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domingo, 31 de agosto de 2014

Os Perigos do Sectarismo Religioso.






O Espírito afirma expressamente que, nos últimos tempos, alguns se desviarão da fé e darão ouvidos a espíritos enganadores e a doutrinas de demônios, sob a influência da hipocrisia de homens mentirosos, que têm a consciência insensível.” I Tm 4.1,2.
 
A admoestação do Apóstolo Paulo ainda é pertinente para nossos dias, é de considerável urgência uma reflexão séria e bíblica sobre o sectarismo religioso.

Introdução


Sectário - Pertencente ou relativo a seita. sm 1 - Membro ou aderente de uma seita religiosa. 2 - Pessoa que segue outra no seu modo de pensar, ou lhe obedece cegamente; partidário, sequaz. 3 - Membro de um partido, que o segue e defende com facciosismo. 4 - Partidário apaixonado, intransigente, faccioso.[1]


Diante de tal definição, compreendemos como sectarismo a atitude decorrente de um indivíduo ou grupo sectário.


Entendemos como seita, um grupo dissidente e divergente do que comumente se prega em doutrinas religiosas ou filosóficas. Diante de tal realidade, a multiplicação de pensamentos religiosos, decorrentes do cristianismo ortodoxo, iremos abordar os efeitos maléficos de grupos separatistas que saíram da igreja cristã por conta de heresias.


Deve ficar claro que não estamos tratando aqui de denominações evangélicas que tem comunhão nos pontos centrais do cristianismo, como: A trindade de Deus, A divindade de Cristo, A divindade e pessoalidade do Espírito Santo, na inspiração, inerrância e suficiência das Escrituras, na segunda vinda de Cristo.


O Impacto Sociológico


Ao observarmos a aderência e a permanência de pessoas em grupos sectários, é notório o fator de isolamento. Quando o individuo é levado a “fé” no que o grupo ensina, ele é doutrinado a crer que somente seu grupo está correto e que os ensinos ali passados são realmente o que Deus quer para seu povo. Ligado a isso, vem à questão afetiva dentro do grupo, o adepto é agora inserido em um novo contexto social que realmente existe "amor", inexistente em outas religiões. Então, o próximo passo ao doutrinamento do novato é o afeto. Um terceiro ponto que podemos observar no sectarismo de tais grupos é o legalismo. A obediência cega aos líderes é fundamental para o "desenvolvimento" espiritual do fiel. Nessa submissão, incluímos a proibição ou recomendação, como dizem eles, de lerem algo que esteja fora dos ensinos da organização religiosa pertencente. Geralmente, isso inclui até a Bíblia, alegando a velha falácia romana de que somente os sacerdotes podem interpretar os ensinos sagrados ao povo. O que tais grupos sabem da Bíblia são versículos soltos, que aprenderam em treinamentos internos para evangelizarem os "pagãos". O carisma é outro fator que devemos destacar do ponto de vista social das seitas. Tais grupos possuem liderança carismática; com isso falamos de retenção de poder profético e gigantismo espiritual, através de gurus que se camuflam com nomenclaturas cristãs como: Profetas, Apóstolos, Bispos, Patriarcas e uma quantidade imensurável de títulos.


O Efeito Camaleão


As seitas tem efeitos camaleônicos e se infiltram entre os verdadeiros cristãos. Dr. Walter Martin, certa vez, relatou a presença de Testemunhas de Jeová nas cruzadas de Billy Graham, para enlaçarem os convertidos no evento e levarem para os Salões do Reino.[2] Outros exemplos claros são grupos musicais de seitas heréticas, que arrebatam muitos evangélicos com propósitos proselitistas, como grupos e cantores adventistas e o grupo Voz da Verdade que é unicista. Diante de tudo isso, vemos o crescimento de grupos sectários e a multiplicação de heresias dentro dos arraiais evangélicos, por três motivos básicos:


          • Imaturidade Espiritual

          • Subversão Espiritual
          • Soberba Intelectual

As ideias sectárias atingem mais as personalidades sugestionáveis, instáveis, sem fundamento doutrinário e sem sentido crítico. A seita é como um ramo que se desprendeu da árvore; originou-se como um protesto que considerava errado na igreja mãe. Para as seitas as igrejas perderam o sentido autêntico e o conhecimento verdadeiro das Escrituras.[3]


O Aspecto Doutrinário


Podemos identificar alguns aspectos doutrinários em grupos sectários:


          • Afirmam uma nova revelação dada por Deus

          • Reivindicam poder espiritual
          • Pregam a apostasia da igreja cristã
          • São proselitistas
          • Rejeitam as principais doutrinas da fé cristã histórica

Esses são apenas alguns pontos listados aqui, podemos apontar também os aspetos antropológicos.


Aspectos Antropológicos


O grupo exerce domínio sobre a mente do indivíduo, seus líderes pensam por ele, dirigem sua vida. Se o adepto resolver abandonar o grupo, ele corre o risco de perder amigos, família, ou seja, perde sua vida social. Esse é o fator mais traumatizante para quem abandona um grupo herético. São conhecidos vários fatos de pessoas que foram ameaçadas e torturadas psicologicamente em tais grupos, que infelizmente não estão distantes de nós, inclusive em igrejas que professam serem evangélicas, reivindicam exclusividade de salvação e se orgulham exageradamente do nome de sua denominação. Pessoas que são oprimidas por costumes legalistas e que não tem respaldo nenhum nas Escrituras, mas, são fruto de delírios de homens, como disse Paulo: 


Sabe, porém, que nos últimos dias haverá tempos difíceis; pois os homens amarão a si mesmos, serão gananciosos, arrogantes, presunçosos, blasfemos, desobedientes aos pais, ingratos, ímpios, sem afeição natural, incapazes de perdoar, caluniadores, descontrolados, cruéis, inimigos do bem, traidores, inconsequentes, orgulhosos, mais amigos dos prazeres do que amigos de Deus, com aparência de religiosidade, mas rejeitando-lhe o poder. Afasta-te também desses. Porque entre eles estão os que se intrometem pelas casas e conquistam mulheres tolas carregadas de pecados, dominadas por várias paixões; que estão sempre aprendendo, mas nunca podem chegar ao pleno conhecimento da verdade. E à semelhança de Janes e Jambres, que resistiram a Moisés, eles também resistem à verdade. São homens de entendimento corrompido e reprovados na fé. Mas eles não irão adiante, pois sua insensatez será revelada a todos, assim como aconteceu com aqueles.” 2Tm 3.1-9.


Conclusão


Além de todos os danos listados aqui, não poderíamos deixar de incluir os psicológicos e espirituais. Existem pessoas que saíram de seitas ou de grupos neopentecostais que, mesmo depois de anos, sofrem os efeitos maléficos de tais mestres da mentira. Pessoas que tiveram suas personalidades assaltadas e suas vidas emocionais destruídas, seus afetos destroçados e suas mentes controladas. Muitas vezes, o motivo do avanço das heresias é o comodismo e descompromisso de igrejas cristãs, com membros fracos ou sem nenhum ensinamento Bíblico. Portanto, precisamos voltar às Escrituras, cultos de doutrina, treinamentos Bíblicos, seminários de doutrinas, fóruns e debates sobre seitas e heresias.


Antes, reverenciai a Cristo como Senhor no coração. Estai sempre preparados para responder a todo o que vos pedir a razão da esperança que há em vós. Mas fazei isso com mansidão e temor, tendo boa consciência, para que os que caluniam o vosso bom procedimento em Cristo fiquem envergonhados naquilo de que falam mal de vós.” I Pe 3.15,16


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Notas:
[1] Dicionário Michaelis
[2] O Império das Seitas - Walter Martin
[3] Resistindo as Tempestades das Seitas – Tácito da Gama Leite 


 

sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Como a Graça Controla o Chamado





                         Por Abraham Booth (1734-1806)

O fato de Deus graciosamente escolher um povo para Si, dentre toda a raça humana pecadora, não é inicialmente conhecido pelos que são escolhidos. Eles nada sabem a respeito do assunto antes de se converterem. O Espírito Santo, portanto, precisa realmente chamá-los um por um, ou eles jamais saberão que são filhos de Deus! Esta experiência é conhecida nas Escrituras como "chamados por Deus" (I Cor. 1:9); "chamados pela graça" (Gal. 1:15); "chamados pelo evangelho" (II Tess. 2:14). O Espírito Santo serve-Se do evangelho para efetuar esse chamamento.

Os pecadores estão espiritualmente mortos. Eles aceitam a verdade do evangelho só quando o Espírito Santo os vivifica. "Os mortos ouvirão. . . e os que ouvirem viverão" (Jo. 5:25). O pecador recém-despertado talvez se sinta longe de Deus, porém, o evangelho diz: "... o que vem a mim de maneira nenhuma o lançarei fora" (Jo. 6:37). Assim, o pecador espiritualmente vivificado vem a Jesus, confiando na verdade do evangelho. Esta é, em suma, a experiência de quem é chamado pela graça. O fato de qualquer pecador ser chamado deve-se inteiramente à graça divina. "Deus chamou-me por Sua graça", disse Paulo. E nenhum santo jamais alegará outra causa.

Os pecadores, em geral, consideram suas ofensas contra Deus mais como falhas do que como crimes. Eles dormem em seus pecados, sonhando com uma misericórdia geral que, (esperam), lhes seja outorgada. Eles jazem inconscientes de seu perigo, até que o Espírito de Deus os toca e os convence de sua pecaminosidade. Mas quando eles são levantados da morte espiritual pelo Espírito de Deus, aprendem repentinamente que cada um de seus pecados os coloca sob a maldição de Deus. Os deveres negligenciados, as boas dádivas de Deus ingratamente usadas, os atos de rebelião cometidos contra Deus assediam a mente do pecador recém-despertado e perturbam sua alma. A consciência aguça o seu ferrão e a culpa se torna um peso. Ele vê que a santa lei de Deus é justa. A ruína passa a ser vista como inevitável para os pecadores não perdoados.

Daí, pelo Espírito e pela palavra da verdade, os pecadores despertados aprendem que são incapazes de escapar da lei de Deus por qualquer esforço próprio. Esta convicção os torna alarmados por não terem percebido antes sua ignorância e indiferença. Agora eles sabem que as Escrituras são verdadeiras quando atribuem ao homem natural a condição de um "cão que retorna ao seu vômito", a uma "porca lavada que retorna ao espojadouro de lama" (II Ped. 2:22) e a "um sepulcro aberto" (Sal. 5:9). Ao invés de viverem cada momento no ininterrupto e vibrante amor de Deus, como a lei divina exige, eles viveram — oh vergonha! — inteiramente voltados para o amor de si mesmos e para o pecado. Certamente a lei de Deus é justa! "Maldito é todo aquele que não permanecer em todas as coisas que estão escritas no livro da lei, para fazê-las" (Gal. 3:10). Uma vez que não permaneceram, eles são de fato malditos.

Ora, deve ser claro que tais pessoas admitirão prontamente que qualquer esperança para elas só será possível se Deus for misericordioso. A graça, como meio de salvação, está inteiramente à disposição de qualquer um que reconhece seu demérito aos olhos de Deus.


Diante disso, poderíamos pensar que um pecador despertado para sua necessidade correria para receber uma salvação tão graciosa. Verdade maravilhosa! Espantoso favor! Que mais se poderia esperar? No entanto, a observação mostra que os pecadores despertados são, às vezes, muito lentos para receber este conforto. Isso acontece não porque a graça de Deus é deficiente, nem porque a salvação é de algum modo incompleta, e sim porque freqüentemente o pecador acha que ainda não teve bastante consciência do seu pecado, ou porque sente que ainda não deseja Cristo suficientemente. Isso evidencia que ele ainda compreende mal a glória da salvação pela graça.

Nossa convicção de pecado ou o desejo de termos Cristo como nosso Salvador não persuade a Deus a ser gracioso para conosco. São experiências necessárias para nos tornar desejosos de receber a graça, mas não são necessárias para levar Deus a ser gracioso conosco. É a graça que controla o ato de Deus quando Ele nos chama, e não o nosso montante de tristeza por causa dos pecados, nem o quanto desejamos ser salvos. Precisamos cuidar que não desejemos as misérias da incredulidade, a fim de obtermos permissão para crer.

O chamado do evangelho é para pecadores infelizes que, de si mesmos, nada têm em que possam confiar. Aquele que verdadeiramente crê em Cristo precisa confiar nEle como Justificador do ímpio (Rom. 4:5). O pecador que se sente, de algum modo, melhor do que o ímpio, não é encorajado a buscar a Cristo, e sim o pecador que sabe que é tão culpado quanto todos os outros! "Não vim chamar os justos", disse Jesus, "mas os pecadores ao arrependimento" (Mat. 9:13).

A base da esperança do crente e a fonte de sua alegria espiritual não decorrem do pensamento que ele fez alguma coisa para merecer sua própria salvação (chame isso de "crença" ou o que você quiser), mas das verdades de que a salvação é de graça e de que o Salvador "veio salvar o que se tinha perdido" (Mat. 18:11). Um crente depende da graça que não exige mérito, e de um Salvador que supre toda a justiça necessária.

Consciente, então, de que está na mesma situação de culpa de todos os outros ímpios do mundo, o pecador despertado está convencido de que seu chamado se deve exclusivamente ao fato de Deus lhe ter sido gracioso. Ele não conhece outra razão para isso. Ele está plenamente persuadido de que Deus deu o primeiro passo. Quando ele pensa na experiência de ter sido despertado para reconhecer sua necessidade espiritual, ele diz: "Eu fui achado por Aquele a Quem nem amei nem procurei".

Ser chamado por Deus é puramente um ato de Sua graça. Ter consciência de que a graça discriminativa de Deus te particularizou e te chamou, embora você não fosse diferente de todos os outros pecadores, deve encher o teu coração de gratidão cristã. Este fato encherá o teu coração de grande incentivo para piedosa obediência e serviço cristão fervoroso.

Que direi a você que ainda não foi chamado? Se você deixar este mundo no estado em que está, estará perdido para sempre. Só os que são chamados aqui, são glorificados lá. Não suponha que o conhecimento dos fatos do evangelho poderá te salvar, se o teu coração está frio e sem qualquer sentimento de amor a Deus. Que vantagem haverá para você se deixar entre teus amigos a lembrança de um respeitável caráter, e você mesmo for perdido? Queira Deus que este não seja o caso com os meus leitores!

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Fonte: The Reign of Grace – Bereianos – 29/08/2014


quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Teologia e Doxologia






Seres angelicais se aproximam do trono do Deus triuno. Eles chegam diretamente à Sua presença, porque não precisam de nenhum mediador. Nenhum pecado os impede de entrar, e Deus deu a essas criaturas a capacidade de se aproximarem e não serem incineradas pela Sua glória. É seguro dizer que esses anjos conhecem mais do que nós? Mas o que estes seres bem informados fazem na presença de Deus? Segundo Apocalipse 4:10, eles se prostram, lançam suas coroas e cantam. Resumindo, eles adoram a Deus com todo o seu ser.



Eu leio muitos livros de teologia. Esse é o meu trabalho—e minha paixão. Porém, toda  vez que escolho um livro, eu lanço um desafio silencioso: "Faça-me cantar". Eu vou a muitos cultos de adoração. Esse também é o meu trabalho—e minha paixão. Meu desafio é: "Leva-me mais fundo". O conhecimento de Deus e o louvor a Deus; a teologia e a doxologia estão interligadas. Elas são parceiras de dança na satisfação do nosso principal objetivo: glorificar a Deus e gozá-lo para sempre.



A teologia que não nos faz cantar falhou em sua missão, não importa quão correta ela seja. A adoração que não nos leva ao mais profundo de Cristo também falhou, não importa quão gloriosa seja a música ou quão aplicável, o sermão. Louvar a Deus de forma adequada significa aprofundar o nosso conhecimento deste Deus que adoramos. Nossos corações devem ficar em chamas quando verdadeiramente examinamos como o Pai enviou seu Filho ao mundo para nos salvar, e depois nos uniu ao Salvador quando enviou o Seu Espírito Santo aos nossos corações. Uma ótima teologia mexe com o coração. Uma excelente adoração aumenta o nosso conhecimento.



Vamos tomar como exemplo duas estrofes do hino de Joseph Hart "Venham, Pecadores". A letra foi redefinida várias vezes em ambos os estilos tradicional e contemporâneo, o que vem a ser um testemunho sobre seu poder duradouro. As palavras nos levam mais profundamente à obra de Cristo, de uma forma que somos inspirados a entregar nossos corações em adoração:



Veja-o prostrado no Jardim / No chão, o Seu criador está / Na árvore cheia de sangue, contempla-o / Pecador, isso não te basta?



Em apenas quatro pequenos versos, entramos na narrativa da obra do nosso Salvador. Um grande paradoxo teológico é evocado através de um imaginário vívido. Contemplamos não somente um homem, mas Deus encarnado. O sublime Criador de todas as coisas está com Seu rosto ao chão da criação. O Deus impassível se une a uma natureza humana que pode sofrer agonia. Quem consegue compreender isso? Mas depois, Hart transforma sua teologia em um chamado à adoração: "Pecador, isso não te basta?". Saber o que Deus fez não o leva a adorar?



A próxima estrofe dá continuidade à nossa jornada rumo ao mistério teológico, enquanto Hart responde à "eterna" pergunta teológica: "O que Jesus está fazendo agora?".



Eis! O Deus encarnado ascendeu / Defende o mérito de seu sangue / Lance-se nele, lance-se por inteiro / Não deixe a confiança em nenhuma outra coisa interferir.



Hart evoca a passagem crucial de Hebreus: "Portanto ele é capaz de salvar definitivamente aqueles que, por meio dele, aproximam-se de Deus, pois vive sempre para interceder por eles" (7:25). Jesus continua em Seu sacerdócio a aplicar, em nosso favor a obra consumada de Seu sacrifício, não apenas para justificação, mas também para o nosso crescimento em santificação. Que maravilhoso - Jesus vive para interceder por nós. Como eu poderia confiar em outro alguém? "Sim," meu coração chora enquanto eu canto esta verdade teológica: "Vou lançar-me em Jesus. Darei a minha vida inteiramente e somente a ele".



João Calvino era um dos teólogos mais doxológicos. Ao escrever sobre a Ceia do Senhor, Calvino regozijou-se em afirmar que, por meio da união com Cristo, "tudo o que é dele pode chamar-se nosso". No que agora transformou-se em um trecho famoso, Calvino articulou esta maravilhosa troca:



Esta é a maravilhosa permuta que, por sua imensurável benevolência, ele fez conosco; que, ao se tornar Filho do homem conosco, ele nos fez filhos de Deus com ele; que, pela sua vinda a terra, ele nos preparou uma ida ao céu; que, ao assumir nossa mortalidade, ele nos concedeu sua imortalidade; que, ao aceitar a nossa fraqueza, ele nos fortaleceu com seu poder; que, ao receber nossa pobreza sobre ele, ele nos transferiu sua riqueza; que, ao levar sobre si o peso de nossa iniquidade (que nos oprimia), ele nos vestiu com sua justiça. (As Institutas, 4.17.2)



Com este conteúdo em nossos hinários teológicos, como os calvinistas podem ser chamados os friamente escolhidos? Esta é a grande questão do universo: Deus trocou Sua vida pela nossa morte, Sua paz pela nossa ansiedade, Seu lar celestial pelo nosso exílio de órfãos, Seu perdão pelo nosso pecado. E, surpreendentemente, Ele considera isso uma ótima barganha. Tais notícias nos fazem querer sair deste teclado e correr pelas ruas, gritando.



Teologia deve nos fazer cantar. Adoração deve nos levar ao mais profundo da verdade gloriosa da obra de nosso Redentor. As duas devem ser parceiras nesta dança rumo à eternidade.



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Sobre o autor: Dr. Gerrit Scott Dawson é pastor da Primeira Igreja Presbiteriana em Baton Rouge, La, e autor dos livros Jesus Ascended: The Meaning of Christ's Continuing Incarnation e Called by a New Name: Becoming What God Has Promised. 



Fonte: Ligonier Ministries – 28/08/2014





quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Calvino, a Fé e a Confisão Positiva.






É claro que minha intensão nesse artigo não é trabalhar anacronicamente com relação ao reformador genebrino e a teologia da prosperidade. Mas não podemos negar que os reformadores no século dezesseis já tinham problemas com alguns hereges que gostavam de infiltrar certos tipos de heresias no meio da igreja Deus. O exemplo disso são os que defendiam revelações extrabíblicas nos dias de Lutero, afirmando que a bíblia não era suficiente [1].

Tenho por grande apreço ler as Institutas de Calvino, por esses dias meditando no que o reformador diz sobre a fé no terceiro livro, me debrucei sobre o trecho que diz:
Pois a fé certamente não promete nem longevidade nesta vida, nem honra, nem riquezas – uma vez que o Senhor não nos quis oferecer nenhuma dessas coisas –, mas se dá por satisfeita com a certeza de que, por mais que nos faltem muitas coisas que dizem respeito ao sustento desta vida, Deus não nos há de faltar jamais [2].

A fé defendida pelos pensadores da teologia da prosperidade tem por fundamento o pensamento positivo, a confissão positiva. Esse tipo de fé ou crença fundamenta-se no próprio homem, é uma fé psicologizada, humanista, que retorna a si num ciclo vicioso. Essa crença não tem nenhuma ligação com o que a Bíblia fala sobre a fé que repousa na vontade soberana de Deus. Nossa fé não é uma coleira posta em Deus, que lhe obriga fazer tudo que pedimos, como afirma a confissão positiva. Calvino refletia na fé como um dom de Deus (Ef 2.8), como sistema de doutrinas (I Tm 4.1), como o agarrar-se em Deus (Jo 3.16). A palavra fé e suas correlatas no Antigo Testamento equivalem à confiança e é encontrada mais de cento e cinquenta vezes. O Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento nos diz:
A fé em Deus significa, para Jesus, o estar aberto às possibilidades que Deus apresenta (cf. Mc 11.22: eehete pistin theouy “tende fé em Deus”). Inclui, também, o contar com Deus, que não se contenta apenas com a coisa dada e o evento acontecido. Expressões tais como: echein pistin theou (“ter fé em Deus”, Mc 11.22) e prostithenai pistin (“aumentar a fé”, Lc 17.5) mostram como foi entendido o ensinamento de Jesus a respeito da fé. Havia um tipo especial de fé em Deus, ou seja, a fé em Jesus. A antítese entre pequeno e grande (Lc 17.6; Mt 17.20) apresenta um contraste entre a atitude humana e a grandeza da promessa. O que ocorre dentro do homem é pequeno em comparação com a grandeza que vem de Deus. Mesmo assim, Jesus falava de uma fé ilimitada como quem descreve algo novo. Não edificava sobre alguma coisa já existente: Sua base era uma coisa nova. Apesar disto, Seu ensino era bem diferente do entusiasmo desenfreado, porque não se divorciava do constante esforçar-se com Deus e do conversar com Ele. Ficava dentro do círculo da confiança (heb. bittahori) e do conhecimento (dalat). Jesus Se voltava para o indivíduo, porque Seu povo, como um todo, era conclamado à decisão da fé (Lc 19.42). As declarações que se fazem acerca da fé, na tradição sinótica, sempre são qualificadas. Aqui talvez se possa perceber influências posteriores (cf. o imperativo metanoeite, “arrependei-vos”, à luz do recebimento da mensagem da salvação). Não se deve, no entanto, esquecer-se de que toda conclamação e declaração da parte de Jesus continha os elementos da fé, da confiança, do conhecimento, da decisão, da obediência e da auto-direção. Não se pode entender a pregação de Jesus à parte dos aspectos multilaterais da fé (heb. *emunah) e confiança (heb. bittahori). A fé de Jesus era dirigida para a realidade. Estava profundamente envolvida no ato do viver, e estava num plano completamente diferente de abstrações hipotéticas. [3]

Portanto a fé em Deus não é uma mágica ocultista, não é uma abstração do poder interior ou a expressão de um sentimento mitológico de poder que provem do homem. A fé repousa em Deus que é o próprio autor dela (Hb 11.1), a fé é dada ao homem (Ef 2.8), embora essa fé precise ser posta em Deus por atitude do ser criado, ela provém do próprio Deus. Então, nossa fé não depende do que temos. Nossa felicidade não é proveniente do que Deus nos deu ou não, mas é equipada e sossegada no ser de Deus. Calvino continua:
Quaisquer que sejam as misérias e calamidades que atinjam na terra aos que Deus abraçou com seu amor, estas não podem, porém, impedir que sua benevolência seja para eles felicidade plena. Por isso, quando quisermos exprimir a suma felicidade, pusemos a graça de Deus como um manancial do qual brotam para nós bens de todos os tipos [4].

Esse manancial de bênçãos para o povo eleito de Deus é sua graça benevolente e soberana. Ao contrário do que os adeptos da teologia da prosperidade afirmam, lemos o que diz Habacuque:
Porque ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto na vide; ainda que decepcione o produto da oliveira, e os campos não produzam mantimento; ainda que as ovelhas da malhada sejam arrebatadas, e nos currais não haja gado; Todavia eu me alegrarei no SENHOR; exultarei no Deus da minha salvação. O SENHOR Deus é a minha força, e fará os meus pés como os das cervas, e me fará andar sobre as minhas alturas” [5].

Ainda continuamos a ler o que Calvino diz em seu comentário expositivo de Hebreus:
O Senhor prontamente e ao mesmo tempo encoraja nossa fé e subjuga nossa carne. Ele deseja que nossa fé permaneça serena e repouse como se estivesse em segurança, num sólido abrigo. Ele exercita nossa carne com várias provas a fim de que ela não se precipite na indolência [6]. 

Ao refletir sobre o repouso da fé na soberana vontade de Deus, entendemos que ele ouve nossas orações, mas, isso não é garantia que ele responderá positivamente a tudo que queremos, vide a passagem de I João:

E esta é a confiança que temos nele, que, se pedirmos alguma coisa, segundo a sua vontade, ele nos ouve. E, se sabemos que nos ouve em tudo o que pedimos, sabemos que alcançamos as petições que lhe fizemos.” I Jo 5.14,15


Lemos ainda no Antigo Testamento:


Tu, pois, não ores por este povo, nem levante por ele clamor ou oração, nem me supliques, porque eu não te ouvirei.” Jeremias 7.16


Com isso, fica claro para nós que Deus é Senhor de nossas vidas, ele nos dirige os passos e nos concede graciosamente o dom da vida.


Porque nele vivemos, e nos movemos, e existimos; como também alguns dos vossos poetas disseram: Pois somos também sua geração.” Atos 17.28


A vontade de Deus é tremenda e soberana como já dissemos, desejo finalizar com o Salmo 29, que nos convoca a tributar ao Senhor glória e força, pois sua voz se ouve sobre tudo e todos. Sua vontade majestosa reina para sempre:


DAI ao SENHOR, ó filhos dos poderosos, dai ao SENHOR glória e força. Dai ao SENHOR a glória devida ao seu nome, adorai o SENHOR na beleza da santidade. A voz do SENHOR ouve-se sobre as suas águas; o Deus da glória troveja; o SENHOR está sobre as muitas águas. A voz do SENHOR é poderosa; a voz do SENHOR é cheia de majestade. A voz do SENHOR quebra os cedros; sim, o SENHOR quebra os cedros do Líbano. Ele os faz saltar como um bezerro; ao Líbano e Siriom, como filhotes de bois selvagens. A voz do SENHOR separa as labaredas do fogo. A voz do SENHOR faz tremer o deserto; o SENHOR faz tremer o deserto de Cades. A voz do SENHOR faz parir as cervas, e descobre as brenhas; e no seu templo cada um fala da sua glória. O SENHOR se assentou sobre o dilúvio; o SENHOR se assenta como Rei, perpetuamente. O SENHOR dará força ao seu povo; o SENHOR abençoará o seu povo com paz.


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Notas:
[1] História da Igreja Cristã, Robert H. Nichors – Ed. Cultura Cristã
[2] As Institutas da Religião Cristã, João Calvino – Ed. Unesp
[3] Dicionário Internacional de Teologia do NT – Ed. Vida Nova
[4] As Institutas da Religião Cristã, João Calvino – Ed. Unesp
[5] Bíblia Sagrada, Almeida RA – Habacuque 3.17-19.
[6] Comentário Expositivo de Hebreus, João Calvino – Ed. Fiel.

Fonte – Bereianos – 27/08/2014


terça-feira, 26 de agosto de 2014

Respostas à algumas objeções contrárias à doutrina da graça irresistível.






A doutrina da graça irresistível é o quarto dos cinco pontos da soteriologia calvinista. É um ensino que está conectado com a Depravação total. Creio que só passamos a entender o conceito de graça irresistível quando levamos em conta a terrível condição do homem após a queda. Esta condição a qual nos referimos não é outra, senão a incapacidade deste homem de, por si mesmo, se salvar. Esta inabilidade é, então, a depravação total, que é o primeiro dos cinco pontos da soteriologia calvinista. O nosso objetivo, no entanto, não é tratar em específico da depravação total, mas sim da graça irresistível, respondendo à algumas objeções contrárias a esta preciosa doutrina. Assim sendo, começaremos definindo o que seria “graça irresistível, e em seguida responderemos a tais objeções.

Definição

A graça irresistível refere-se a eficácia da graça de Cristo em transformar e regenerar por meio da pregação aqueles que foram incondicionalmente eleitos pelo Pai (Jo 5:21-25, 6:44, Mt 11:25-27, Rm 8:30). Para ser mais claro, podemos dizer que a graça irresistível é a confirmação no tempo da eleição efetuada por Deus antes da fundação do mundo. Como também é a comprovação de que os propósitos Deus jamais poderão ser impedidos ou frustrados pelos seres humanos. Esta graça irresistível (eficaz) é o chamado interno, que é feito pelo Espírito Santo aos eleitos. Este chamado, portanto, se distingue do chamado externo que é feito através da pregação do evangelho (At 16:14, 1 Co 1:24, Rm 8:30). Este chamado interno sobrepuja a resistência do homem que, naturalmente, é depravado e inimigo de Deus. Isto posto, aprendemos que somente este ensino é coerente com a realidade da depravação, pois não haveria outra maneira do homem se salvar, a não ser por um milagre regenerador conhecido por graça irresistível (Jo 1:12-13, 6:44, At 16:14).

Objeções à doutrina

Alguns arminianos e anti-calvinistas tem levantado objeções contra esta doutrina. Vejamos duas das principais objeções, seguidas com as devidas respostas.

1ª objeção: “A graça irresistível é um erro, pois implica dizer que Deus concede a graça salvífica  apulso, por força ou violência, para os tais eleitos”.

Resposta: Tal objeção não faz o menor sentido. Por que? Simples, quando se usa expressões tais como “salvar na marra, apulso ou por violência” isto implica em resistência ou relutância da parte de quem, no momento, está sofrendo a ação. Mas a graça irresistível não ensina que, enquanto Deus está regenerando, o homem se encontra resistindo a tal regeneração, como se Deus dissesse “eu estou neste momento te transformado”, e o homem replicasse “não, não, pare com isto”. Claro, bem sabemos que o homem não-regenerado é inimigo de Deus e a resistência às coisas de Deus é algo comum em sua vida. Porém a resistência natural deste homem às coisas de Deus é anterior ao momento em que a regeneração está sendo efetuada. Em outras palavras, não há resistência à obra regeneradora no momento em que ela está acontecendo; a resistência é anterior ao momento. A resistência é ao chamado externo, ou a pregação. Deus salva eficazmente, de uma forma tão gloriosa, que em momento algum a vontade do homem é violentada. Simplesmente há uma mudança no coração do homem. Deus, milagrosamente, transforma o coração de pedra, que é naturalmente indisposto a crer, em um coração de carne que é disposto a crer. Este milagre é maravilhosamente descrito pelo profeta Ezequiel.

E dar-vos-ei um coração novo, e porei dentro de vós um espírito novo; e tirarei da vossa carne o coração de pedra, e vos darei um coração de carne. E porei dentro de vós o meu Espírito, e farei que andeis nos meus estatutos, e guardeis os meus juízos, e os observeis. E habitareis na terra que eu dei a vossos pais e vós sereis o meu povo, e eu serei o vosso Deus.” (Ez 36:26-28)

Mas se mesmo depois de o arminiano ter lido esta argumentação, e continuar afirmando que a graça irresistível é inconsistente, visto que “violenta a vontade humana”, eu poderei também dizer que o arminianismo, com a sua incoerente regeneração parcial, também sofre do mesmo problema. No arminianismo, os homens são incapazes de crer, e por serem incapazes, Deus tem regenerado parcialmente os homens que são alcançados pelo evangelho, e faz isto sem considerar a escolha dos homens de quererem ser ou não regenerados parcialmente. Ora, como alguém foi “transformado parcialmente” sem “nunca ter pedido tal transformação” e mesmo assim não ser uma transformação que violenta a vontade da criatura? Se Deus não considerou a liberdade da criatura, foi na marra que Ele a regenerou parcialmente? A regeneração parcial é uma graça preparatória dada por Deus aos homens de uma forma que violenta a vontade desses homens?

E não fará sentido o arminiano dizer que Deus concedeu a regeneração aos homens, visto que estes escolheram recebê-la. Por que? Simples, no arminianismo é impossível “escolher” sem antes ser regenerado parcialmente. Os arminianos acreditam em livre-arbítrio libertário, isto é, um arbítrio que tornou-se livre após a ação da regeneração parcial.

Observação: Qualquer bom entendedor saberá que não estou dizendo que o arminianismo ensina uma regeneração parcial na marra. E eles podem até mesmo usar o nosso argumento acima para defender que não há violência nenhuma da parte de Deus sendo dirigida a vontade humana. Então, a minha questão é dizer que: se há incoerência com a graça irresistível, então há também com a regeneração parcial arminiana.

2ª objeção: “A graça irresistível é falsa, pois a bíblia claramente ensina que muitos tem resistido a graça de Deus”.

Um versículo muito utilizado pelos arminianos na tentativa de sustentar esta objeção é Atos 7:25. Vejamos o texto:

Atos 7:25 “Homens de dura cerviz e incircuncisos de coração e ouvidos, vós sempre  resistis ao Espírito Santo ; assim, vós sois como vossos pais”.

Resposta: Primeiramente, levando em conta todo o contexto do versículo, o “resistir ao Espírito Santo” aqui é primeiramente uma referência aos Israelitas, que assim como os seus pais, que constantemente  rejeitavam os anúncios e ordens dos profetas do Antigo Testamento (que foram incumbidos por Deus de anunciarem o arrependimento, mediante os preceitos descritos na Lei), eles agora resistiam da mesma forma a ordem de arrependimento, dada pelos evangelistas e apóstolos, mediante a pregação do evangelho.

Em segundo lugar, para entendermos que o texto não ensina que a vontade de Deus pode ser frustrada pelo querer humano, se faz necessário expor os dois aspectos  da vontade de Deus, tais como: o “prescritivo e o decretivo”. O primeiro é uma referência aquilo que Deus quis que seriam os seus mandamentos; estes mandamentos são constantemente resistidos. O segundo é com referência ao plano eterno de Deus; aquilo que Ele soberanamente decidiu fazer ou decretar. Tendo então esta distinção em mente, entendemos que o problema aparente do versículo em questão é solucionado. Vejamos então o que a Escritura nos revela.

Na Bíblia vemos Deus decretando algo que Ele, em seus mandamentos, não ordena. Por exemplo, Ele de forma nenhuma, em seus mandamentos, ordenou Pilatos, Herodes, os Judeus e gentios, matarem à Cristo. Muito pelo contrário, Ele em seus mandamentos diz “não matarás” (Ex 20:13) Porém, sabemos que a mesma Escritura nos revela que Ele decretou a morte de Seu Filho juntando todos estes personagens “para fazerem tudo o que a Sua mão e conselho tinham anteriormente determinado que se havia de fazer” (At 4:28). Ou seja, neste versículo fica claro que Deus decretou a morte de Cristo, e isto usando meios. E os meios são os próprios os homens os quais Ele ordena “não matarás”.

Em Ex 20:16 Deus, em seus mandamentos (aspecto prescritivo), condena de forma clara a mentira. Porém Ele mesmo enganou um profeta (aspecto decretivo) em determinada ocasião para o cumprimento de seus propósitos (Ez. 14:9,10). E também fez o mesmo com Acabe, quando “pôs o espírito de mentira” (aspecto decretivo) na boca dos profetas para enganá-lo, dizendo que ele (Acabe) venceria a batalha, sendo que isto jamais aconteceria (1 Rs 22:19-23).

Em Ex 4:21-23 o Senhor ordena que Faraó (aspecto prescritivo) “deixe o povo de Israel ir”. Mas no cap. 8:1 o Senhor diz que endurecerá o coração de Faraó (aspecto decretivo) para que “não deixe ir o povo”. Ou seja, Deus decretando algo que Ele nunca ordenou.

Cristo, em Mc 16:15, nos ordena pregar o evangelho a toda a criatura (aspecto prescritivo). Entretanto, nem sempre é de sua vontade que isto aconteça (Tg 4:15), como é o caso de Paulo e seus companheiros que foram impedidos, pelo Espírito Santo, de pregar o evangelho na Ásia e Bitínia (At 17:6,7).

A ordem de Deus (aspecto prescritivo), era que os irmãos de José deveriam amá-lo e não vendê-lo como escravo. Porém, o próprio José diz “Assim não fostes vós que me enviastes para cá, senão Deus, que me tem posto por pai de Faraó, e por senhor de toda a sua casa, e como regente em toda a terra do Egito” (Gn 45:8).

Existem vários outros textos na Bíblia que comprovam estas verdades. Mas creio que estes são suficientes para comprovar o que estamos defendendo.

Diante destes exemplos, e do claro ensino bíblico da vontade de Deus, entendemos então que o “resistir ao Espírito Santo” não quer dizer que Deus desejava salvar alguém e este alguém frustrou os Seus planos. O texto fala simplesmente do aspecto prescritivo da vontade de Deus que é “ordenar a todos os homens o arrependimento” (At 17:30). Isto é, Deus desejou que os profetas e apóstolos pregassem o arrependimento, o que não quer dizer que Deus queria o arrependimento dos que jamais se arrependeriam. O ato de resistir aos profetas significa resistir ao aspecto prescritivo da vontade de Deus; aspecto este que tinha como único objetivo ORDENAR O ARREPENDIMENTO. Em última instância, o que há no texto é um “resistir da ordem para se arrepender” e não um resistir “à vontade de Deus para salvar”. Há uma enorme diferença entre “Deus querer ordenar o arrependimento” e “querer salvar”. Na Bíblia, em certas ocasiões, a ordem de arrependimento feita por Deus através da Lei e do evangelho, tem a finalidade de endurecer ainda mais o réprobo (Is 6: 9-11, Mc 4:11,12, 2 Co 2:15-18).

Dito essas coisas, podemos então entender que os dois aspectos (prescritivo e decretivo) da vontade de Deus resolvem o dilema do texto em questão. Logo, os interpretes que insistem na ideia errada de que a vontade de Deus pode ser frustrada pelo querer humano, terão problemas com textos tais como:

Bem sei eu que tudo podes, e NENHUM DOS TEUS PROPÓSITOS podem ser impedidos”. (Jó 42:2)

Para o arminiano, Deus tem um propósito, um desejo e um anseio pela salvação de todos os homens. E como Deus quer a salvação de todos, o Espírito Santo faz de tudo para convencer todos os homens. Porém, tais ensinos vão de encontro ao que Jó, inspirado pelo Espírito de Deus, afirmou aqui. O servo de Deus deixa claro que, se Deus tem um propósito ou um pensamento, Ele fará conforme o que pensou. Então, se Ele pensou em salvar, Ele de fato salvará. Mas como nem todos são salvos, conclui-se que Ele nunca pensou em salvar a todos.

O Senhor dos Exércitos jurou, dizendo: Como pensei, assim sucederá, e como determinei, assim se efetuará.” Isaías 14:24

Novamente a Escritura, através de Isaías afirma que o que Deus deseja e pensa, Ele faz. Os decretos divinos não estão sujeitos às ações dos homens como ensina o arminianismo.

Assim será a minha palavra, que sair da minha boca; ela não voltará para mim vazia, antes fará o que me apraz, e prosperará naquilo para que a enviei.” Isaías 55:11

Aqui a Escritura dá testemunho da eficácia da palavra de Deus, quando afirma que a mesma alcançará os resultados que Deus quer. Ora, se eu digo que por Deus ordenar o arrependimento de todos, Ele objetiva com isto a salvação de todos, logo tais objetivos não foram atingidos. Afinal, nem todos foram ou serão salvos. Entretanto, está claro que Deus faz toda a sua vontade, sendo assim, a graça salvífica ou irresistível não pode ser frustrada.

Eu anuncio o fim desde o princípio, e desde a antiguidade as coisas que ainda não sucederam; Eu digo: O meu conselho será firme, e farei toda a minha vontade” (Isaías 46:10).

Mais uma vez fica evidente o fato de que Deus fará toda a sua vontade. Se Ele então tem a vontade de salvar a todos, logo todos serão salvos. Então, se insistirmos que é da vontade Dele a salvação de todos, estaremos dizendo que os propósitos de Deus foram derrubados pelo querer do homem.

Conclusão

Penso então que se considerarmos tudo o que já foi escrito, não poderemos continuar crendo no ensino de que Deus pode desejar a salvação de alguém sendo que tal desejo não é concretizado. A graça irresistível é, portanto, uma graça triunfante; ela é a demostração de que Deus é soberano em regenerar os eleitos, objetivando com isto a salvação dos tais. Podemos então concluir dizendo que: a graça irresistível, de forma alguma, prega uma salvação na marra, apulso, ou que viola a vontade da criatura. Que a graça irresistível é a confirmação de que a vontade de Deus é, e sempre será realizada. E que até mesmo o aspecto prescritivo da vontade de Deus que é resistido, é resistido por que Deus em seu decreto assim o quer. De sorte que Deus continua e continuará soberano sobre todas as coisas.

Soli Deo Gloria



*** 26/08/2014



segunda-feira, 25 de agosto de 2014

“…mas eu sou carnal, vendido sob o pecado”








Mas afinal, por que é tão importante que a igreja enfatize esta verdade da depravação total? Por que enfatizar a terrível pecaminosidade do homem? Se alguém não enfatizar isto, ele irá eventualmente perder todas as outras doutrinas significativas da Escritura. Ninguém é capaz de compreender a expiação da cruz corretamente, se não entender devidamente o ensino escriturístico sobre a depravação. Aquele que não compreende devidamente o ensino da Escritura sobre a depravação, não compreende devidamente a depravação e portanto certamente não é capaz de entender corretamente a soberania de Deus, que faz todas as coisas em harmonia com Sua própria vontade.

Por este motivo, o cristão necessita compreender esta verdade e ensiná-la aos seus filhos. Cada filho de Deus precisa viver e andar consciente da depravação do homem natural. Não comece a admirar o que o mundo é e o que ele produz. Não comece a imitar e a invejar o mundo. Reconheça que todos os homens, incluindo nós mesmos, somos por natureza mortos em pecado. Em minha carne, disse Paulo, não existe nada de bom. Mas então entenda, o crente foi uma vez liberto de tal depravação, pois este foi completamente redimido pelo sangue do Cordeiro e somente por Ele.

Fonte - Depravação Total, por Gise Van Baren.
Traduzido do original em inglês “Total Depravity” - 25/08/2014



domingo, 24 de agosto de 2014

Sobre Pastores que são políticos.




 

Eu não vou deixar de ser embaixador da pátria celestial para ser simplesmente presidente dos Estados Unidos”.

A frase acima é de Billy Grahan, pastor e evangelista bastante popular nos EUA. Foi uma resposta para aqueles que o convidavam a ingressar na carreira política e pretendiam lança-lo à presidência da república. Convicto do seu chamado como pastor, recusou veementemente. Todavia, não deixou de ser relevante para a sociedade norte-americana, tendo acesso a Casa Branca e sendo conselheiro de vários chefes de Estado.


No Brasil, em anos de eleição vemos a candidatura de diversos pastores, que se arvoram na carreira política com o discurso de ser “luz” e mudar os rumos da nação através do exercício do seu mandato. E como existe o chavão “irmão vota em irmão”, pastor, então, sai na frente. Mas seria mesmo algo bom para um pastor e para a igreja envolver-se com a política partidária? Será que um pastor pode ser político ao mesmo tempo em que exerce o ministério eclesiástico?


Diante de um questionamento parecido, o Rev. John MacArthur respondeu assim: "Se você é um pregador de Jesus Cristo e você é um pastor então deve ser conhecido por proclamar o evangelho de Jesus Cristo e nada mais. Então, se você quiser servir em algo que não tem qualquer influência na eternidade, não tem qualquer influência no Reino de Deus, então você pode fazer isso. Mas um pastor fazer isso eu acho que é se prostituir, distanciando-se da sua vocação e da única coisa que faz a diferença que é a pregação do evangelho de Jesus Cristo e o avanço do Reino. (...) A Igreja precisa ficar fora da politicagem e votar na justiça, e ela precisa proclamar o evangelho."


João Calvino, tratando sobre o governo eclesiástico em sua obra máxima, as Institutas (Volume 4, Capítulo XV), combateu veementemente as pretensões do clero. Calvino lembra da discussão que houve, durante a santa ceia, sobre quem era o maior dentre os apóstolos (Lc 22:24-26). Segundo ele, Jesus freia à aspiração dos discípulos dizendo-lhes que o Reino dele não era temporal, mas sim espiritual. Não pertencente a este mundo, sendo assim, deixou claro que a tarefa dos seus apóstolos não poderia envolver uma administração mundana (lembrando que nesse contexto os integrantes do clero eram também, em bom número, prefeitos das cidades e detentores de cargos públicos).


O reformador também recorda o exemplo contido em Atos 6: 1-4. Ali houve uma contenda quanto a distribuição dos alimentos. As viúvas dos gregos reclamavam que não estavam sendo assistidas como as viúvas dos hebreus. Quando a queixa chegou até os apóstolos estes disseram: “Não é razoável que nós deixemos a palavra de Deus e sirvamos às mesas”. Assim, incubiram outros homens para realizar tal tarefa. Calvino então chega à seguinte conclusão: Se os apóstolos não se acharam dignos de conciliar as duas funções, a de administrar à Palavra e a de administrar o serviço da distribuição dos mantimentos, como é que os que desempenham a função eclesiástica se acham no direito de realizar esta dupla empresa? O resultado desse duplo empreendimento é deixar a deriva o rebanho do Senhor, realizando o trabalho que outra pessoa poderia muito bem realizar.


A questão não é demonizar a política e desmotivar cristãos que tem vocação para a magistratura civil. O cristianismo é capaz de se inserir em toda e qualquer esfera da sociedade, julgá-la e redimi-la através do exercício dos valores bíblicos. Um cristão pode sim ser um político e prestar um grande serviço para Deus e para a sociedade. Todavia, não compete aos ministros da Palavra realizarem tal função, pois não há tarefa mais honrosa e mais impactante para a sociedade do que ministrar o Evangelho de Cristo e promover o Reino dos Céus.


Paulo escrevendo ao jovem pastor Timóteo, compara o episcopado com uma figura militar (2Tm 2:3-4). As palavras do apóstolo dizem que “ninguém que milita se embaraça com negócios desta vida, a fim de agradar àquele que o alistou para a guerra”. Um soldado em campanha é um soldado executando as ordens do seu superior. Pouco interessa se ele é agricultor, pintor, professor, ou empresário. Ele não pode pensar nos seus negócios particulares quando está prestando seus serviços militares. É preciso foco, obediência e sobretudo uma entrega total e sacrificial.


Assim como o soldado em guerra deixa para trás a sua vida e não pensa em nada a não ser a guerra, o pastor também deve evitar tudo aquilo que desvie a sua atenção e mergulhe de cabeça no penoso, e ao mesmo tempo gratificante, ofício ministerial. Sendo assim, é fácil concluirmos que um pastor que tem vocação dupla está muito mais propenso a ter um desempenho ruim no seu episcopado. Imaginemos então ele exercendo um cargo político, seja no legislativo ou no executivo. Ele daria conta?


Governar uma cidade, um estado, um país, é algo que exige muito de qualquer pessoa. É desgastante ter que passar o dia fazendo diversas reuniões de planejamento, viagens com a mais diversificada finalidade e etc. Gerir a coisa pública não é o mesmo que gerir uma empresa. E temos já exemplos negativos dos pastores empresários. Isso posto, deixo bastante clara a posição de que o pastor não pode exercer cargo político. Se quer abraçar a carreira política, que abra mão do seu ministério e deixe de usar indevidamente o título de pastor.

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Fonte: Bereianos – 24/08/2014


domingo, 17 de agosto de 2014

Santidade – Objetivo todo-abrangente na vida de John Owen.






O que gostaria de fazer agora é tentar me aproximar do cerne daquilo que fez este homem notável e daquilo que o fez grande. Acredito que o Senhor quer que sejamos inspirados por este homem de uma profunda forma pessoal e espiritual. Parece que esta é a forma que ele tocou tanto as pessoas – como J.I. Packer e Sinclair Ferguson.

Acredito que as palavras dele que nos trazem mais próximos do coração e do objetivo de sua vida são encontradas no prefácio do pequeno livro A Mortificação do Pecado nos Crentes, que foi baseado nos sermões pregados aos estudantes e à comunidade acadêmica em Oxford:

Espero que eu possa possuir em sinceridade que o meu desejo de coração para com Deus, e o principal desígnio de minha vida.... é, que a mortificação e a santidade universal possam ser promovidas no meu e nos corações e caminhos dos outros, para a glória de Deus, a fim de que o Evangelho de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo possa ser adornado em todas as coisas.

Isto foi em 1656. Owen tinha 40 anos de idade. Vinte e cinco anos depois ele ainda estava tocando a mesma nota em suas pregações e escritos. Em 1681, ele publicou The Grace and Duty of Being Spiritually Minded [A Graça e o Dever de Ser Espiritualmente Orientado].

Sinclair Ferguson está provavelmente correto quando diz “Tudo que ele escreveu a seus contemporâneos têm um objetivo prático e pastoral em vista – a promoção da verdadeira vida cristã”– em outras palavras, a mortificação do pecado e o avanço da santidade.

Este foi seu encargo não somente para as igrejas, mas também para a Universidade, quando estava lá. Peter Toon diz: “A ênfase especial de Owen era insistir que o inteiro currículo acadêmico deveria ser imerso em pregação, catecismo e oração. Ele queria que os graduados de Oxford não somente fossem proficientes em Artes e Ciências, mas que também aspirassem à piedade.”

Mesmo em suas mensagens políticas – os sermões ao Parlamento – o tema era repetidamente santidade. Ele baseou isto na linha de pensamento do Antigo Testamento – que “o povo de Israel estava nas melhores condições quando seus líderes eram piedosos.”

Portanto, o ponto principal dele era que o legislativo deveria ser composto por pessoas santas. Sua preocupação de que o Evangelho se espalhasse e fosse adornado com santidade não era apenas um encargo para sua terra natal, a Inglaterra. Quando ele voltou para a Irlanda em 1650, onde viu as forças inglesas, sob as ordens de Cromwell, dizimar a Irlanda, ele pregou no Parlamento e clamou por outro tipo de guerra:

“Como Jesus Cristo pode estar na Irlanda apenas como um leão que mancha suas vestes com o sangue dos seus inimigos; e ninguém o sustenta como um Cordeiro que derramou Seu próprio sangue por seus amigos?... Isto é lidar corretamente com o Senhor Jesus? – chamá-lo para a batalha e tirar-lhe a coroa? Deus foi fiel convosco ao fazer grandes coisas por vocês; sejam fiéis nisto – dêem o seu máximo pela pregação do Evangelho na Irlanda”.

De seus próprios escritos, e do testemunho de outros, parece justo dizer que o objetivo da santidade pessoal em toda a vida, e a mortificação de todo pecado conhecido, foi o trabalho não somente de seus ensinamentos, mas de sua própria vida pessoal também.

David Clarkson, seu associado pastoral nos anos finais do ministério de Owen, dirigiu o seu funeral. Nele, ele disse: Uma grande luz se apagou; uma de eminência pela santidade, conhecimento, qualidades e habilidades; um pastor, um erudito, um santo de primeira magnitude; a santidade deu um resplender divino às suas outras realizações, ela brilhou em todo o seu curso, e foi difundida através de toda a sua conversação.

John Stoughton disse que “Sua piedade igualou-se a sua erudição”. Thomans Chalmers da Escócia comenta em On Nature, Power, Deceit, and Prevalence of Indwelling Sin in Believers [Sobre a Natureza, Poder, Engano e Prevalência do Pecado Interior nos Crentes]: “É mais importante ser instruído neste assunto por alguém que alcançou tais patamares em santidade, e cujo conhecimento profundo e experimental da vida espiritual o capacitou tão bem a detalhar sua natureza e operações”.

John Piper

Fonte -  O Calvinista – 17/08/2014



sexta-feira, 15 de agosto de 2014

O Domínio do Pecado – João Calvino.






O PECADO INFESTA E DOMINA A TODO O SER HUMANO

Por essa razão eu disse que, desde que Adão se apartou da fonte da justiça, todas as partes da alma vieram a ser possuídas pelo pecado. Pois não só o seduziu um desejo inferior; ao contrário, a nefanda impiedade ocupou a própria cidadela da mente, e o orgulho penetrou ao mais recôndito do coração, de sorte que é improcedente e estulto restringir a corrupção que daí emanou apenas ao que chamam impulsos sensuais, ou chamar “foco de fogo” que atrai, excita e arrasta o pecado somente a parte que compreende a sensualidade.

Nisto Pedro Lombardo pôs à mostra crassa ignorância, ou, seja, buscando e investigando a sede do pecado, afirma que ela está na carne, o que, a seu ver, Paulo atesta, ainda que não de forma estrita, mas porque o pecado se faz ainda patente na carne. Aliás, é como se Paulo tivesse em mira apenas uma parcela da alma e não a natureza toda, a qual se opõe à graça supernatural! E Paulo remove toda dúvida, ensinando que a corrupção não reside apenas em uma parte; ao contrário, que nada há incontaminado ou inafetado por sua mortífera peçonha. Ora, discorrendo a respeito da natureza corrupta, Paulo não só condena os desordenados impulsos dos  apetites, que se fazem explícitos, mas sobretudo insiste em que a mente está entregue à cegueira e o coração, à depravação [Ef 4.17, 18]. E esse terceiro capítulo da Epístola aos Romanos outra coisa não é senão uma descrição do pecado original.

Isto se mostra mais claramente à luz da renovação regeneracional. Ora, o termo espírito, que se contrapõe a velho homem e carne, não denota simplesmente a graça pela qual é retificada a parte inferior ou sensória da alma; pelo contrário, abrange a plena reforma de todas as partes. E por isso Paulo prescreve não apenas que se reduzam a nada os apetites vis, mas ainda que sejamos renovados no espírito de nosso entendimento [Ef 4.23], assim como também, em outra passagem [Rm 12.2], insta a que sejamos transformados em novidade da mente. Do quê se segue que aquela parte em que refulge sobremaneira a excelência e nobreza da alma foi não só ferida, mas até corrompida, a tal ponto que tem necessidade não apenas de ser curada, mas também de revestir-se de natureza quase que nova.

Até onde o pecado domina, não só à mente, mas ainda ao coração, veremos de imediato. Aqui tive o propósito de apenas sumariamente abordar o fato de que o homem inteiro, da cabeça aos pés, foi, como por um dilúvio, de tal modo assolado, que nenhuma parte ficou isenta de pecado, e em conseqüência tudo quanto dele procede deve ser imputado ao pecado. Como Paulo diz [Rm 8.6, 7]: todos os afetos ou cogitações da carne são inimizades contra Deus; e por isso, morte.

Fonte – O Calvinista – 15/08/2014