”, do tipo: espírito do adultério, de prostituição, da embriaguez e dos vícios - saia desta vida para nunca mais voltar! 

Quem nunca presenciou, viu e ouviu alguém fazer uma “oração” desse tipo? Acredito que todos nós! Todavia, se estudarmos as Escrituras, especialmente o Novo Testamento diligentemente e meticulosamente, iremos perceber que  não existe um texto sequer que aponte que adultério, prostituição, embriaguez e vícios de todo o tipo sejam espíritos malignos. Em contrapartida, os mesmos são classificados por Paulo em Gálatas 5.19-21 como “obras da carne”, isto é, pecados oriundos da nossa própria natureza pecaminosa, e não espíritos malignos (para inveja, que também é um pecado, e não um espírito maligno, veja 1Pe 2.1).


Augustus Nicodemus Lopes corrobora que os demônios denominados pela batalha espiritual como sendo demônios da lascívia, do ódio, da vingança, da embriaguez, da inveja e assim por diante, não aparecem no Novo Testamento. Essas coisas são, na verdade, as obras da carne mencionadas por Paulo em Gálatas 5.19-21. A solução para esses pecados não é expulsar demônios que supostamente os produzem, mas arrependimento, confissão e santificação.

Senão vejamos o que Tiago diz acerca deste assunto.
 
"Cada um, porém, é tentado pela própria cobiça [e não por demônios primariamente, porém estes podem influenciar na tentação em segundo plano] sendo por esta arrastado e seduzido. Então a cobiça, tendo engravidado, dá à luz o pecado; e o pecado, após ter-se consumado, gera a morte." - Tiago 1.14-15 (NVI)
Jesus disse:
Mateus 5.18-19 – Mas as coisas que saem da boca vêm do coração, e são essas que tornam o homem ‘impuro. Pois do coração saem os maus pensamentos, os homicídios, os adultérios, as imoralidades sexuais, os roubos, os falsos testemunhos e as calúnias. (NVI)

Paulo, por sua vez, escreve:

"Não sabem que, quando vocês se oferecem a alguém para lhe obedecer como escravos, tornam-se escravos daquele a quem obedecem: escravos do pecado que leva à morte, ou da obediência que leva à justiça?" Romanos 6.16 (NVI)

Vejamos ainda outro exemplo descrito por Paulo que irá elucidar melhor a nossa compreensão.
 
"Por toda parte se ouve que há imoralidade entre vocês, imoralidade que não ocorre nem entre os pagãos, a ponto de alguém de vocês possuir a mulher de seu pai. E vocês estão orgulhosos! Não deviam, porém, estar cheios de tristeza e expulsar da comunhão aquele que fez isso? Apesar de eu não estar presente fisicamente, estou com vocês em espírito. E já condenei aquele que fez isso, como se estivesse presente. Quando vocês estiverem reunidos em nome de nosso Senhor Jesus, estando eu com vocês em espírito, estando presente também o poder de nosso Senhor Jesus Cristo, entreguem esse homem a Satanás, para que o corpo seja destruído, e seu espírito seja salvo no dia do Senhor." 1 Coríntios 5.1-5 (NVI)

Vemos que, não somente nas cartas de Paulo, mas em todo o Novo Testamento, os escritores bíblicos enfatizam muito mais a questão de pecados da carne ao invés de espíritos malignos ou possessão, haja vista que existem casos de possessão e de espíritos malignos atuando na vida de uma pessoa. Conforme é dito no texto, um jovem que fazia parte da igreja de Corinto estava mantendo relações sexuais com a mulher de seu pai, isto é, a sua madrasta, diz Paulo.

Apesar deste pecado, o apóstolo não disse que este jovem estava possuído ou influenciado pelo espírito da imoralidade, e, tampouco, ordenou que fizessem uma oração de libertação com imposição de mãos neste jovem, mas que o entregassem a Satanás; ou seja, que ele fosse expulso da comunhão da igreja para ser disciplinado por Deus através de Satanás, se arrependesse do seu pecado e retornasse a fé. A imoralidade ou a fornicação, contudo, é um pecado grave contra o nosso corpo, que é o templo do Espírito Santo (veja 1 Cor 6.18-20).

Entretanto, apesar do adultério, prostituição ou fornicação, embriaguez, vícios e inveja serem pecados da carne, contudo, a pessoa que prática estes pecados pode vir dar ocasião aos espíritos malignos para atuarem em sua vida, uma vez que eles [os espíritos malignos] podem, depois que a pessoa cedeu a sua vontade pecaminosa a estes pecados, influenciá-la e escravizá-la nestes e em outros pecados.

"'Quando vocês ficarem irados, não pequem'. Apaziguem a sua ira antes que o sol se ponha, e não deem lugar ao diabo." Efésios 4.26-27 (NVI)

Concluímos, então, que, as supostas “orações de libertação” que muitos pastores e cristãos fazem expulsando os espíritos do adultério, prostituição, embriaguez e dos vícios, e o também famoso espírito da depressão [que é um transtorno ou uma doença mental, e não um espírito maligno] é antibíblico e, portanto, uma prática que deve ser diametralmente rejeitada.

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Nota:  
1. Augustus Nicodemus Lopes. O que você precisa saber sobre Batalha Espiritual, pág 69.
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Fonte: Bereianos



terça-feira, 25 de novembro de 2014

Erros de interpretação da Bíblia: batismo com fogo.



Neste vídeo, o Pastor Marcos Granconato mostra o erro de interpretação em Mateus 3:11 que muitos cometem ao atribuir o "batismo com fogo" a uma nova experiência sobrenatural do Espírito. Assista e tire suas conclusões:





sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Apologética Reformada e a Heresiologia - qual a vantagem?






A defesa da fé no arraial Reformado está voltada para duas áreas mais especificas. No debate doutrinário com arminianos; A natureza da eleição, depravação total, etc, faz com que os que defendem o sistema Reformado se envolvam muito nesse debate. Depois, o Reformado discute no campo filosófico, aí voltado mais para o ateísmo, gira em torno se é de fato verdadeira a negação de Deus por parte dos ateus. No mais, especialmente no Brasil – os Reformados não se preocuparam muito com as seitas e falsas religiões no decurso dos anos. Com a raríssima exceção de trabalhar contra as práticas sincretistas do neopentecostalismo, os Reformados no Brasil dependem muito do trabalho de apologistas de outros segmentos evangélicos. Os pentecostais tradicionais produziram farto material a respeito das seitas, e institutos para-eclesiásticos quase que assumiram essa guerra nas últimas décadas.
Apesar de que desde o advento da internet muitos Reformados tenham trabalhado bem com a defesa da fé, vez por outra confrontando os movimentos heréticos tradicionais, ainda notamos que o material é dependente de pesquisas de outros, ou mesmo o conteúdo não reflete tanta pesquisa quando comparado com a defesa dos cinco pontos do calvinismo.
A Teologia Sistemática de Franklin Ferreira e Alan Myatt é uma raridade que deve ser apreciada. Em quase todos os capítulos, os autores (parece que Myatt seja o autor especifico dessas partes) interage o foco doutrinário com o que as seitas e falsas religiões ensinam a respeito. Não é incomum a citação das principais seitas, como Adventismo, Jeovismo, Mormonismo e Espiritismo (e também suas versões afros), receberem atenção específica. Além de religiões animistas, orientais, bem como o Catolicismo e o Islamismo. Fora essa obra erudita, percebemos que o material a respeito de como trabalhar com as seitas, tendo uma perspectiva Reformada, é algo escasso em nosso território nacional.

Qual a diferença?

Visto que os problemas com as seitas são no campo ortodoxo histórico - em contrapartida com todas as denominações cristãs, que diferença há entre ser munido de uma apologética Reformada? Existe uma vantagem significativa, não necessariamente no esquema geral, mas nas bases, os pressupostos, que levam a formar o conteúdo, a sua eficácia e qualidade. Vou citar alguns exemplos para que você entenda o que estou querendo dizer, usando assuntos selecionados.

1º Profetismo/Apostolado/Papismo: O Apologista Reformado leva o “somente a Escritura” até as suas últimas consequências, quer essas sejam latentes ou patentes. Com base na Bíblia (II Tm 3.15-17), sabemos que ‘cessaram aqueles antigos modos de Deus revelar a sua vontade’ (CFW cap. I). Portanto, nosso debate com os Mórmons, Adventistas, Católicos, Tabernáculo da Fé, é na base fundamental da heresia, não em seus efeitos ou evidências. Um apologista pentecostal precisará, evidentemente, sofrer com decepções proféticas dentro de seu movimento, pois existe em ambos os sistemas falsas profecias e acertos. Depois, ele ainda terá que perceber que seus argumentos serão semelhantes a respeito do chamado ‘graus de inspiração’ – que algumas seitas usam também, onde diz que a inspiração atual é menor que a Bíblia! Para o Apologista Reformado, se certa profecia de um líder herético deu certo ou não, não resolverá finalmente a questão, já que para ele, não é isso que está em jogo, mas sim a suficiência da Escritura.

2º Salvação/Méritos/Sacramentos: Nesse caso, o Apologista Reformado está em evidente segurança, pois não há nada, na construção confessional Reformada, que dependa de alguma ação humana para ser salvo – nem mesmo o sim do pecador ou a sua perseverança, que infelizmente, acaba desbocando em alguma impressão de virtude no indivíduo. Nem mesmo o fato de estar em uma Igreja Reformada, determina ao Apologeta Reformado se certo individuo está ou não salvo. O salvo deve estar em Cristo, e o que assegura isso é a eleição, não a decisão humana, méritos, decisões, etc (Rm 11.6). Assim, quando um Mórmon diz para um reformado que ele deve receber o batismo para ser salvo, essa afirmação está inócua e prejudicada, pois a Bíblia ensina outra coisa - anteriormente, no tempo e no espaço quem decidiu a salvação ou não dos que seriam batizados, se eles estão em Cristo é por decisão soberana* (Ef 1.1-11). Isso eleva a questão da Igreja Invisível a um patamar real e verdadeiro. ‘Deus sabe os que lhe pertence’, pois os introduziu em Cristo. Insistir com um Reformado a respeito de uma igreja verdadeira visível, é chover no molhado, visto que o Reformado sabe que a Igreja verdadeira é algo invisível, e está no rol de membros do céu, os tais foram lavados por Cristo de fato e de verdade. O que piora o discurso herético, é que a fé Reformada reconhece que todas as igrejas fieis possuem erros, mas esses erros não podem ser de caráter essencial, pois assim, deixam de ser ‘igrejas verdadeiras’ e passam a ser seitas, sinagogas de Satanás.

[*As seitas são racionalistas, em sua maioria esmagadora. E como tal, não raro, preferem caminhar com o livre-arbítrio como pressuposto. Na verdade, nem todas podem ser classificadas como “arminianas clássicas”, flertam mais com o semi-pelagianismo do que com o arminianismo. E não é incomum rejeitarem a doutrina da imputação da Queda.]

3º Deus/Atributos: O Deus Bíblico é Trino, e ninguém mais que os Reformados preservam a doutrina da Trindade, conforme delineada nos credos históricos, como o Reformado. Outros podem até ser semelhantes, mas melhor compreensão da Trindade não existe:
Pergunta 8: “Há mais de um Deus? Resposta: Há um só Deus, o Deus vivo e verdadeiro (Dt. 6. 4; Jr 10. 10; I Co8. 4).”
Pergunta 9: “Quantas pessoas há na divindade? Resposta: Há três pessoas na divindade: O Pai, o Filho e o Espírito Santo; estas três pessoas são um só Deus verdadeiro e eterno, da mesma substância, iguais em poder e glória, embora distintas pelas suas propriedades pessoais” (Mt 3. 16-17; Mt 28.19; II Co 13. 13; Jo 10. 30).”  
(Catecismo Maior de Westminster) 

Percebemos que o modelo reformado reflete os Credos Históricos da Trindade.

Com isso, o Apologeta Reformado já sabe que os Mórmons, Testemunhas de Jeová, etc, não falam com o mesmo Deus em mente, causando assim um descompasso total na avaliação de quem É Deus e de tudo que revelou de Si na Escritura. O Reformado sabe que os tais oferecem um falso deus. Além disso, com a perspectiva correta da doutrina da trindade, o Apologeta Reformado vai rapidamente identificar caricaturas, e não uma definição exata.

O Deus Bíblico - da Fé Reformada - também é um ser ilimitado no conhecimento, no domínio, no tempo e no espaço, e mesmo assim a Fé Reformada diz que Deus é “simples” e pessoal. Neste ponto, as seitas deixam de lograr disputa. Um deus que não sabe de tudo, como é dos Testemunhas de Jeová; um deus complexo como o é dos Espíritas; três espíritos corporalmente distintos sendo Deus como ensina o Adventismo; três deuses sendo que dois tendo corpo e um não, como ensinam os Mórmons, não pode ser o Deus da Escritura. A Fé Reformada ensina como diz a Bíblia:
Pergunta 07: “Quem é Deus? Resposta: Deus é Espírito (4.24), em si e por si infinito em seu ser (I Rs 8.27), glória, bem-aventurança e perfeição (Ex 3. 14); todo-suficiente (At 17.24, 25), eterno (Sl 90.2), imutável (Ml 3.6), insondável (Rm 11.33), onipresente (Jr 23.24), onipresente (Ap 4.8), infinito em poder, (Hb 4.13), sabedoria (Rm 16.27), santidade ( Is 6.3), justiça ( Dt 32.4), misericórdia e clemência, longânimo e cheio de bondade e verdade”( Ex. 34.6).”
(Catecismo Maior de Westminster)

4º Vida Cristã: em um quarto campo está o debate a respeito de como a vida cristã é exercida. Mais uma vez o Apologeta Reformado tem uma vantagem. Quando dizemos o lema protestante que “A Bíblia é a nossa única regra de fé e prática”, isso é verdadeiro em nosso caso. A Bíblia inteira, e não o apenas o Novo Testamento! Claro, é o Novo que interpretou e cumpriu o Velho, mas não estamos reféns como estão os dispensacionalistas, que cedem campo considerável para algumas seitas, especialmente os Adventistas, a criticarem virtualmente essa posição. O Novo Testamento usou os Dez Mandamentos, expandindo, melhorando, substituindo, mas nunca rejeitando. O Espírito Santo demonstrou isso quando várias vezes usou o decálogo e/ou o VT, como fonte de instrução para a Igreja na Nova Aliança (Ef 6.1, 2, 3). Com a mesma certeza, para o Apologeta Reformado o Novo Testamento revelou luz maior - notamos que o Senhor Jesus substituiu Moisés e Arão, os apóstolos substituíram os profetas, A Igreja substituiu Israel, o Batismo substituiu a Circuncisão, a Santa Ceia substituiu a Páscoa e o domingo substituiu o sábado, o culto simples substituiu as cerimônias do VT. Nesse sentido, não abandonamos o Velho Testamento, e podemos dizer que a Bíblia é a nossa regra em seus 66 livros, enquanto interpretados pela Nova Aliança.

Conclusão

A melhor apologética contra as heresias é um bom domínio da Dogmática Reformada, isso sem via de dúvidas. Nossos irmãos de outras tradições cristãs, embora tenham feito bom trabalho, ainda sim podem estar labutando em pontos prejudicados por causa de alguns pressupostos. A cadeia de doutrinas defendidas pela fé reformada, como aponta Van Til, serve como um diagnóstico e execução (veja aqui), para identificar uma seita e destruir sofismas, pois nossas armas não são carnais mas poderosas em Deus (II co 10.5).

Fonte – Bereianos Apologética Cristã Reformada.


quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Deus está irado e com toda razão.






Eu tenho afirmado que Deus está irado com a humanidade. Mas, por que Deus está irado? Paulo diz que uma das razões pelas quais Deus está irado com a humanidade é porque os homens “detêm a verdade pela injustiça” (Romanos 1.18). O verbo “deter” deve ser entendido nesta passagem com o sentido de sufocar, reprimir, suprimir. Então, Paulo está dizendo que Deus está irado porque os homens, deliberadamente tentam sufocar e suprimir a verdade que Deus lhes transmitiu na criação, a respeito de si mesmo. Quando Deus criou todas as coisas Ele o fez de tal modo que a criação foi também revelação. 
Ao criar o homem à sua imagem e semelhança, Deus imprimiu revelação de si mesmo no ser humano. Calvino chamou isto de “senso da divindade”. Deste modo o homem já nasce com o conhecimento daquele que o fez. Trata-se de um conhecimento de Deus que é inato e inerente à constituição da alma humana. Isto significa que todas as pessoas, de todas as épocas e lugares têm uma intuição íntima de que Deus existe, e de que Ele é o seu Criador. 
Uma das evidências deste senso da divindade que Deus imprimiu no ser humano é o que Calvino chamou de “semente da religião”. Calvino ensinou que o homem é por natureza um ser religioso porque Deus plantou em seu coração a semente da religião. Em qualquer sociedade humana, de qualquer lugar, época ou cultura, haverá sempre um elemento religioso. E é exatamente esta a consciência inata da existência de Deus que tem levado todas as culturas em todas as épocas, a desenvolverem suas religiões. 

Mas Paulo ensina que além desta consciência íntima de que Deus existe, a humanidade encontrará também, no restante da criação, evidências claras de que Deus existe, e de que Ele é sábio, poderoso, rico, generoso, bondoso e amoroso. Paulo diz que “os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder, como também a sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas” (Romanos 1.20). 

É disto que o salmista está falando quando diz que “os céus proclamam a glória de Deus” (Salmo 19.1) ou “A terra, SENHOR, está cheia da tua bondade” (Salmo 119.64). Ou ainda “toda a terra está cheia da sua glória” (Isaias 6.3) Cada folha de árvore, cada inseto, cada pássaro, cada estrela do céu, ou qualquer outro elemento da criação está dizendo: “Deus existe e me criou”. A beleza de um floco de neve, o majestoso poder de uma tempestade, a habilidade de uma abelha, o paladar prazeroso de uma fruta, enfim, a diversidade, a beleza e a riqueza que contemplamos e das quais desfrutamos neste universo criado por Deus são proclamações a respeito da sabedoria, da riqueza, da bondade e da generosidade do Criador. 

Deste modo o homem já nasce com o conhecimento daquele que o criou. Todas as pessoas, de todas as épocas e lugares têm uma intuição íntima de que Deus existe, e de que Ele é o seu Criador. Além disso, fomos colocados num mundo no qual é impossível ignorar a Deus. Esbarramos Nele o tempo todo. O problema da humanidade não é não saber que Deus existe. O problema é que os homens desprezam o Deus que sabem que existe. O problema não é intelectual. O problema é moral. A humanidade odeia Deus e faz de tudo para banir Deus de sua vida. Deus está irado e com toda razão.


quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Os sonhos de Deus?





Uma pergunta dessas no século dezesseis seria absurda. Nos anais da reforma protestante encontramos discursos, tratados, sermões, confissões, catecismos e declarações de fé que vão dizer que Deus é soberano e que é o governador absoluto do universo. No entanto, vivemos momentos estreitos nas terras tupiniquins onde Deus leva porta na cara, como diz a música de uma celebridade do gospel nacional, Deus pede permissão para operar na vida de alguém. Esse não é o Deus das Escrituras! A frouxidão doutrinaria no ranço da musicalidade evangélica brasileira é repleto de heresias, desvios doutrinários e sorrateiras doses de liberalismo, libertinagem, pluralismo, hedonismo e blasfêmias a sã doutrina.
Tive o desprazer de ver algumas vezes os surtos de modinhas na música gospel no Brasil. Um tempo desses, todos cantavam sobre chuva, tudo era chuva. Depois, apaixonados por Deus, aí todo mundo cantava que estava apaixonado. E dentre tantas modas musicais no meio gospel, surge os sonhos de Deus. Eu pergunto: onde está escrito que Deus sonha? Alguém que sonha é porque não tem perspectiva do futuro, não tem domínio sobre a história, tal afirmativa diminui a soberania de Deus e o coloca como um Deus frustrado que não pode agir na criação, invalida a doutrina da providência que é o cumprimento histórico dos decretos de Deus. Se Deus sonha, então o cumprimento de seu sonho depende de quem para se cumprir? Alguém que sonha não tem poder em si mesmo desamparado por causas externas para cumprir o fato. Sei que quem tem cantado isso não acredita que existe um Deus acima de Deus, mas muitas vezes em nome da licença poética se ultrapassa os ensinos da sã doutrina, isso é muito perigoso.

A Confissão Fé de Westminster diz sobre os decretos de Deus:
Desde de toda a eternidade e pelo mui sábio e santo conselho de sua própria vontade, Deus ordenou livre e inalteravelmente tudo quanto acontece. ¹

A confissão de fé Belga nos diz:
Cremos que o Bom Deus, depois de ter criado a todas as coisas, não as abandonou nem as entregou ao acaso ou à sorte, mas as dirige e governa conforme sua santa vontade de tal maneira que, neste mundo, nada acontece sem a sua determinação. ²

É interessante notarmos aqui que o emprego da palavra sonho carrega nessas músicas um aparato semântico, ou seja, o significado de sonho aqui é idealização, aspiração por algo bom para o futuro. Vemos na Bíblia, principalmente no Antigo Testamento, alguns sonhos; o copeiro de Faraó, o próprio Faraó, Nabucodonosor. Notamos, no entanto, que os sonhos foram dados por Deus e também sua interpretação, os sonhos ali tinham um porque, Deus deu aqueles sonhos e deu a interpretação, por quê? Simplesmente porque ele domina a história, ele diz o que irá acontecer.

Vejamos alguns textos bíblicos:

"Para que se saiba desde o nascente do sol, e desde o poente, que fora de mim não há outro; eu sou o SENHOR, e não há outro. Eu formo a luz, e crio as trevas; eu faço a paz, e crio o mal; eu, o SENHOR, faço todas estas coisas. " - Isaías 45.6,7

"Ó profundidade das riquezas, tanto da sabedoria, como da ciência de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis os seus caminhos!" - Romanos 11.33

"A sorte se lança no regaço, mas do SENHOR procede toda a determinação." - Provérbios 16.33 

Portanto, Deus não tem sonhos, porque sonhar é algo puramente humano, Deus tem decretos e planos. E a Bíblia nos diz que nenhum dos seus planos pode ser frustrado (Jó 42.2). A teologia esboçada no gospel infelizmente está cheia de erros e problemas doutrinários. Infelizmente vivemos na geração que mais canta nas igrejas, mas também a mais analfabeta de Bíblia. Shows, eventos e entretenimento tomaram o lugar da meditação, do estudo, da leitura e da pregação da Palavra. Não sou contra todas as formas de entretenimento, devemos ter momentos de recreação e relaxamento, isso é bom e é bíblico, mas a verdade das Escrituras não pode ser negociada, o Senhorio de Cristo deve ser a tônica do culto, das canções e de tudo que fizermos em nossa vida. Que Deus nos ajude, minha oração é que Ele levante uma geração que ama as Escrituras Sagradas e não os prazeres que as vãs filosofias oferecem.

Sola Scriptura,  Solus Crhistus, Sola Gratia, Sola Fide, Soli Deo Gloria!

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Notas: [1] CFW, cap 3 [2] Confissão Belga, artigo 13
*** Divulgação: Bereianos


terça-feira, 18 de novembro de 2014

O efeito da eleição.





Por Andrew Gray (1634-1656)

Se Deus irresistível e eficazmente chamou a ti, dentre aqueles poucos, poucos escolhidos, os quais Ele escolheu para Si, faça com que isto te comprometa a ser ainda mais e mais santo. O Espírito da Graça não bateu em tua porta com batidas infinitamente santas, antes que tu condescendesses em abrir? Tu recusaste em obedecer, até que Ele chamou, não por três vezes, como a Samuel, mas por muitas cem vezes.
Como Ló resistiu a sair de Sodoma, até que os anjos lhe pegassem pela sua mão, e o levasse adiante, assim tu estavas relutante em deixar teus pecados, e companheiros ímpios, até que a mão do Senhor apoderou-se do teu coração. A Incondicional e Livre Graça de Deus chamou-te e deixou a outros. Ó, como isto deveria fazer com que tu admirasses o Amor de Deus, e que te empenhasses pela santidade de Deus! Quando Deus escolheu a ti, Ele deixou a outros, ele passou por milhares e dezenas de milhares no mundo, e deixou-os em sua impenitência e segurança carnal, sob a escravidão e jugo de Satanás. Considere, quão poucos são os que serão salvos, em comparação com a multidão dos que serão eternamente destruídos.

Considere que Deus deveria chamar-te com uma santa vocação, e conduzir-te para ser um deste pequeno rebanho, que está sob os cuidados do Bom Pastor Jesus Cristo. Se tu fostes escolhido e separado do restante, enquanto eles são deixados no estado de pecado para perecerem eternamente, que maravilhosa distintiva misericórdia é esta! Como isto deveria compelir-te a ser eminentemente santo.

Foste tu chamado em tua juventude? Ó, seja santo em toda maneira de viver, em retribuição ao amor de Deus que sofreu por ti [para] não golpear tua alma na velhice. É uma grandiosa misericórdia ser chamado na primeira, ou terceira, ao invés da décima primeira hora; ser chamado em tua infância e tenros dias, do que no entardecer, e à noite, e crepúsculo de teus anos. Sendo chamado cedo, tu nunca fizeste tais tristes naufrágios, nunca te envolveu em tais maldades grosseiras como outros. Tu tiveste extensa experiência da doçura da santidade, portanto, segue-a ainda. Tu foste chamado em tempos tardios? Trabalhe para fazer compensação pelas muitas horas, dias, e anos, que perdeste antes que tu fosses reconciliado com Deus. Certamente a santidade adequa-se bem a ti para sempre.

Ó, sejam santos, vós discípulos velhos, pois o seu tempo para obter graça não será longo. Ó, sejam santos, vós jovens convertidos, para vós requer-se disposição, força e vigor no caminho e no serviço ao Senhor. Suas experiências são tão pequenas; algumas provas vocês tem tido, ó, contudo desejem mais, quanto mais santidade vocês tiverem, maior doçura acharão. O mais valioso vinho encontra-se na mais baixa adega. 

Veio Cristo e estabeleceu-Se sob teu teto? Ó, seja puro e santo para que tu não aborreças a Sua alma justa. Ó, como tu deves agradá-lO, Aquele que tão sumamente honrou e favoreceu a ti! Se a filha de um camponês se casasse com um príncipe, vestiria ela os seus trapos velhos, ou comeria novamente a comida de seu antigo país? Cristo, o Príncipe da Paz, casou-Se contigo, e designou-te um valioso dote. Tu não abandonarás para sempre as vestes imundas do pecado, e menosprezarás aquelas bolotas com as quais te alimentavas antes? Talvez tu sejas tão miserável, que de ti mesmo não tenhas nada para colocar em tua cabeça, e é certo que não possuis nem um pé de terra que seja teu para sempre. Ainda assim, tu és um herdeiro, um filho, mui amado, tanto por Deus quanto pelos anjos. Todos os santos têm esta honra. Outrora tu foste um grande, um imundo pecador; ó, seja santo, pois Cristo lavou-te em Seu sangue, justificou a ti pela Sua Justiça, e santificou a ti pelo Seu Espírito, mesmo quando tu foste imundo de se olhar.

Moisés uma vez casou-se com uma Etíope, Davi tinha homens vis como seus soldados, e Cristo teve publicanos, meretrizes e pecadores por Seus companheiros. Desta forma Deus escolheu a ti, quando tu tinhas pouca moralidade, pouca ingenuidade, ou bondade natural. Tu és do número daqueles poucos que serão salvos, e tão fortemente compelidos a serem  eminentemente santos.

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Fonte: Puritan Sermons Tradução: Camila Rebeca Almeida Revisão: William Teixeira Pedrosa Via: O Estandarte de Cristo


segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Teste: sua adoração é pagã ou cristã?





“Ser humano é ser um adorador”. Essas são as palavras que abrem o excelente novo livro de Daniel Block, For the Glory of God [Para a Glória de Deus]. Homens e mulheres são adoradores inveterados. Paulo deixa isso claro em Romanos 1. Mesmo aqueles que rejeitam o simples conhecimento de Deus que pode ser percebido na ordem criada não deixam de adorar. Eles simplesmente adoram as coisas criadas, ao invés do Criador (Romanos 1.18). Dado que todos nós adoramos e nossos corações tendem a ser enganosos, é vital que nossa adoração seja moldada pelo que Deus deixou claro em Sua Palavra, não pelas nossas opiniões pessoais, experiências passadas e intuições.
Mesmo não sendo uma lista exaustiva, os 7 pontos a seguir nos ajudam a pensar de forma mais bíblica a respeito de adoração:

1. Adoração deve ser regulada de acordo com a Escritura

É importante para Deus como Seu povo O adora. A forma importa. Pergunte a Nadabe e Abiú. Nunca somos convidados a adorar Deus de formas que parecem próprias a nós mesmos. A Escritura nunca nos chama a fazer o que “parece certo” na presença de Deus. Pelo contrário, a Palavra de Deus deixa bem claro quais são os elementos nos quais consiste a nossa adoração. A pregação da Palavra, música e canto, leitura da Escritura, oração, dízimos e ofertas, confissão de pecado e os sacramentos (batismo e a Ceia do Senhor).

Em dias em que muitos cristãos agem como empreendedores espirituais, é importante se lembrar que não somos nós quem decidimos como chegar a Deus (ou nos “conectar”, “experimentar”, “encontrar” ou qualquer outra palavra que esteja na moda). Citando Block mais uma vez, “[O] objetivo da adoração autêntica é a glória de Deus, não o prazer dos seres humanos, o que significa que a forma de adoração deveria se conformar à vontade de Deus, ao invés dos desejos da humanidade caída”.

2. Adoração é a resposta à auto revelação de Deus

Nós adoramos Deus em resposta a o que Ele revelou sobre si mesmo. O cristianismo é uma religião revelada. Isso é, não podemos intuir o evangelho ou os atributos de Deus que não são claramente visíveis na ordem criada. Dessa forma, dependemos das Escrituras para verdadeiramente conhecer e adorar Deus. É por isso que Deus fez da proclamação da Palavra o centro da adoração.

3. Adoração pode ser acompanhada por afeições, mas não guiada por ela

Eu me pergunto o que se quer dizer com perguntar como “o louvor foi bom?”. Não quero ser implicante, mas podemos perceber o que cremos sobre algo pela forma com que falamos sobre isso. Me parece que a forma como avaliamos a adoração muitas vezes tem menos a ver com sua aderência à vontade revelada de Deus e mais com a profundidade das afeições (emoções) que sentimos. Certamente nossa adoração deve abordar as afeições, mas devemos sempre nos lembrar que as emoções são coisas enganosas suscetíveis a manipulação e controle externo.

4. Adoração não deve ser governada por objetivos pragmáticos

Se há uma religião não oficial entre os evangélicos de hoje, é o pragmatismo. É a ideia de que se algo funciona, então é uma coisa boa. Se sua igreja cresce, se atrai famílias jovens, se é atrativo aos jovens, se produz as emoções certas, então é bom. Mas a adoração da igreja nunca deve ser governada por preocupações tais como crescimento, preferências dos não crentes, apelo a um certo grupo demográfico ou uma experiência subjetiva.

5. Adoração é para Deus
Por mais que geralmente tomemos o cuidado para não colocar dessa forma, parece haver uma tendência de tratarmos a adoração como se fosse algo para nós. Não me entenda mal. Há grandes bênçãos na adoração a Deus. Mas mais do que isso, Deus não requer nossa adoração como se fosse algo que ele precisa de nós (Atos 17.22-25). Pelo contrário, Deus nos chama a adorá-lo por causa de seu valor essencial. Deus exigiu a libertação de seu povo do Egito para que eles pudessem adorá-lo (Êxodo 5.1). Os Salmos repetidamente chamam o povo de Deus a adorar o Senhor por quem Ele é e pelo que Ele fez. Nós adoramos Deus porque sempre é propício que a criatura adore o criador.

6. Adoração não deve ser um meio de facilitar encontros místicos com Deus

Baseado em alguns dos comentários ao meu texto anterior, fica claro que muitos cristãos creem que música e adoração tem um papel de mediação em nossa relação com Deus. Mas a adoração não nos leva (ou facilita) a um encontro com Deus. Certamente nós adoramos por vivermos coram deo (perante a face de Deus). Jesus, em sua morte e ressurreição, nos trouxe para perto de Deus. Apesar de tudo que é falado sobre essa questão, ainda não vi nada na Escritura que nos diga que a música nos leva a Deus. Jesus, nosso Sumo Sacerdote, nos levou a Deus, e não precisa de nenhuma ajuda de outras coisas para tal.

7. Adoração e obediência são inseparáveis

A Bíblia não separa pessoas de suas obras. Nem separa adoração de obediência. A primeira evidência do que está no coração não são as palavras ou as emoções, mas as obras. Na parábola da Vinha (Jesus 13.6-9), Jesus ensina que os ramos que não produzem fruto são jogados no fogo. Esse princípio é estabelecido por Deus na forma de bênçãos e maldições pactuais (Levítico 26; Deuteronômio 28). A lei moral de Deus (os 10 Mandamentos) podem ser entendidos como um chamado para viver toda a vida para a glória de Deus.
*** Nota do editor: esse texto é a continuação do texto A adoração em sua igreja é mais pagã do que cristã?
Fonte: Christianity.com
Tradução: Filipe Schulz