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domingo, 22 de fevereiro de 2015

Os benefícios de não ignorar a Eleição em sua Bíblia.




 Muitas pessoas acham que a doutrina da eleição é inútil e talvez até mesmo perniciosa. Não é nada disso. Faz parte do ensino inspirado da Bíblia e é, portanto, "útil," como Paulo insistiu que toda a Bíblia é (2 Tm 3:16-17). Eis aqui uma rápida visão sobre como a eleição impacta coisas como o evangelismo e a adoração:

1. A Eleição nos torna humildes. Aqueles que não entendem a eleição freqüentemente supõem o oposto, e é verdade que aqueles que acreditam na eleição às vezes parecem ser orgulhosos ou presunçosos. Mas isso é uma aberração. Deus nos diz que ele escolheu alguns completamente pela graça e completamente à parte do mérito ou até mesmo de alguma habilidade de receber a graça. Ele fez assim precisamente para que orgulho fosse eliminado: "Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie." (Ef 2:8-9).

"Quem pode admirar um Deus que é frustrado pela vontade rebelde dos seres humanos?"

2. A Eleição encoraja nosso amor a Deus. Se nós temos uma parte em nossa salvação, mesmo que pequena, então nosso amor a Deus é diminuído exatamente daquela quantia. Se, por outro lado, tudo vem de Deus, então nosso amor a Ele deve ser ilimitado. Tristemente, a igreja de hoje freqüentemente considera o amor de Deus como algo garantido. "É claro que Deus me ama”, nós dizemos. "Eu me amo; por que Deus também não me amaria?". É como a pequena menina que adorava o tema do dinossauro Barney na televisão ("eu te amo, você me ama; nós somos uma família feliz"). Mas ela acabou cantando assim: "Eu me amo, você me ama; nós somos uma família feliz." É assim que nós tendemos a pensar a respeito do amor de Deus. Nós achamos que merecemos o Seu amor. Entender que somos eleitos só pela graça arruína o nosso modo egocêntrico e presunçoso de pensar.

3. A Eleição enriquecerá nossa adoração. Quem pode admirar um Deus que é frustrado pela vontade rebelde dos seres humanos? Martinho Lutero escreveu, "não é irreligioso, ocioso, ou supérfluo, e sim saudável e necessário no mais alto grau para um Cristão saber se a sua vontade tem ou não qualquer coisa a ver com assuntos que pertencem à salvação... Porque se eu for ignorante quanto à natureza, extensão e limites do que eu posso e tenho que fazer com relação a Deus, eu também serei igualmente ignorante e inseguro quanto à natureza, extensão e limites do que Deus pode e deseja fazer em mim – ainda que Deus, na realidade, faça tudo em todos. Agora, se eu sou ignorante quanto às obras e o poder de Deus, eu sou ignorante do próprio Deus; e se eu não conheço a Deus, eu não posso adorá-lO, louvá-lO, dar-Lhe graças, ou servi-lO, porque eu não sei o quanto eu deveria atribuir a mim e o quanto a Ele. Portanto, nós precisamos ter em mente uma distinção clara entre o poder de Deus e o nosso, entre a obra de Deus e a nossa, se quisermos viver uma vida santa."

"Se Deus não chama eficazmente pecadores a Cristo, é certo que nós também não temos condições de fazê-lo."

4. A Eleição nos encoraja em nosso evangelismo. As pessoas costumam supor que se Deus vai salvar certos indivíduos, então Ele os salvará, e não há nenhum sentido em nós termos qualquer coisa a ver com isso. Mas não é assim que funciona. A Eleição não exclui o uso dos meios pelos quais Deus trabalha, e a proclamação do Evangelho é um desses meios (1 Co 1:21).

Além disso, é só a verdade da eleição que nos dá alguma esperança de sucesso quando proclamamos o Evangelho a homens e mulheres não-salvos. Se o coração de um pecador é tão oposto a Deus quanto a Bíblia declara ser, e se Deus não elege as pessoas para a salvação, então que esperança de sucesso poderíamos ter com o nosso testemunho? Se Deus não chama eficazmente pecadores a Cristo, é certo que nós também não temos condições de fazê-lo. Ainda mais, se o agente efetivo da salvação não é a escolha e o chamado de Deus - se a escolha depende do indivíduo ou de nós, por causa de nossa capacidade de persuadir outros para aceitar a Cristo - como nós poderíamos sequer ousar testemunhar? E se nós cometermos um erro? E se dermos uma resposta errada? E se nós formos insensíveis às reais perguntas da pessoa? Se isso acontecer, as pessoas não crerão. Elas podem no fim ir para o inferno, e o destino eterno delas será em parte culpa nossa, e como poderá qualquer cristão que pensa e sente, viver com algo assim?

Mas por outro lado, se Deus elegeu alguns para a salvação e se ele está chamando esses indivíduos eleitos a Cristo, então nós podemos ir em frente corajosamente, sabendo que o nosso testemunho não precisa ser perfeito, que Deus usa até mesmo testemunhos fracos e gaguejantes para derramar a sua graça e, melhor de tudo, que todos aqueles que Deus escolheu para a salvação serão salvos. Nós podemos ser destemidos, sabendo que todos os que são chamados por Deus certamente virão a Ele.

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Fonte: Extraído do blog OldTruth.com
Fonte original: The Doctrines of Grace: Rediscovering the Essentials of Evangelicalism (As Doutrinas da Graça: Redescobrindo os Princípios Básicos do Evangelicalismo).
Tradução: centurio



terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Navigium Isidis - Origem do Carnaval.





A expressão latim Navigium Isidis significa: “Navegação de Isis”, nome dado a uma festividade romana, anual, dedicada a Isis. Ela era uma deusa egípcia. Apesar de ser uma entidade egípcia, tornou-se popular entre os gregos e chegou a Roma, no período helenístico, com seu culto e festividade, os quais integravam religiões de mistério. As festas incluíam uso de máscaras para ocultar a identidade dos participantes, orgia pública em nome do amor, bebedices, mutilação de genitais, simbologias pagãs e, dentre outras práticas, uso de grandes carros, em forma de navios, que tomavam as ruas da cidade anunciando a chegada de Osíris (esposo de Isis na Mitologia Egípcia).¹ Tal festividade sobreviveu a grandes perseguições, em Roma, em razão da sua característica religiosamente sincrética e tolerante, ao contrário do Cristianismo primitivo, motivo pelo qual foi rigidamente perseguido.

Esta celebração prevaleceu no Panteão Romano até o IV Século quando o Cristianismo foi declarado religião oficial do Império. Daí em diante, Navigium Isidis tornou-se uma prática proibida, porém, clandestinamente, perpetuou-se até ser incorporada, pela Igreja Católica Romana, na Idade Média (após adaptações) e renomeada como carnis valles (latim: “prazeres da carne”) que deu origem à palavra carnaval em Português. O carnaval era um período, de sete dias, antes da carnis levare (sem carne) ou Quaresma (40 dias antes da Páscoa sem contar os domingos). Autorizadas pela Igreja, as pessoas poderiam explorar nestes sete dias de carnaval incessantes prazeres da carne, porém a Quaresma, iniciada pela Quarta-Feira de Cinzas (1º dia), deveria ser respeitada com jejum, período este em que a carne vermelha estaria proibida.


O carnaval chegou ao Brasil através dos portugueses e rapidamente foi aceito, tornando-o, séculos depois, conhecido em todo o mundo por tais festividades repletas de criatividade artesanal, carros alegóricos e coloridos, mulheres seminuas e danças sensuais.


A palavra “carne”, tanto no Antigo quanto no Novo Testamento possui 262 ocorrências (basar ou sarx) e seus principais significados são a carne como alimento, constituição física do homem ou animal, semelhança ou parentesco humano; contudo, sobressai, especialmente no Novo Testamento, o sentido de desejo e práticas pecaminosas, como existência humana em oposição à santidade de Deus e por ele exigida, como destaca o apóstolo Paulo em Romanos 7:5, 8:7-8, 13:14 e Gálatas 5:19-21, e a Confissão de Fé de Westminster.² Os prazeres da carne, neste sentido, nunca foram aceitos pelas Escrituras como prática dos verdadeiros cristãos.


Por que, como Igreja, não incentivamos ou celebramos o carnaval apenas como festividade em si, sem conotação religiosa?


Primeiro, porque é uma festividade de natureza historicamente religiosa, segundo a qual promove idolatria. Sem o aspecto religioso, não é carnaval.


Segundo, porque, como Igreja, honramos única e exclusivamente o Deus Trino, ou seja: Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo.


Terceiro, porque os desejos pecaminosos inerentes à raça humana são intensamente provocados na prática que envolve obras contrárias à santificação. Alguém poderia interpretá-la como uma festa ingênua e sem motivação idólatra, mas isto não muda a sua realidade.


À semelhança do carnaval, qualquer festividade que promova a idolatria e a licenciosidade moral ou social, é claramente desautorizada pelas Escrituras. Não somos contra festas ou contra a promoção de alegria, mas sim a qualquer meio festivo que desobedeça ao ensino bíblico de honrar somente a Deus por meio de Jesus Cristo, bem como de desenvolver a santificação da sua Igreja. Leia também 1 Tessalonicenses 4:3-8. 


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Notas:
[1] BAILE, 2006, p. 13-22 e 39; GONZÁLES, 2007, p. 27
[2] Confissão de Fé de Westminster, I-1, XIII-2


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segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

A lógica calvinista na Trindade.





As doutrinas da graça dependem umas das outras, e juntas elas apontam para uma verdade central: a salvação ocorre inteiramente pela graça, porque ela pertence inteiramente a Deus. E por ser inteiramente dele, ela é inteiramente para a sua glória.

Para que possamos apreciar a glória de Deus nas doutrinas da graça em toda sua plenitude, é útil reconhecer o papel desempenhado por cada pessoa da Trindade nos cinco Pontos do Calvinismo. A eleição é a escolha de Deus Pai. A expiação é o sacrifício de Deus Filho. A graça que nos leva a Cristo e nos capacita a perseverar até o fim é a obra de Deus Espírito Santo. Assim, a salvação é uma obra divina do início ao fim – o trabalho coordenado do Deus triúno –, como é necessário para que sejamos salvos. Leve o seguinte em consideração: se estamos realmente mortos em nossos pecados (depravação radical), só Deus poderia nos escolher em Cristo (eleição incondicional), somente Cristo poderia expiar os nossos pecados (redenção particular), e somente o Espírito poderia nos levar a Cristo (graça eficaz) e nos preservar nele (graça perseverante). Portanto, todo louvor e glória pertencem somente a Deus: “Pois dele, por ele e para ele são todas as coisas. A ele seja a glória para sempre!” (Rm 11.36)
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Fonte: As Doutrinas da Graça, pág. 39. Editora Anno Domini



domingo, 1 de fevereiro de 2015

Sem a graça de Deus não tem graça.





A Tese 62 de Lutero diz: “O verdadeiro tesouro da Igreja é o santíssimo Evangelho da glória e da graça de Deus”. É correto afirmar que a graça de Deus abrange todas as coisas, pois para qualquer coisa existente, se não houvesse a graça de Deus não teria a mínima graça.

A graça e a salvação


A graça de Deus é o cerne do Evangelho o qual existe desde o Antigo Testamento (Gl 3.8). Sendo assim, a salvação sempre foi apregoada pela graça de Deus.


A graça de Deus, segundo alguns, completa aquilo que faltava no pecador. Essa visão é totalmente errônea, pois o Homem, sendo um pecador, não há nada nele que possa ser utilizado se não fora dado pela própria graça de Deus. Como Deus nos diz: “Ó vós, todos os que tendes sede, vinde às águas, e os que não tendes dinheiro, vinde, comprai, e comei; sim, vinde e comprai, sem dinheiro e sem preço, vinho e leite” (Is 55.1). Veja que a graça é oferecida aos que não tem dinheiro, e não aos que não tem dinheiro suficiente.


A graça de Deus salvadora é concedida a todos quantos por quem Seu Filho morreu para remir toda a iniquidade, e purificar para si um povo todo seu, zeloso de boas obras (Tt 2.14). E esses mesmos a quem a graça se revela são os mesmos que Deus estava irado, os quais, segundo o apóstolo, não eram justos, não entendiam, não buscavam a Deus, não faziam o bem e nem havia um sequer que o fizesse (Rm 3.10-12). Ou seja, a graça de Deus ninguém merece, mas Deus nos concede pela sua misericórdia, onde que, Cristo satisfez a ira de Deus em nosso lugar. Portanto, só reconheceremos a graça de Deus na salvação quando entendermos realmente quem é a humanidade: “A imaginação do coração do homem é má desde a sua meninice” (Gn 8.21); “Eis que eu nasci em iniquidade, e em pecado me concedeu minha mãe” (Sl 51.5); “Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas, cada um se desviava pelo seu caminho; mas o Senhor fez cair sobre ele a iniquidade de todos nós” (Is 53.6).


Sendo assim, podemos ver que:

- A graça de Deus deve ser retratada no contexto de que nós já fomos inimigos de Deus, merecedores do inferno eterno.

- A graça de Deus age sem ver o pecador com mais ou menos merecimento, mas trata a pessoa sem qualquer referência de merecimento e segundo a bondade de Deus infinita.

- A graça de Deus não é meritória. Não fizemos nada para merecê-la. Éramos devedores de Deus, devíamos um valor altíssimo, mas Deus perdoou a nossa dívida.

- Como já vimos, não fizemos nada para que a merecesse. Mas recebemos a graça de Deus para que façamos boas obras. As nossas boas obras são frutos desta graça Divina. Sendo assim, fomos justificados pela graça de Deus e não pelas obras (Rm 3.24).

- A graça não passou a existir com a vinda de Cristo, porque a graça é eterna, como o próprio Paulo diz: “não segundo as nossas obras, mas conforme a sua própria determinação e graça que nos foi dada em Cristo Jesus, antes dos tempos eternos, e manifestada, agora, pelo aparecimento de nosso Salvador Cristo Jesus, o qual não só destruiu a morte, como trouxe à luz a vida e a imortalidade, mediante o evangelho” (2Tm 1.9,10).

- O fato da graça de Deus ser não meritória mostra claramente que Deus é soberano, não sendo obrigado a derramar essa graça sobre todos. Pois, se Deus fosse obrigado a derramar a graça sobre toda a humanidade, logo, a graça já não seria graça.

- Por fim, a graça de Deus atua em toda a nossa salvação. Pois fomos eleitos pela graça de Deus (Rm 11.5), a nossa regeneração foi pela graça (Ef 2.5; Tt 3.5-7), a nossa redenção (2Co 8.9; Ef 1.7), nossa justificação (Rm 3.24), de fato, toda a nossa salvação é pela graça de Deus (Ef 2.8).


A graça comum


Alguns teólogos reformados negam a graça comum de Deus, por entenderem que; se Deus age graciosamente (graça providencial) Ele deverá amar todas as pessoas indistintamente. Outros negam o termo graça comum pelo fato da Bíblia não mostrar que Deus dê a sua graça aos ímpios não eleitos. Mas isso é brigar por definição de termo, sendo que, o fim é o mesmo. Nós não podemos negar que Deus dê benefícios para todos os povos, sendo que, há pessoas entre esses povos que não serão salvas, mas são beneficiadas pela graça de Deus. Como vimos acima, graça é uma dadiva de Deus a um pecador que não merece nada de Deus. Sendo assim, todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus, e mesmo assim, Deus concede dons e talentos a cada pecador, como esses textos nos mostram:


E Ada deu à luz a Jabal; este foi o pai dos que habitam em tendas e têm gado” (Gn 4.20);


E o nome do seu irmão era Jubal; este foi o pai de todos os que tocam harpa e órgão” (Gn 4.21);


E Zilá também deu à luz a Tubalcaim, mestre de toda a obra de cobre e ferro; e a irmã de Tubalcaim foi Noema” (Gn 4.22);


Em meio ao endurecimento progressivo do pecado – poligamia e a vingança grosseira e injusta – Deus concede dons e talentos quanto a extensão do mandato cultura, desde agricultura animal (Gn 4.20) às artes (Gn 4.21) e às ciências (Gn 4.22). Como Deus concede tais graças à uma descendência ímpia? Não sei, mas isso se chama graça comum. Da mesma forma como mostra o nosso Senhor Jesus que Deus “faz que o seu sol se levante sobre maus e bons, e a chuva desça sobre justos e injustos” (Mt 5.45).


Sendo assim, não podemos confundir graça comum com a graça salvadora mostrada acima, como nos mostra Michael Horton:

A graça comum beneficia a humanidade caída em termos da presente época, mas não traz a era futura, ou seja, não faz acontecer o reino de Deus. Não salva os malfeitores do juízo vindouro, nem redime a arte, a cultura, o estado ou as famílias. Diferente da graça salvadora. A graça comum se restringe ao mundo atual até o dia do juízo e não impedirá a mão de Deus de agir com justiça naquele temível dia.[1]


Quanto a nós cristãos, não devemos menosprezar a graça comum, pois além de recebermos a graça salvadora nós temos a graça comum em nossas vidas antes mesmo de aceitarmos a fé. Mas a questão é que todos os nossos atos, frutos desta graça comum, não devem ser para o nosso prazer último. Mas que os nossos atos devem ser feitos visando à glória de Deus, mostrando em nossos feitos uma vida redimida pelo Santo Espirito de Deus.

Certa feita um sapateiro perguntou a Lutero “de que forma poderia servir a Deus da melhor maneira”, Lutero respondeu: “Faça um bom sapato e venda por um preço justo”. A graça comum que recebemos antes de nossa conversão, agora, depois de converso, deve ser mostrada em dignidade e em conformidade com o Evangelho.


Se vestindo da graça


Porque a graça salvadora de Deus se há manifestado a todos os homens. Ensinando-nos que, renunciando à impiedade e às concupiscências mundanas, vivamos neste presente século sóbria, e justa, e piamente.” - Tito 2.11,12


Vimos sobre a graça de Deus na salvação, como ela atua na salvação do pecador e vimos sobre a graça de Deus como providência geral na humanidade. Agora, tentarei mostrar a graça de Deus na vida dos eleitos. O texto acima nos mostra que a graça de Deus nos ensina a dizer “não” para a impiedade e para as paixões mundanas, para poder viver no século presente uma vida piedosa. No entanto, quero focar em cinco características que são relacionados à graça: a gratidão, o contentamento, a humildade, a paciência e o perdão.[2]


A) Gratidão


Entrai pelas portas dele com gratidão, e em seus átrios com louvor; louvai-o, e bendizei o seu nome. Porque o Senhor é bom, e eterna a sua misericórdia; e a sua verdade dura de geração em geração.” - Salmo 100.4,5


A primeira característica que deve fluir por causa da graça de Deus é a gratidão a Ele. Tudo o que somos e tudo o que fazemos são frutos da graça de Deus em nós, por isso devemos ser gratos a Deus. Ser grato a Deus é reconhecer o Seu cuidado em nós, tanto a sua bondade quanto a sua fidelidade. Não ser grato a Deus reflete a nossa imoralidade, como o próprio Paulo disse: “Porquanto, tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças, antes em seus discursos se desvaneceram, e o seu coração insensato se obscureceu” (Rm 1.21). Glorificar a Deus é reconhecer a majestade e dignidade de Sua pessoa. Dar graças a Deus é reconhecer a generosidade de Suas mãos em suprir-nos e cuidar de nós. Se a nossa vida não é de gratidão a Deus, nós, possivelmente, estamos servindo a outro deus que não é o Deus Todo Poderoso.


B) Contentamento


De fato, grande fonte de lucro é a piedade com o contentamento.” - 1 Timóteo 6.6


O contentamento é uma forma de mostrar que o coração está centrado em Deus. Pois, quando o pecador redimido entende realmente que foi alcançado pela graça de Deus, sem a qual não poderia nem viver neste mundo feito por Ele, tal pecador se contenta com aquilo que Deus lhe deu. Agora, quando estamos descontentes com algo, isso expressa a nossa ingratidão com Deus, passando a viver pelas obras e achando que merecemos mais do que recebemos. Um espírito pobre prestigia as riquezas do mundo estando descontente. Mas uma alma viva pela graça de Deus flui o contentamento, reconhecendo que não recebe o que realmente merece, mas diariamente recebe aquilo que não merecia.


C) Humildade


Porque todo o que se exalta, será humilhado; mas o que se humilha, será exaltado.” - Lucas 18.14


Humildade não significa que temos que negar o que há de bom em nós, mas sim, entender que o que há de bom em nós só existe porque isso é devido à graça de Deus. A humildade não é somente recomendada por Deus (Is 57.15; 66.1,2), como também, a humildade foi exibida plenamente em Seu Único Filho: “E, reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente ate a morte, e morte de cruz” (Fp 2.7,8). Sendo assim, quando olhamos para a graça de Deus temos que ter em mente o que disse o apóstolo: “Porque, quem te faz diferente? E que tens tu que não tenhas recebido? E, se o recebeste, por que te glorias, como se não o houveras recebido?” (1Co 4.7). Toda habilidade e toda vantagem que temos vem do próprio Deus e foram nos dada para servimos a Deus, e não nos gloriarmos naquilo que não merecíamos.


D) Paciência


Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e amados, de entranhas de… longanimidade.”  - Colossenses 3.12


A paciência na Bíblia é muitas vezes retratada como longanimidade (tardio em irar-se). Todas as vezes que não somos pacientes nós estamos mostrando que não merecíamos a longanimidade de Deus. Pois, Deus sendo eternamente justo, tinha todas as razões para que nos lançássemos ao inferno. Portanto, para um crente que reconheceu a graça de Deus em sua vida ele buscará a todo momento essa paciência com seu próximo, pois a paciência é acompanhada da unidade, carinho e amor (Ef 4.1-3).


E) Perdão


… perdoando-vos uns aos outros.” - Colossenses 3.13


O perdão está acompanhado da paciência, porque se nós formos pacientes, saberemos perdoar. Porque, este pecador redimido entende que Deus foi longânimo e perdoador. Pois, éramos fortes candidatos ao inferno, mas Deus nos perdoou de toda iniquidade e continua nos perdoando. Logo, a oração do Pai Nosso retrata bem o perdão de Deus em nossas vidas quando diz: “E perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores” (Mt 6.12). Se nós entendemos de fato a graça de Deus em nossas vidas, nós perdoaremos o nosso próximo que erra da mesma forma que nós.


Conclusão


A graça de Deus está em nossas vidas desde o momento em que Deus permitiu que mais um pecador nascesse nesta criação feita por Deus. A nossa concepção foi por causa da graça de Deus, todo o trabalho que o médico teve em conduzir o parto foi pela graça de Deus que nos atingiu. A nossa vida familiar, no trabalho e/ou na igreja é por causa da graça de Deus. Se não fosse a graça de Deus não teria a mínima graça. A compreensão desta graça que Deus concede, nos ajuda a entender o tamanho deste Deus e como Ele é bom, pois Deus age em todas as coisas para a Sua própria glória, até por meio de algumas coisas que não entendemos, Deus age graciosamente.


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Notas:
[1] HORTON, Michael. Bom demais para ser verdade: encontrando esperança num mundo de ilusão. Tradução: Elizabeth Gomes. São José dos Campos [SP]: Editora Fiel, 2013, p. 109.
[2] Essa divisão foi proposta pelo escritor Jerry Bridges em seu livro Graça que transforma. Tradução: Elizabeth Stowell Charles Gomes [SP]: Cultura Cristã, 2007, p.194

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Fonte: Bereianos