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quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Similaridades entre Judas Iscariotes e os apóstolos modernos.




Judas Iscariotes ficou marcado na história por ter traído a Cristo. A Bíblia diz que ele era o responsável pela bolsa, exercendo a função de tesoureiro. Por ter lidado com dinheiro, Judas foi denominado de “ladrão”, o que nos leva a supor que ele costumava apropriar-se do dinheiro arrecadado (João 12:6). Além disso, movido por um aparente espírito piedoso, Judas criticou a ação de Maria, quando esta ungiu os pés do Senhor com um precioso e caro ungüento, dando a desculpa de que o dinheiro poderia ser usado para ajudar os pobres. (João 12:3-6)

A ambição de Judas o levou ao Sinédrio, cujo intuito era fazer um acordo político com os religiosos trocando Jesus por trinta moedas de prata. (Mateus 26:14-16; Marcos 14:10-11; Lucas 22:3-6). Ao ver que o seu Mestre fora preso, Judas se abateu pelo remorso e tratou de devolver as moedas que havia recebido dos sacerdotes, os quais se negaram aceitá-las. A conseqüência direta disto foi à tragédia de sua morte.

Caro leitor, a forma com que Judas lidava com o dinheiro me faz pensar em alguns apóstolos da modernidade, que sem o menor constrangimento lançam mão do dinheiro alheio se apropriando daquilo que não lhes pertence. Tais pessoas, movidas por uma espiritualidade oca usam de subterfúgios aparentemente espirituais, dando a desculpa de que o dinheiro arrecadado é para atender aos pobres, quando na verdade o objetivo final é o enriquecimento pessoal. Nesta perspectiva, mansões são compradas, carros adquiridos, viagens são feitas e a prosperidade é alcançada. Ora, assim como Judas, os profetas da modernidade têm por Deus o seu próprio ventre, até porque, para eles o que mais importa é o dinheiro.

Pois é, o que talvez os apóstolos da modernidade não lembrem ,é que por ter amado o dinheiro mais do que a Cristo, o homem da bolsa teve um fim trágico.

Pense nisso!

Autor: Renato Vargens


terça-feira, 27 de janeiro de 2015

O que significa jogar pérolas aos cães e porcos?




Neste vídeo, o Pastor Marcos Granconato mostra a maneira correta de interpretar Mateus 7:6: "Não deis aos cães o que é santo, nem lanceis ante os porcos as vossas pérolas, para que não as pisem com os pés e, voltando-se, vos dilacerem." Assista:


Fonte - Bereianos.

 

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Águas passadas não movem moinhos?





Esse dito popular é sempre usado em resposta a algo que exige comprovação ou recordação do passado. É a mesma coisa que dizer “quem vive do passado é museu”. Será? O passado nos serve de aprendizado, para que tenhamos o mesmo ímpeto de alguém ou para que não façamos algo que nós ou alguém já fez. 

E é justamente isso o que o autor de Hebreus no capitulo 10.32-39 vai fazer para incentivar os crentes a perseverarem na fé. 


Um passado como exemplo – 32.34


O autor de Hebreus lembra aos seus leitores de quando eles foram iluminados. Provavelmente estes eram judeus convertidos, passaram por perseguições por causa da fé em Cristo, como o texto mostra, eles foram por causa de Cristo expostos como em espetáculos, em opróbio (extrema humilhação publica), tribulações (v.33). E, no inicio desta fé, eles entenderam qual era o chamado de Cristo, provavelmente o primeiro amor. Pois, passando por tais aflições sentiram alegria em perder seus bens, sabendo que o tesouro que estás no céu é incorruptível (Mt 5.10-11), ou como diz o texto, superior e durável (v. 34). 


E essa recordação da sua fé, esperança e amor em dias passados se torna a base para o seguinte apelo: “Não abandoneis, portanto, a vossa confiança; ela tem grande galardão” (v. 35). 


Um presente perseverante – 36-39 


É bem sabido que a obra da salvação não depende da ação humana, pois é uma obra totalmente de Deus. Mas, enquanto a salvação final na consumação for uma promessa, temos a necessidade de perseverança na fé, a fim de fazermos a vontade de Deus e recebermos a promessa de Deus. E qual promessa é essa? 


Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” - João 3.16


A promessa que nós temos é a vida eterna. A nossa vida não se finda aqui, ela continuará em louvor a Deus no outro lado, na eternidade. E além da promessa que receberemos, outra razão para perseverarmos é o fato de que Cristo virá: 


Porque ainda um pouquinho de tempo, E o que há de vir virá, e não tardará. Mas o justo viverá pela fé; E, se ele recuar, a minha alma não tem prazer nele” (vs. 37,38). 


A vinda de Cristo é o ápice da consumação de todas as coisas, pois todo o mal que passamos aqui, tanto físico como moral terá um fim, porque Cristo destruirá Satanás com o sopro de sua boca (2Ts 2.8) e vingará o sangue daqueles que estão debaixo do trono de Deus (Ap 6.10). 


E assim, aquele que vive pela fé, vive porque sabe do que acontecerá no fim e da promessa que nos está guardada. Mas aquele que retrocede Deus não tem prazer. E nós não somos dos que retrocedem, somos, entretanto, da fé para a conservação da alma (v.39). 


O que devemos fazer?


Devemos lembrar da obra que Cristo fez na cruz em favor de nós, nos transportando das trevas para a sua maravilhosa luz. O qual, também, fez cair as escamas de nossos olhos, revelando a impiedade em que nós vivíamos e nos livrando do juízo eterno. 


Como devemos fazer?


Assim como no passado, no inicio de nossa fé, no fervor de tudo, suportávamos os afrontamentos e confiávamos em Cristo mediante as dificuldades, também no presente devemos confiar mais em Deus. Pois, quanto mais conhecemos a Cristo sabemos quem é Deus, e se sabemos quem é Deus mais nós confiamos em Deus como nosso auxilio bem presente no dia da angústia. 


Mas, aqueles que retrocedem Deus não tem prazer neles, pois estão negando a Cristo e expondo-o ao desprezo, querendo crucificar de novo o filho de Deus.

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Fonte: Bereianos


domingo, 25 de janeiro de 2015

O propósito da disciplina na vida do cristão.






É bem verdade que muitos crentes passam por certos momentos de sua vida cometendo pecados, onde estes negligenciam os meios de graça ou disciplinas espirituais, tais, como: oração, jejum e estudo das Escrituras. Esta negligência disciplinar ocasiona o desânimo, fraqueza e tepidez espiritual. Em vista disso, Deus intervém com a disciplina para tirar o cristão de uma vida em pecado, levantá-lo do desânimo e reanimá-lo espiritualmente. O propósito da disciplina na vida do cristão é, em suma, fazer com que este cresça em santificação e viva uma vida frutífera para a glória de Deus.

Na carta aos Hebreus 12.5-6, é dito que Deus toma a iniciativa de corrigir os filhos que se desviam. No versículo 8 é mencionado que sem disciplina não somos filhos, mas bastardos. E no versículo 11 é descrito que o projeto de Deus na disciplina não é simplesmente provocar dor, [embora a disciplina produza certa dor no cristão], mas fazer com que ele viva uma vida que produza frutos que o glorifiquem. A disciplina não é contínua, pois quando o cristão se arrepende de seus pecados e os deixa, a disciplina cessa. Sendo assim, de acordo com o texto da carta aos Hebreus, senão vejamos, então:


Os Três atos da intervenção disciplinar de Deus na vida do cristão


1) Repreensão

Hebreus 12.5b – "Filho meu, não desprezes a disciplina que do Senhor". Uma repreensão é uma advertência verbal. Podemos ouvir a repreensão de Deus através da leitura das Escrituras, pelos louvores a Deus, através da exposição das Escrituras nos cultos e do convencimento do Espírito Santo individualmente em cada um.


2) Reprovação


Hebreus 12.5c – "Nem fiques desanimado quando por ele és repreendido". A reprovação é um ato mais severo na disciplina, porém, é uma reprovação amorosa de Deus que visa o bem dos seus filhos.


3) Punição


Hebreus 12.6 – "Pois o Senhor disciplina a quem ama e pune a todo que recebe por filho". C. S. Lewis disse que Deus sussurra por meio do prazer, mas grita por intermédio da dor. Deus pune severamente os seus filhos quando estes se desviam para propósitos pedagógicos.

A disciplina é um ato doloroso na perspectiva do homem, mas na perspectiva de Deus é um ato amoroso e responsável, uma vez que ele, como nosso Pai, não deseja que os seus filhos sofram em virtude dos pecados. A disciplina não é agradável nem para o filho, que a recebe, nem para o Pai, que a aplica. Entretanto, a disciplina é necessária na vida do cristão para que este seja aperfeiçoado e amadureça na graça e cresça no conhecimento de Cristo Jesus, o nosso Senhor.

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Fonte: Bereianos


sábado, 24 de janeiro de 2015

Eis o Cordeiro!






Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!” - Jo 1:29

Apesar de todos os crentes reconhecerem a centralidade da cruz para a sua fé, poucos tem dedicado algum esforço em compreender a natureza e os benefícios da expiação para suas vidas. Muitos cantam “Sim, eu amo a mensagem da cruz!”, sem se dar conta do conteúdo dessa mensagem. O versículo acima nos ajudará a compreender melhor a finalidade e os resultados da morte de Cristo. Ela também pode lançar luz a respeito de para benefício de quem ela foi designada na eternidade e realizada na história.


“Eis


Esta é a resposta divina à pergunta do angustiado Isaque: “onde está o cordeiro para o holocausto?” (Gn 22:7). Um cordeiro era necessário, pois o homem havia ofendido o Senhor com seu pecado e a justiça divina requeria uma satisfação. Mas se faltava um cordeiro, então Isaque teria que ser imolado sobre o altar. Se Jesus não viesse, o homem teria que pagar a dívida para com Deus, e sendo essa dívida impagável, ele sofreria eternamente no inferno. Por isso o “eis” de João Batista é a melhor notícia que o homem poderia receber.


“O Cordeiro de Deus


Para entendermos a profundidade dessa expressão precisamos voltar até aos dias do cativeiro de Israel no Egito, quando Deus lhes ordenou “Aos dez deste mês, cada um tomará para si um cordeiro, segundo a casa dos pais, um cordeiro para cada família. Mas, se a família for pequena para um cordeiro, então, convidará ele o seu vizinho mais próximo, conforme o número das almas; conforme o que cada um puder comer, por aí calculareis quantos bastem para o cordeiro. O cordeiro será sem defeito, macho de um ano; podereis tomar um cordeiro ou um cabrito; e o guardareis até ao décimo quarto dia deste mês, e todo o ajuntamento da congregação de Israel o imolará no crepúsculo da tarde. Tomarão do sangue e o porão em ambas as ombreiras e na verga da porta, nas casas em que o comerem; naquela noite, comerão a carne assada no fogo; com pães asmos e ervas amargas a comerão (...) Porque, naquela noite, passarei pela terra do Egito e ferirei na terra do Egito todos os primogênitos, desde os homens até aos animais; executarei juízo sobre todos os deuses do Egito. Eu sou o Senhor. O sangue vos será por sinal nas casas em que estiverdes; quando eu vir o sangue, passarei por vós, e não haverá entre vós praga destruidora, quando eu ferir a terra do Egito” (Ex 12:3-8;12-13). O pai de família deveria escolher o seu cordeiro, cujo sangue daria proteção aos membros de sua família. Jesus não é apenas um cordeiro pascal, mas o “Cordeiro de Deus, o Seu escolhido, o que morreria para com Seu sangue, livrar da morte os integrantes da família de Deus.


“Que tira o pecado"


Olhemos agora para o efeito da morte do Cordeiro. Ele “tira” o pecado. Tirar é “fazer sair, sacar, arrancar, extrair” (Dicionário Aurélio). No grego, tirar é airõ e traz a idéia de “levar embora, remover, afastar de alguém” (Strong) ou “carregar, levar para fora, levar embora” (Vine). Assim, o “remendo tira parte da veste” (Mt 9:16); “o reino de Deus vos será tirado” (Mt 24:43); Satanás “tira a palavra semeada neles” (Mc 4:15) e “não peço que os tires do mundo (Jo 17:15); etc. O sangue do cordeiro foi eficaz para livrar da morte o primogênito dos israelitas. Imagine um jovem primogênito observando seu pai colocar o sangue nas ombreiras e na verga da porta. “Será suficiente? Funcionará?”, talvez se perguntasse. Quem sabe à noite não conseguisse pregar os olhos. Mas pela manhã, quando entre os egípcios “não havia casa em que não houvesse morto” (Ex 12:30), o sangue do cordeiro bastou “para que o exterminador não tocasse nos primogênitos dos israelitas” (Hb 11:28).


A expressão “que tira o pecado” aponta para a morte penal e substitutiva do Cordeiro de Deus. A mesma palavra tirar é utilizada por Paulo para indicar que a dívida para com Deus foi cancelada na cruz, quando escreve “tendo cancelado o escrito de dívida, que era contra nós e que constava de ordenanças, o qual nos era prejudicial, removeu-o [airõ] inteiramente, encravando-o na cruz” (Cl 2:14). Portanto, ao tirar o pecado, tornou sem dívida àqueles por quem foi sacrificado, daí a profecia de  Isaías de que “Ele verá o fruto do penoso trabalho de sua alma e ficará satisfeito; o meu Servo, o Justo, com o seu conhecimento, justificará a muitos, porque as iniqüidades deles levará sobre si” (Is 53:11).


Do mundo


Considerando o que foi dito acima, sobre a finalidade e o resultado da morte do cordeiro, cabe perguntar a extensão da palavra mundo. Se mundo aqui significa “toda a humanidade sem exceção”, então o pecado de “toda humanidade sem exceção” foi tirado, vale dizer, toda a humanidade está justificada diante de Deus. Para evitar essa conseqüência, deve-se solapar a eficiência da morte vicária do Cordeiro. Mas é mais provável que mundo se refira àqueles do mundo por quem Cristo morreu e então a doutrina da morte penal e substitutiva de Cristo se mantenha em pé. O testemunho bíblico favorece essa última posição.


Começando pela primeira páscoa, vemos que o sangue do cordeiro foi designado para salvar todos e somente os primogênitos dos judeus e não de todos os moradores do Egito. Paulo ensina que “Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras” (1Co 15:3) e que “Ele o fez pecado por nós; para que, nele, fôssemos feitos justiça de Deus” (2Co 5:21). Que o nós nessa passagem não se refere a todos os homens sem exceção fica claro quando diz também “o qual se entregou a si mesmo pelos nossos pecados, para nos desarraigar deste mundo perverso, segundo a vontade de nosso Deus e Pai” (Gl 1:4), contrapondo os crentes e o mundo. Considere ainda que a Tito referiu-se à obra de Cristo dizendo que Ele “a si mesmo se deu por nós, a fim de remir-nos de toda iniqüidade e purificar, para si mesmo, um povo exclusivamente seu, zeloso de boas obras” (Tt 2:14). 


Conclusão


Considerando que a morte de Cristo foi substitutiva, que ela foi proveitosa no sentido que tirou o pecado daqueles por quem foi realizada e que a Palavra de Deus em inúmeras passagens restringe o efeito da morte de Cristo aos eleitos, devemos crer que Jesus não morreu pelos pecados de toda humanidade. Por outro lado, sendo a morte de Cristo eficaz pois alcança plenamente o resultado almejado, não devemos jamais ter medo de perecer, pois Ele já pagou por nós toda a nossa dívida.


Soli Deo Gloria


***
Fonte: Cinco Solas


sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Como posso adorar a Deus em espírito e em verdade?




 

Todo escritor precisa organizar um enredo para escrever. Esse enredo pode ser apenas mental, ou pode ser escrito. O importante é manter os temas e subtemas, os questionamentos e as respostas em uma ordem lógica que leve o leitor a entender exatamente o que se deseja mostrar através da produção escrita.
 
Quando João escreveu seu evangelho, ele certamente tinha um enredo. Seu enredo organizava os eventos que envolviam Jesus de forma que o leitor pudesse chegar à conclusão que Ele era o Cristo. João mesmo deixou esse propósito bem claro: “Jesus, na verdade, operou na presença de seus discípulos ainda muitos outros sinais que não estão escritos neste livro; estes, porém, estão escritos para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome.”[1]


Os evangelhos de Mateus, Marcos e Lucas são conhecidos como os evangelhos sinópticos. Esses evangelhos recebem esse nome pela grande quantidade de histórias em comum, relatadas na mesma sequência e, algumas vezes, utilizando exatamente a mesma estrutura de palavras para contar a mesma história. 


Lucas não foi testemunha ocular de nenhuma das histórias que escreveu em seu evangelho. Seu objetivo era relatar a Teófilo tudo quanto ouviu a respeito de Jesus, e seu trabalho assemelha-se a de um historiador. “Visto que muitos têm empreendido fazer uma narração coordenada dos fatos que entre nós se realizaram, segundo no-los transmitiram os que desde o princípio foram testemunhas oculares e ministros da palavra, também a mim, depois de haver investido tudo cuidadosamente desde o começo, pareceu-me bem, ó excelentíssimo Teófilo, escrever-te uma narração em ordem. Para que conheças plenamente a verdade das coisas em que foste instruído.”[2]


Lucas deixa bem claro que seu objetivo era fazer um relato em ordem cronológica dos eventos, assim como muitos já haviam feito. Não acredito que João tivesse a mesma intenção ao escrever seu evangelho, e a narrativa única de seu evangelho pode ser mais uma evidência de que João não construiu seu enredo com base na ordem cronológica dos eventos, mas numa ordem teológica de argumentos.

 
Uma vez que o objetivo de João era levar as pessoas a crerem em Cristo através dos relatos de sinais que identificavam Jesus como o Filho de Deus, é bem provável que seu enredo ordenasse propositadamente tais eventos. É por esse motivo que o evangelho de João é tão diferente, não só na ordem cronológica, como também na própria seleção das histórias e como elas são interligadas. 

Tendo dito isso, abordarei como a ordenação dos eventos no evangelho de João pode trazer luz à compreensão do versículo favorito da maioria dos ministros de música: “Deus procura adoradores que o adorem em espírito e em verdade”.[3]

 
João trabalha alguns temas recorrentes em seu evangelho e nas epístolas. Há fortes advertências contra os ensinos heréticos do gnosticismo e docetismo, origem dos maiores ataques contra a doutrina das igrejas em sua época. Ele relata com detalhes todos os diálogos e milagres de Cristo que mostram a sua divindade além de sua natureza humana. E ele também dá muita ênfase às mudanças que uma pessoa sofre depois da conversão. Leia sua primeira epístola e observe que esses assuntos são recorrentes; resumidamente nas epístolas, mas extensamente trabalhados em seu evangelho.

 
Quanto às mudanças sofridas pelas pessoas que se convertem, João sequencia duas conversas de Jesus de mesmo tema. A primeira é a conversa de Jesus com Nicodemos; a segunda, sua conversa com a mulher samaritana.

 
Inquestionavelmente a conversa de Jesus com Nicodemos tem ênfase na nova natureza que os filhos de Deus recebem pós-conversão, assunto que ele vem introduzindo desde a abertura de seu evangelho: “Mas, a todos quantos o receberam, aos que creem no seu nome, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus”.[4] Ele passa também pelos símbolos de novo nascimento no batismo e na transformação de água em vinho até, finalmente, narrar a conversa de Jesus com Nicodemos no capítulo 3.

 
A parte chave da conversa com Nicodemos que nos interessa é: “Jesus respondeu: Em verdade, em verdade te digo que se alguém não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus. O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito.”[5]


Acredito que a última sentença, destacada acima em negrito, pode explicar como é possível alguém adorar a Deus em espírito. 

Se João realmente estava elaborando o seu enredo privilegiando os elementos que conduzem a um pensamento ou entendimento teológico a respeito de Cristo e da nova natureza do convertido, a sequência das histórias de Nicodemos e da história da mulher samaritana é proposital. Precisamos considerar cada uma delas como parte de um todo, do entendimento que se pode ter dessas duas histórias em conjunto.

 
Quando a mulher samaritana questiona Jesus sobre qual seria o local correto para adorar a Deus, ele responde: “Vós adorais o que não conheceis; nós adoramos o que conhecemos; porque a salvação vem dos judeus. Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque o Pai procura a tais que assim o adorem”.[6]

 
Em outras palavras, o que Jesus poderia estar dizendo era que não importa o lugar onde se deve adorar, o que realmente interessa é nascer de novo, pois só quem nasce de novo não é mais carne, mas espírito; somente quem nasceu de novo nasceu do espírito e poderá adorar o Pai em espírito em qualquer lugar. 

Perceba a similaridade entre essas duas declarações de Jesus: 1) “O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito”; 2) “Deus é Espírito, e é necessário que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade.

 
Portanto, adoramos a Deus em espírito após recebermos a nova natureza espiritual na conversão e adoramos em verdade quando adoramos com sinceridade e de todo o coração. 

 
Eu vejo a ligação entre as declarações de Jesus nas histórias de Nicodemos e da mulher samaritana como um paralelismo muito profundo e intencional da parte de João. Há uma teologia muito complexa entre essas histórias, e o que está exposto neste texto é apenas um vislumbre.


Espero que você também possa ver a importância da sua conversão, do nascer de novo, de sua nova natureza espiritual, e como ela faz toda a diferença na sua adoração a Deus!

 
________
Notas: [1] João 20:30-31  [2] Lucas 1:1-4  [3] João 4:24  [4] João 1:12.  [5] João 3:6. 

[6] João 4:22-23. 



*** Fonte: Teologia et cetera


terça-feira, 20 de janeiro de 2015

O que é santidade?






Lamentavelmente, os escândalos ocorridos nas igrejas vêm confirmar nosso entendimento de que em muitos ambientes evangélicos, a santidade de vida, a ética e a moralidade estão completamente desconectados da vida cristã, dos cultos, dos milagres, da prosperidade em geral.

Uma análise do conceito bíblico de santidade destacaria uma série de princípios cruciais, dos quais destaco alguns aqui:

1) A santidade não tem nada a ver com usos e costumes. Ser santo não é guardar uma série de regras e normas concernentes ao vestuário e tamanho do cabelo. Não é ser contra piercing, tatuagem, filmes da Disney. Não é só ouvir música evangélica, nunca ir à praia ou ao campo de futebol. Não é viver jejuando e orando, isolado dos outros, andar de paletó e gravata. Para muitos, santidade está ligada a esse tipo de coisas. Duvido que estas coisas funcionem. Elas não mortificam a inveja, a cobiça, a ganância, os pensamentos impuros, a raiva, a incredulidade, o temor dos homens, a preguiça, a mentira. Nenhuma dessas abstinências e regras conseguem, de fato, crucificar o velho homem com seus feitos. Elas têm aparência de piedade, mas não tem poder algum contra a carne. Foi o que Paulo tentou explicar aos colossenses, muito tempo atrás: “Tais coisas, com efeito, têm aparência de sabedoria, como culto de si mesmo, e de falsa humildade, e de rigor ascético; todavia, não têm valor algum contra a sensualidade” (Colossenses 2.23).

2) A santidade existe sem manifestações carismáticas e as manifestações carismáticas existem sem ela. Isso fica muito claro na primeira carta de Paulo aos Coríntios. Provavelmente, a igreja de Corinto foi a igreja onde os dons espirituais, especialmente línguas, profecias, curas, visões e revelações, mais se manifestaram durante o período apostólico. Todavia, não existe uma igreja onde houve uma maior falta de santidade do que aquela. Ali, os seus membros estavam divididos por questões secundárias, havia a prática da imoralidade, culto à personalidade, suspeitas, heresias e a mais completa falta de amor e pureza, até mesmo na hora da celebração da Ceia do Senhor. Eles pensavam que eram espirituais, mas Paulo os chama de carnais (1Coríntios 3.1-3). Não estou negando as manifestações espirituais. Creio que Deus é Deus. Contudo, Ele mesmo nos mostra na Bíblia que manifestações espirituais podem ocorrer até mesmo através de pessoas como Judas, que juntamente com os demais apóstolos, curou enfermos e ressuscitou mortos (Mateus 10.1-8). No dia do juízo, o Senhor Jesus irá expulsar de sua presença aqueles que praticam a iniqüidade, mesmo que eles tenham expelido demônios e curado enfermos (Mateus 7.22-23).

3) A santidade implica principalmente na mortificação do pecado que habita em nós e em viver de acordo com a vontade de Deus revelada nas Escrituras. Apesar de regenerados e de possuirmos uma nova natureza, o velho homem permanece em nós e carece de ser mortificado diariamente, pelo poder do Espírito Santo. É necessário mais poder espiritual para dominar as paixões carnais do que para expelir demônios. E, a julgar pelo que estamos vendo, estamos muito longe de estar vivendo uma grande efusão do Espírito. Onde as paixões carnais se manifestam, não há santidade, mesmo que a ortodoxia doutrinária seja defendida ardorosamente, doentes sejam curados, línguas sejam faladas e demônios sejam expulsos. A Bíblia não faz conexão direta entre santidade e manifestações carismáticas e defesa da ortodoxia. Ao contrário, a Bíblia nos adverte constantemente contra a ortodoxia dos fariseus, contra os falsos profetas, Satanás e seus emissários, cujo sinal característico é a operação de sinais e prodígios, ver Mateus 24.24; Marcos 13.22; 2Tessalonicenses 2.9; Apocalipse 13.13; Apocalipse 16.14.

4) É mais difícil vencer o domínio de hábitos pecaminosos do que quebrar maldições, libertar enfermos, e receber prosperidade. O poder da ressurreição, contudo, triunfa sobre o pecado e sobre a morte. Quando “sabemos” que fomos crucificados com Cristo (Romanos 6.6), nos “consideramos” mortos para o pecado e vivos para Deus (Romanos 6.11), não permitimos que o pecado “reine” sobre nós (Romanos 6.12) e nem nos “oferecemos” a ele como escravos (Romanos 6.13), experimentamos a vitória sobre o pecado (Romanos 6.14). Aleluia!

5) A santidade é progressiva. Ela não se obtém instantaneamente, por meio de alguma intervenção sobrenatural. Deus nunca prometeu que nos santificaria inteiramente e instantaneamente. Na verdade, os apóstolos escreveram as cartas do Novo Testamento exatamente para instruir os crentes no processo de santificação. Infelizmente, influenciados pelo pensamento de João Wesley – que noutros pontos tem sido inspiração para minha vida e de muitos outros –, alguns buscam a santificação instantânea, ou a experiência do amor perfeito, esquecidos que a pureza de vida e a santidade de coração são advindas de um processo diário, progressivo e incompleto aqui nesse mundo.

6) A santificação é um processo irresistível na vida do verdadeiro salvo. Deus escolheu um povo para que fosse santo. O alvo da escolha de Deus é que sejamos santos e irrepreensíveis diante dele (Efésios 1.4). Deus nos escolheu para a salvação mediante a santificação do Espírito (2Tessalonicenses 2.13). Fomos predestinados para sermos conformes à imagem de Jesus Cristo (Romanos 8.29). Muito embora o verdadeiro crente tropece, caia, falhe miseravelmente, ele não permanecerá caído. Será levantado por força do propósito de Deus, mediante o Espírito. Sua consciência não vai deixá-lo em paz. Ele não conseguirá amar o pecado, viver no pecado, viver na prática do pecado. Ele vai fazer como o filho pródigo, “Levantar-me-ei e irei ter com o meu Pai, e lhe direi: Pai, pequei contra o céu e diante de ti” (Lucas 15.18). Ninguém que vive na prática do pecado, da corrupção, da imoralidade, da impiedade, – e gosta disso – pode dizer que é salvo, filho de Deus, por mais próspero que seja financeiramente, por mais milagres que tenha realizado e por mais experiências sobrenaturais que tenha tido.

Precisamos de santidade! E como! E a começar em mim. Tenha misericórdia, ó Deus!

***
Fonte: Augustus Nicodemus, via Facebook



segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Alerta aos Reformados sobre a santidade de vida.






Amo a literatura produzida pelos antigos puritanos. Sólida, bíblica, profunda, muito pastoral e prática. A santidade defendida e pregada pelos puritanos aqueceu meu coração, quando eu era novo convertido, e se tornou o ideal que eu decidi perseguir até hoje. Um breve resumo do pensamento puritano sobre a santidade está na Confissão de Fé de Westminster, no capítulo “Santificação”:

I - Os que são eficazmente chamados e regenerados, tendo criado em si um novo coração e um novo espírito, são além disso santificados real e pessoalmente, pela virtude da morte e ressurreição de Cristo, pela sua palavra e pelo seu Espírito, que neles habita. 
II - Esta santificação é no homem todo, porém imperfeita nesta vida; ainda persistem em todas as partes dele restos da corrupção, e daí nasce uma guerra contínua e irreconciliável - a carne lutando contra o espírito e o espírito contra a carne.
III - Nesta guerra, embora prevaleçam por algum tempo as corrupções que ficam, contudo, pelo contínuo socorro da eficácia do santificador Espírito de Cristo, a parte regenerada do homem novo vence, e assim os santos crescem em graça, aperfeiçoando a santidade no temor de Deus.

Era esse conceito de santificação que eu gostaria de ver difundido como sendo o conceito reformado. Como sempre existe alguma confusão sobre este assunto, apresento aqui algumas reflexões adicionais sobre o tema da santidade.

(1) A santidade deve ser buscada ardorosamente sem, contudo, perder-se de vista que a salvação é pela fé, e não pela santidade – Muitos reformados tendem à introspecção e a buscar a certeza da salvação dentro de si próprios, analisando as evidências da obra da graça em si para certificar-se que são eleitos. Se a busca contínua pela santidade não for feita à luz da doutrina da justificação pela graça, mediante a fé, levará ao desespero, às trevas e à confusão. Devemos buscar ser santos olhando para Cristo crucificado e morto pelos nossos pecados. Somente conscientes da graça de Deus é que podemos prosseguir na santificação, reconhecendo que esse processo é evidência da salvação.

(2) A santidade não se expressa sempre da mesma forma; ela tem elementos culturais, temporais e regionais – Sei que não é fácil distinguir entre a forma e a essência da santidade. Para mim, adultério é pecado aqui e na China, independentemente da visão cultural que os chineses tenham da infidelidade conjugal. Contudo, coisas como o uso do véu pelas mulheres me parecem claramente culturais. Quero insistir nesse ponto. A santidade pode se expressar de maneira contemporânea e cultural, não está presa a uma época ou a um local. Reformados modernos devem resistir a tentação de recuperar o estilo dos antigos puritanos da Inglaterra, Escócia, Holanda e Estados Unidos. 

(3) A santidade pessoal pode existir mesmo em um ambiente não totalmente puro – Chega um momento em que devemos nos separar daqueles que se professam irmãos, mas que vivem na prática da iniqüidade (1Coríntios 5). Contudo, creio que há um caminho a ser percorrido antes de empregarmos a separação como meio de preservar a santidade bíblica. Os crentes são chamados a se separar de todo mal, inclusive dos pecadores (Salmo 1). Mas a separação bíblica é bem diferente daquela defendida por alguns reformados modernos, que têm dificuldade de conviver inclusive com outros reformados dos quais discordam em questões que considero absolutamente secundárias. Não é fácil, mas teoricamente posso ser santo dentro de Sodoma e Gomorra. Posso ser santo na minha denominação, mesmo que ela abrigue gente de pensamento divergente do meu. 

(4) A santidade pode ocorrer mesmo onde não haja plena ortodoxia – Por incrível que pareça, a tolerância e a misericórdia marcaram os puritanos ingleses do século XVII. Foi somente a fase posterior do puritanismo que lhe deu a fama de intolerância. John Owen, o famoso puritano, pregou em 1648 um extenso sermão no Parlamento Britânico, na Câmara dos Comuns, intitulado “Sobre Intolerância”, no qual defendeu, mais uma vez, a demonstração do amor cristão e a não-intervenção dos poderes governamentais nas diferenças de opiniões eclesiásticas (Works, VIII, 163-206). Para mim, a graça de Deus é muito maior do que imaginamos e o Senhor tem eleitos onde menos pensamos. Assim, creio que exista santidade genuína além do arraial reformado. Não estou negando a relação entre doutrina correta e santidade. O Cristianismo bíblico enfatiza as duas coisas como necessárias e existe uma relação entre elas. Contudo, por causa da incoerência que nos aflige a todos, é possível vivermos mais santamente do que a lógica das nossas convicções teológicas permitiria. Cito o famoso puritano John Owen mais uma vez:

“A consciência de nossos próprios males, falhas, incompreensões, escuridão e o nosso conhecimento parcial, deveria operar em nós uma opinião caridosa para com as pobres criaturas que, encontrando-se em erro, assim estão com os corações sinceros e retos, com postura semelhante aos que estão com a verdade” (Works, VIII, 61).

Acredito que a teologia reformada é a que tem melhores condições de oferecer suporte doutrinário para a espiritualidade, a santidade e o andar com Deus. Os reformados brasileiros são responsáveis por mostrar que a teologia reformada é prática, plena de bom senso, brasileira e cheia de misericórdia.

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Fonte: Rev. Augustus Nicodemus, via Facebook


sábado, 17 de janeiro de 2015

9,5 Teses contra as indulgências do Neopentecostalismo.






1. Não aceite bençãos, curas e milagres em troca de um "sacrifício" financeiro, seja ele de R$1,00 ou R$1.000,00... Cristo já fez o Sacrifício... conforme o cristianismo bíblico, todo o que se "sacrifica" ou paga penitência para conquistar algo em Deus, seja da forma que for, nega o sacrifício de Cristo na cruz. Cristianismo é descansar em Deus e não se sacrificar por Ele. Aquele que se sacrifica faz algo inútil e repulsivo aos olhos de Deus. (Oséias 6.6 / Hebreus 10.8)

2. Não existem objetos consagrados, óleos ungidos, orações fortes ou qualquer prática litúrgica que possa produzir um milagre. O cristianismo rejeita qualquer objeto ou forma visível para se chegar a Deus. O único caminho é a Fé em Cristo Jesus (que é o Caminho, a Verdade e a Vida), pois como diz a Bíblia: o justo viverá por Fé. (Romanos 1.17) Diz também: Ora a Fé é a certeza das coisas que não se vêem (Hebreus 11.1)... portanto, se você está vendo e nisso está sua certeza... isso não é Fé... isso não é cristianismo.

3. Não existem lugares santos para o cristianismo, nem Jerusalém, nem Israel, nem o monte Sinai, nem mesmo as igrejas (o mesmo serve para símbolos, sagrado somente o corpo, pois é Templo do Espírito Santo)... você não precisa ir a um lugar específico, enviar uma carta para uma fogueira em Israel ou para um morro na sua cidade... Deus não habita em lugares contruídos por mãos humanas. Igreja é sim, um lugar de reunião daqueles que servem, buscam e relacionam-se com Deus, não a Casa Dele, portanto, ninguém é obrigado a ir a uma igreja, mas na igreja você conhece aqueles que têm a mesma fé. (João 4.21-23 / Atos 7.48, 17.24)

4. Não acredite naqueles que afirmam ser sua igreja melhor que a outra... igreja não leva a Deus, religião alguma leva a Deus, pastor algum tem esse poder... o que leva a Salvação é o reconhecimento de que Deus é Deus, Cristo é seu filho e foi ressucitado por Ele... ser cristão é ser fiel a Deus e sua Palavra (Bíblia), não à instituições religiosas. (João 14.6)

5. Não acredite em pastores que podem "exigir" e "determinar" que Deus faça alguma coisa por você e que pedem algo em troca para fazer isso... Deus não obedece a homens. Deus ama o homem, não o explora. Nunca dê o que você não tem para dar... Cristo já deu a vida por você nada que você der poderá pagar isso.

6. Não é errado o dízimo nem a oferta, mas isso não pode servir de extorsão religiosa... o dízimo e a oferta devem ser voluntárias e para manutenção da igreja e dos necessitados (está na Bíblia e na Constituição Federal Brasileira, distorcer isso é crime e pecado)... se alguém dá oferta ou dízimo porque espera receber alguma coisa em troca é ignorante, pois conforme ensina o genuíno cristianismo, aquele que dá, dê sem nada esperar (o que tua mão direita der, a esquerda não veja)... o que assim não pensa, não conhece a Cristo nem a Bíblia... se algum pastor diz que você precisa ser "fiel" na oferta e no dízimo para que Deus seja "fiel" com você... é porque lhe nega a palavra que diz: o homem pode ser infiel, mas Deus permanece fiel pois não pode ir contra sua natureza. (2 Timóteo 2.13), a fidelidade de Deus não fundamenta-se num relacionamento de troca de favores, Deus o ama, independente de quem você é, como você é de quanto você tem.

7. Nenhum homem está livre de errar, inclusive os pastores, se algum pastor diz não ter pecados ou garante estar com ele toda a razão e que somente a ele Deus ouve... é mentiroso, a própria Bíblia o condena por tal atitude. (Romanos 3.23). A Palavra de Deus liberta o homem e não o aprisiona em doutrinas e ordenanças que de nada servem para aproximar o homem de Deus, mas sim, reduzí-lo a uma condição de escravidão a líderes que parecem ovelhas, mas que na verdade são lobos. Deus não se agrada daqueles que o temem seguindo apenas doutrinas humanas.... agrada-se daqueles que fazem a Sua vontade.

8. Uma pessoa não é abençoada porque é rica, é abençoada porque tem a Cristo... se algum pastor lhe promete riquezas sem fim e ainda utiliza-se de passagens bíblicas para isso... é mentiroso, vendedor da graça e maldito. O genuíno cristianismo NÃO promete riquezas nessa vida, mas sim, vida eterna e na glória do porvir. Se algum pastor só prega riquezas ele não serve a Deus, mas a Mamom*. (Mateus 6.24 / Marcos 10.23-24)
*deus do dinheiro; daquele que ama o dinheiro.

9. Não acredite em pastores que dizem que se você for para a igreja dele você nunca mais terá problema, pois disse Jesus: No mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, pois eu já venci o mundo. (João 16.33) Aceitar a Cristo não é garantia de que nada de mal vai lhe ocorrer, mas a garantia de que você tem a vida eterna, se algum cristão julga serem as coisas do mundo mais preciosas que a vida eterna não é cristão... é nada... pois ainda que fosse ateu haveria mais misericórida para ele, mas pelo contrário, diz crer em Deus e rejeita toda Sua glória incorruptível por uma glória corruptível e passageira.

0,5. Para não ser enganado por um vendedor, leia o contrato, Para não ser enganado por um "pastor", que não liga muito para as suas ovelhas, leia a Bíblia. (Mateus 22.29)

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Daniel Clós Cesar

Fonte - Bereianos Apologética Cristã.


quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Pastores x Lobos - breve diagnóstico diferencial.






Pastores e lobos tem algo em comum: ambos se interessam por ovelhas, gostam e vivem perto delas. Assim, muitas vezes, pastores e lobos nos deixam confusos ao tentarmos saber quem é quem. Isso porque os lobos desenvolveram uma astuta técnica para se disfarçarem de ovelhas interessadas no cuidado de outras ovelhas.

Parecem ovelhas, mas são lobos. No entanto, não é difícil distinguir entre pastores e lobos. O discernimento não é um expediente passivo como dom dado a poucos indivíduos, mas é importante arma de defesa que deve ser exercitada.


Observe estes comparativos, e tire suas próprias conclusões:


Pastores buscam o bem das ovelhas. Lobos buscam os bens das ovelhas.

Pastores gostam de convívios. Lobos gostam de reuniões.

Pastores vivem à sombra da cruz. Lobos vivem sob os holofotes.

Pastores choram por suas ovelhas. Lobos fazem suas ovelhas chorar.

Pastores possuem autoridade espiritual. Lobos são autoritários e dominadores.

Pastores têm esposas. Lobos tem coadjuvantes.

Pastores tem fraquezas. Lobos são poderosos.

Pastores olham nos olhos. Lobos contam cabeças.

Pastores apaziguam as ovelhas. Lobos as intrigam.

Pastores possuem senso de humor. Lobos se levam a sério.

Pastores são ensináveis. Lobos são donos da verdade.

Pastores colecionam amigos. Lobos possuem admiradores.

Pastores se extasiam com o ministério. Lobos aplicam técnicas religiosas.

Pastores se relacionam com outros pastores. Lobos competem entre si.

Pastores são pastoreados por mentores. Lobos rejeitam o pastoreamento de suas almas.

Pastores vivem o que pregam e pregam o que vivem. Lobos pregam o que não vivem.

Pastores vivem de salários e recursos que lhe são repartidos. Lobos enriquecem.

Pastores ensinam com a vida. Lobos pretendem ensinar com discursos.

Pastores sabem orar no secreto. Lobos gostam e só oram em publico.

Pastores vivem para suas ovelhas. Lobos se abastecem das ovelhas.

Pastores são humanos, reais. Lobos são personagens religiosos, caricaturas.

Pastores vão para o púlpito. Lobos vão para o palco.

Pastores são apascentadores. Lobos são marqueteiros.

Pastores são servos humildes. Lobos são chefes orgulhosos.

Pastores se interessam pelo crescimento das ovelhas e da ovelha. Lobos se interessam pelo crescimento das ofertas.

Pastores apontam para Cristo e sua cruz. Lobos apontam para si e para as instituições religiosas, ou, seus impérios religiosos.

Pastores são usados por Deus. Lobos usam as ovelhas em nome de Deus.

Pastores falam da vida cotidiana. Lobos discutem o sexo dos anjos e etc…

Pastores se deixam conhecer. Lobos se distanciam e se escondem.

Pastores sujam os pés na estrada. Lobos vivem em palácios e templos.

Pastores alimentam as ovelhas. Lobos se alimentam de ovelhas.

Pastores buscam a discrição. Lobos buscam a auto-promoção.

Pastores conhecem, vivem e pregam a graça. Lobos vivem sem lei e pregam a lei.

Pastores usam as escrituras como texto. Lobos as usam como pretexto pra tudo.

Pastores se comprometem com o projeto do reino. Lobos tem projetos pessoais.

Pastores vivem uma fé encarnada. Lobos vivem uma fé mística-espiritualizada.

Pastores ensinam as ovelhas a se tornarem adultas. Lobos perpetuam a infantilidade das ovelhas.

Pastores lidam com a complexidade da vida sem respostas prontas. Lobos lidam com técnicas pragmáticas e jargões religiosos.

Pastores confessam seus pecados. Lobos expõe os pecados dos outros.

Pastores pregam O Evangelho. Lobos fazem propaganda de um evangelho.

Pastores são simples e comuns. Lobos são vaidosos e especiais.

Pastores lideram igrejas-comunidades. Lobos lideram igrejas-empresas.

Pastores pastoreiam as ovelhas. Lobos seduzem as ovelhas.

Pastores sabem dividir poder com outros pastores. Lobos não dividem poder com ninguém.

Pastores trabalham em equipe. Lobos são prima-donas e exercem monopólio.

Pastores ajudam as ovelhas seguirem livremente a Cristo. Lobos geram ovelhas dependentes e seguidoras deles próprios.

Pastores constroem vínculos de interdependência. Lobos aprisionam em vínculos de co-dependência.

Pastores se ocupam de pessoas e pregam A Palavra. Lobos se ocupam com coisas e pregam idéias.

Bem, os lobos estão entre nós e em nós.

Que o Espírito de Deus nos ajude a discernir quem é quem, e a sermos quem Ele quer que sejamos.

Autor: Osmar Ludovico.

Fonte - Bereianos Apologética Cristã.



quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Pode o homem cooperar com sua salvação?





Preliminarmente
A cada ano verifica-se o quanto a Igreja está se distanciando das “Antigas Doutrinas da Graça”, tão caras e defendidas pelo apóstolo Paulo, Agostinho de Hipona, os reformadores Lutero e Calvino, George Whitefield, David Brainerd, William Carey (pai das missões modernas), J. I. Packer, John Stott; e, porque não citar também, o “incansável defensor da fé evangélica, o Arcebispo Thomas Bradwardine de Canterbury, durante o século 14” e tantos outro(a)s.
Confira em sua Bíblia o que nos diz Oséias.4:6. Talvez parte deste afastamento e falta de conhecimento se deva a uma influência pragmática em que o valor está no resultado que dá certo, mesmo que não seja correto; e mesmo uma filosofia relativista onde o “homem é a medida de todas as coisas” (Protágoras-481 a.C.).
Vivenciamos uma triste realidade em que já não vemos e ouvimos em nossas Igrejas doutrinas tais como “pecado original”, “depravação total”, “graça”, “juízo final”, “justificação pela fé”, “soberania divina”,... Mas, ao invés de tais ensinos bíblicos, somos obrigados a ver o povo deixando-se iludir por sermões sobre “vida cristã” com apelos emocionalistas, inúmeras estórias, testemunhos e nenhuma doutrina. Nada de ensino expositivo. Acarretando no fato desses membros necessitarem de mais e mais “alimento” pois não ficam nutridos e satisfeitos com o “feno e a palha” que lhes são oferecidos. Ou seja, eles estão indo cada vez mais ao “shopping” da fé, dia após dia, semana após semana atrás de “ventos de doutrinas” e “ensinos de demônios”, tornando-se assim presas fáceis de embusteiros e profissionais da fé. Sem contar que ficam expostos a vendas de ilusões como apregoadas pela pretensa “teologia da prosperidade” e um “neo-pentecostalismo” que se assemelha mais com cultos espíritas.
E considerando que nossa Diocese, este ano, tenha escolhido o tema: “2004 – Ano do Evangelismo: Convertidos em Cristo, Edificando a Igreja, Transformando o Mundo”, penso que a doutrina bíblica e reformada da DEPRAVAÇÃO TOTAL deve estar no cerne de nossas mensagens, pois, com certeza, como a entendemos e cremos irá influenciar no método que utilizaremos para a evangelização.
Façamos a seguinte pergunta: Pode o homem cooperar com Deus em sua salvação? Se a resposta é sim, então podemos admitir que o propósito de Deus em salvar o homem pode ser frustrado. Mas, se a resposta é não, compreenderemos melhor o conceito de Graça e a razão do porque somente através dela somos salvos, uma vez que “Ele (Deus) nos deu vida, estando nós mortos nos nossos delitos e pecados” (Ef.2:1).
A Bíblia e todas as Confissões de Fé Reformadas são unânimes em afirmar que, depois da Queda, todo homem (no sentido de humanidade de acordo com Gn.1:26-27) tornou-se INCAPAZ de querer qualquer bem espiritual que agrade a Deus. Significando que este homem não possui mais nenhuma disposição (LIVRE-ARBÍTRIO) de voltar-se, por si mesmo, à comunhão com Seu Criador, pois devido ao pecado original, esse homem “não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque lhe são loucuras; e não pode entendê-las porque elas se discernem espiritualmente” (I Co.2:14).
Quem reflete muito bem isso é Charles Spurgeon, mais conhecido como “O Príncipe dos Pregadores”; quando afirma: “a liberdade não pode pertencer ao arbítrio como a ponderação não pode pertencer à eletricidade... Podemos crer em agente livre, porém o livre-arbítrio é simplesmente ridículo”.
Logo, o homem após a Queda não perdeu sua capacidade de fazer coisas boas, de fazer escolhas como uma profissão, o time que deve torcer, optar em ser honesto, altruísta etc. Contudo, nenhuma dessas coisas tem mérito em si mesmas, quando se deveria buscar sempre a Glória de Deus. Assim, tudo isso se torna apenas aspecto secundário da vida humana. O homem permaneceu responsável pelos seus atos, mas está escravo do pecado rejeitando a Deus e tudo o que é do Seu agrado e Louvor. Devemos urgentemente, “enquanto é dia” (Jo.9:4), retornar para essa sã doutrina, que resulta de acurada e apropriada teologia bíblica.
O procedimento metodológico aqui adotado, nada mais é, que minha confessionalidade nas Sagradas Escrituras como Palavra de Deus autoritativa e infalível em seus ensinos numa linguagem humana (II Tm.3:16), bem como nos XXXIX Artigos de Religião e demais Confissões Reformadas, limitando-as em seu valor e autoridade só até onde confirmem o ensino bíblico.
Sei o quanto essa doutrina tem gerado acalorados debates ao longo da História do Cristianismo, vide, por exemplo, Agostinho de Hipona e Pelágio, Lutero e Erasmo de Roterdã, Calvinistas e Arminianos (Sínodo de Dort). Contudo, não tenho a pretensão de pormenorizar cada ponto, muito menos esgotar esse assunto e ter assim a última palavra.
Meu objetivo principal é promover um pouco de esclarecimento bíblico ao Povo de Deus em nossa DAR, considerando que somos uma Igreja que se confessa Reformada. Portanto, daí o desafio de resgatarmos as doutrinas reformadas, num momento particular em que estamos enfrentando, a ponto de a Palavra de Deus começar a ser minimizada, questionada e reduzida num meio de um “areópago” de ensinos humanos e em meio a uma “Babel” de linguagens desconstrucionistas, conflitantes e refém do pensamento do século (Cl.2:8).



I – A SITUAÇÃO DO HOMEM ANTES DA QUEDA


Após ter Deus realizado a magnífica obra da Sua Criação, conforme o registro em Gn.1:1-25, resolveu que o Jardim do Éden, e tudo mais, deveria ser desfrutado e governado por uma criatura, cuja criação deveria ser à Sua Imagem e Semelhança, possuindo tanto a capacidade de escolher como viver a verdadeira liberdade.
Santo Agostinho afirmou que esse homem fora criado, posse non peccare, ou seja, capaz de não pecar. O homem assim veio a existir no tempo e na história, em um estado de integridade, como nos revela o Sábio em Eclesiastes.7:29 quando nos diz: “Deus fez o homem reto...”. Portanto, podemos concordar com o ensino claro da Escritura que o homem foi criado de forma perfeita em termos morais, e isso é ratificado pela Confissão de Fé de Westminster no capítulo IV – Da Criação – seção II:
“Depois de haver feito as outras criaturas, Deus criou o homem, macho e fêmea, com almas racionais e imortais, e dotou-os de inteligência, retidão e perfeita santidade, segundo sua própria imagem, tendo a Lei de Deus escrita em seus corações e o poder de cumpri-la, mas com a possibilidade de transgredi-la, sendo deixados à liberdade de sua própria vontade, que era mutável. Além dessa lei escrita em seus corações o preceito de não comerem da árvore da ciência do bem e do mal; enquanto obedeceram a este preceito, foram felizes em sua comunhão com Deus e tiveram domínio sobre as criaturas”.

Como uma criatura distinta das demais, tendo em vista que o homem foi considerado coroa dessa criação, o mesmo era dotado de capacidade de fazer escolhas, como também, nesse sentido, de fazê-las certas. Como bem disse certa ocasião um teólogo reformado: “assim o homem, naquela época, possuía a verdadeira liberdade, mas não era ainda a perfeita liberdade”. Isso decorrente do fato dele poder cair em pecado.
Vamos conferir novamente o que nos dia a CFW no capítulo IX – DO LIVRE-ARBÍTRIO – Seção I:
“Deus dotou a vontade do homem de tal liberdade natural, que ela nem é forçada para o bem nem para o mal, nem a isso é determinada por qualquer necessidade absoluta de sua natureza”.

E ainda na Seção II:
“O homem, em seu estado de inocência, tinha a liberdade e poder de querer e fazer aquilo que é bom e agradável a Deus, mas mudavelmente, de sorte que pudesse cair dessa liberdade e poder”.

Entendemos que o homem estava completamente, antes da Queda, com suas faculdades de capacidade do livre-arbítrio, ou seja, vivia em plena comunhão com Deus que o visitava “no Jardim pela viração do dia” (Gn 3:8). Este homem podia conhece-lo e amá-lo, porque tudo o que fazia e pensava era para a Glória de Deus.
Vejamos ainda o que nos diz o Catecismo de Heidelberg, no Domingo 3 e resposta 6:
“Mas Deus criou o homem tão mau e perverso? Não, Deus criou o homem bom e à Sua imagem, isto é, em verdadeira justiça e santidade para conhecer corretamente a Deus, seu Criador, amá-lo de todo o coração e viver com ele em eterna felicidade, para louvá-Lo e glorificá-Lo”.

No Jardim do Éden o homem estava com toda sua plena dignidade estabelecida, cujo principal propósito era todo bem espiritual e moral que agradasse a Deus. Ele gozava de total capacidade imaculada, que chamamos de livre-arbítrio, pois era perfeito para o bem espiritual.



II – A SITUAÇÃO DO HOMEM APÓS A QUEDA


Como vimos acima, a liberdade e o poder de querer do homem de fazer aquilo que era agradável a Deus, mas tal liberdade era passível de mudar se assim o quisesse. Foi justamente o que ocorreu. O homem atraído e enganado pela serpente escolheu desobedecer a Deus, pois Satanás tentou o homem a ponto do mesmo desejar ser igual ao seu Criador, e aí se deixou iludir-se pela voz da serpente que disse: Porque Deus sabe que no dia em que dele (o fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal) comerdes se abrirão vossos olhos, e sereis como Deus, sabendo do bem e do mal (Gn.3:5). O resultado foi uma verdadeira tragédia para toda a humanidade. Conforme vimos na advertência de Deus em Gn.2:16-17, a raça humana recebeu como conseqüência deste pecado de Adão e Eva, a morte espiritual e física, bem como, a perda daquela capacidade (o livre-arbítrio) de querer fazer o bem e tudo que era agradável a Deus. Dessa forma, ele se corrompeu totalmente.
Esse homem, agora após sua queda e por conta do pecado original, se tornou incapaz de querer a Deus. Na verdade, nos porões de seu íntimo, O rejeita deliberadamente, pois prefere agora escolher o pecado, pois é seu senhor. E assim, neste estado de DEPRAVAÇÃO TOTAL, “não é capaz de não pecar”.
O próprio Senhor Jesus Cristo atesta isso quando afirmou aos judeus que discutiam com ele acerca de jamais terem sido escravos de alguém, que “todo que comete pecado é escravo do pecado” (Jo.8:34).
O Catecismo de Heidelberg sintetiza essa situação, no Domingo 3 resposta 7, com essas palavras:
“De onde vem, então, essa natureza corrompida do homem? Da queda e da desobediência de nossos primeiros pais, Adão e Eva, no paraíso. Ali, nossa natureza tornou-se tão envenenada, que todos nós somos concebidos e nascidos em pecado”.

Isso é confirmado pelo apóstolo Paulo em Rm.5:12 quando nos ensina que: “Portanto, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens por isso que todos pecaram”.
Vejamos ainda a CFW em seu Capítulo VI e Seção II:

“Por este pecado eles decaíram de sua retidão original e da comunhão com Deus, e assim se tornaram mortos em pecado e inteiramente corrompidos em todas as faculdades e partes do corpo e da alma”.

Assim, após a Queda, o homem ao invés de preferir servir e obedecer a Deus, na verdade, se encontra “morto em seus delitos e pecados” (Ef.2:2-3). E é isso que a teologia reformada denomina de DEPRAVAÇÃO TOTAL. Não possui mais o livre-arbítrio para fazer a vontade de Deus porque está morto espiritualmente, como Lázaro que estava morto com seus pés e mãos atados e sepultado há três dias no túmulo, da mesma forma está toda a humanidade.
Vejamos o que nos ensina o Artigo X de nossos XXXIX Artigos de Religião:
“A condição do homem depois da queda de Adão e Eva é tal que ele não pode converter-se e preparar-se a si mesmo, por sua própria força natural e boas obras, para a fé e invocação a Deus. Portanto, não temos o poder de fazer boas obras agradáveis e aceitáveis a Deus, sem que a graça de Deus por Jesus Cristo nos preceda, para que tenhamos boa vontade, e coopere conosco enquanto temos essa boa vontade”.

Observem essa declaração contundente do Dr. Martyn Lloyd-Jones acerca da DEPRAVAÇÃO HUMANA, resultante da Queda:
“Por que é que o homem sempre escolhe pecar? A resposta é que o homem abandonou a Deus, e como resultado, toda a sua natureza tornou-se depravada e pecaminosa. Toda a tendência do homem está distante de Deus. Por natureza, ele odeia a Deus e sente que Deus é contrário a ele. Ele é seu próprio deus, sua própria capacidade e poder, seu próprio desejo. Ele contesta toda a idéia de Deus e as exigências que Deus coloca sobre ele... Além disso, o homem gosta das coisas que Deus proibiu e as cobiça, e não gosta das coisas e do tipo de vida para as quais Deus o chama. Essas não são meras afirmações dogmáticas. São fatos... Eles por si só explicam a desordem moral e a feiúra que caracterizam a vida atual em tamanha extensão”.

Não deixe de conferir o que Paulo nos ensina em Rm.3:10-19 e Ef.2:1-3, sobre a condição do homem após a queda, e responda as seguintes questões: Como um morto pode arrepender-se por si mesmo e crer? Como pode o homem, cujos sentidos espirituais estão em trevas, compreender e decidir-se por Cristo Jesus? Qual homem consegue cumprir e amar o sumário da Lei conforme Lucas 10:27?



CONCLUSÃO


Como pudemos observar, todo o ensino bíblico e reformado, apontam claramente para um homem que perdeu, após a Queda, a condição e capacidade de, por ele mesmo, poder voltar-se para Deus. Todavia, necessita de uma intervenção do próprio Deus para “os que predestinou, a esses também justificou, e aos que justificou, a esses também glorificou” (Rm 8:30).
Lutero e Calvino sempre ensinaram e se preocuparam em enfatizar essa doutrina, de que o homem decaído está totalmente escravo do pecado, pois perdera a verdadeira liberdade, não podendo converter-se a Deus desempenhando um papel ativo (cooperando) no processo que o conduz a salvação.
Jesus Cristo afirmou certa vez que “não quereis vir a mim para terdes vida” (Jo.5:40). Sabe por que? “A luz veio ao mundo, mas os homens amaram mais as trevas do que a luz; porque as suas obras eram más. Pois todo aquele que pratica o mal, aborrece a luz” (Jo.3:19-20). O ensino bíblico é que arrependimento e fé não podem ser produzidos por um coração corrompido, pois somente “pela graça somos salvos, por meio da fé; e isto não vem de nós, é dom de Deus” (Ef 2:8).
Portanto, se o Espírito Santo não agir eficazmente no coração e mente desse homem corrompido, vivificando-o e regenerando-o, ele jamais se arrependerá sozinho de seus pecados, reconhecendo o sacrifício expiatório e vicário de Jesus Cristo.
Gosto muito dessa afirmação de feita pelo grande expositor bíblico, Dr. Martyn Lloyd-Jones já citado anteriormente: “O pecador não se decide por Cristo”, mas ele “foge para Cristo em total desamparo e desespero, clamando por misericórdia: ‘Converte-me e serei convertido, porque tu és o Senhor meu Deus’ (Jr.31:18). É como alguém que está se afogando e não simplesmente se “decide” pegar a corda que o salvará, mas agarra-se a ela pois é a única escapatória, a única esperança. ‘Decidir-se por Cristo’ é uma expressão imprópria”.
Não nos enganemos quanto ao verdadeiro estado espiritual e natureza humana. Porque estando o homem morto em seus delitos e pecados, não será persuadido com retórica eloqüente, muito menos por apelos emotivos (e o que preocupa hoje é justamente isso, muita gente “convencida” e “massageada em seu ego”, e nunca convertidas realmente), uma vez que será única e plenamente através de Deus que o homem irá “abrir seu coração” para atender a mensagem do Evangelho, como no caso de Lídia em At.16:14.
Mas como bem afirmou Charles Spurgeon: “A graça de Deus não viola a vontade humana, mas triunfa docemente sobre ela” (Fp.2:13).
Busquemos aprender quanto a teologia reformada tem a nos oferecer, com doutrinas cujas raízes são reveladas na Sagrada Palavra de nosso Deus.
Só a Deus Toda Glória!


Autor: Rev. Raniere Oliveira
Fonte: [ Reforma para os nossos dias ]