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sábado, 27 de junho de 2015

Creio em Deus Pai Todo Poderoso.





Credo Apostólico, segundo alguns estudiosos, é um dos documentos mais antigos que temos na história da igreja - datado do 2º século, e é de onde tiramos a frase que intitula este artigo.

Eu pretendo, de forma breve, analisar algumas doutrinas implícitas em cada parte que compõe o documento. O Credo pode ser dividido em três partes, que mostram uma confissão clara na doutrina da Trindade: Creio em Deus, Creio em Jesus e Creio no Espírito. 


Na primeira parte o Credo resume de forma simples e profunda quem é Deus.


       • Deus é Pai

       • Deus é Todo Poderoso
       • Deus é criador do céu e da terra


1. Deus é Pai


Algumas pessoas influenciadas por teologias fracas, direta ou indiretamente, creem que Deus é Pai de todos (um tipo de Odim). A Bíblia mostra que Adão foi criado à imagem de Deus, logo toda a humanidade possui a imagem de Deus (Tg 3.9). Com a queda de nossos primeiros pais, toda a humanidade perdeu a comunhão com Deus, sendo Deus o nosso inimigo número um. Os textos abaixo mostram que, antes de sermos adotados, não éramos filhos de Deus:
Em que noutro tempo andastes segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe das potestades do ar, do espírito que agora opera nos filhos da desobediência.” Ef 2.2 (ênfase acrescentada) 
“... éramos por natureza filhos da ira, como os outros também.” Ef 2.3c (ênfase acrescentada)  
Vós tendes por pai ao diabo, e quereis satisfazer os desejos de vosso pai.” Jo 8.44a (ênfase acrescentada) 

 Essas três passagens do Novo Testamento mostram enfaticamente de que todos quantos vivem debaixo do pecado não são filhos de Deus. Jesus em João 8.42 diz, “se estes que são filhos do Diabo, fossem filhos de Deus eles amariam a Cristo. Uma das provas que podemos ver se alguém é filho de Deus, é ver se esta pessoa vive a cada dia amando a Cristo. Amando não da boca para fora, mas sabendo quem Ele era e é, e o que Ele fez na cruz em favor de muitos. Uma vida de amor por Cristo, é uma vida de submissão, assim como a mulher é submissa ao seu marido. 


Como o pecador pode se tornar filho de Deus?
 

Somente pela adoção. A adoção, segundo J.I Packer, é transformar o seu povo em seus filhos.[1] A adoção é o coroamento da justificação (o ato pelo qual Deus, o Juiz do Mundo, nos aceita). Por intermédio da morte de Cristo fomos resgatados para que recebêssemos a adoção de filhos (Gl 4.4,5). O termo adoção, descrito por Paulo em Gálatas 4, mostra claramente que nós não éramos filhos de Deus.

Aqueles que são adotados são os mesmos que são nascidos da vontade de Deus (Nasceram de novo – Regeneração), Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que crêem no seu nome; os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus.” (João 1.12-13). E assim, somos herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo (Rm 8.17).


As evidências da nossa filiação


Guiados pelo Espírito - “Pois todos os que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus.” (Rm 8.14). 


Ser guiado pelo Espírito de Deus, neste caso, não quer dizer que Deus me levou a aceitar aquele emprego, ou aquele ou aquela namorada. Quando o Espírito nos guia, o caminho pelo qual Ele nos conduz é o caminho da justiça para a santificação. Ele inclina o nosso coração a servir a Deus, a ter fome e sede para obedecer a Cristo. 


R.C. Sproul diz:
“Não é uma questão de biologia, mas de obediência. Somos filhos daquele a quem obedecemos e, se obedecemos à concupiscência da carne, se obedecemos às tendências de Satanás, então somos filhos do diabo, não de Abraão ou de Deus. É por isso que Paulo diz que aqueles cujas vidas são dirigidas pelo Espirito de Deus são filhos de Deus, eles seguem e obedecem àquele que os leva ao caminho de Deus.” [2]

Testemunho interno do Espírito
 - “O próprio Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus.” (Rm 8.16)

O meio pelo qual o Espírito testifica que somos filhos de Deus não é de modo místico ou algo sussurrado em nossos ouvidos: “Calma, você é um dos nossos”. O meio pelo qual o Espírito testifica é com, e através, da Palavra de Deus. Se quisermos ser guiados pelo Espírito de Deus, mergulhemos na Palavra dEle. Ela é a lâmpada para nossos pés e a luz do nosso caminho (Sl 119.105). 


Fruto do Espírito – “Nisto são manifestos os filhos de Deus e os filhos do diabo: todo aquele que não pratica justiça não procede de Deus, nem aquele que não ama a seu irmão.” (1 Jo 3.10)


Paulo exorta em Gálatas 5.25 de que devemos andar no Espírito, e versos antes mostra que o Espírito produz fruto. Logo, a nossa vida, constantemente, deve ter como amostra de que andamos no Espírito e somos filhos de Deus, o fruto descrito em Gálatas 5.22,23. 


Obediência - “Porque qualquer que fizer a vontade de meu Pai celeste, esse é meu irmão, irmã e mãe.” (Mt 12.50)


Aqueles que obedecem a Deus, estes, segundo Jesus Cristo, fazem parte da família de Cristo. Porque no último dia muitos dirão que “profetizaram, expulsaram demônios e que fizeram várias maravilhas”. E Cristo lhes dirá abertamente “nunca vos conheci, apartem-vos de mim, os que praticais a iniqüidade.” (Mt 7.22,23). A vontade de Deus está revelada em Sua própria Palavra, obedeçamos. 


Comunhão integral – “o que temos visto e ouvido anunciaram também a vós outros, para que vós, igualmente, mantenhais comunhão conosco. Ora, a nossa comunhão é com o Pai e com seu Filho, Jesus Cristo”. (1 Jo 1.3)


Se somos filhos de Deus então somos irmãos de Cristo, o nosso Senhor. Logo, todos quantos foram comprados por Cristo são nossos irmãos. Portanto, temos que desenvolver essa comunhão com Deus e Cristo em nossa união fraterna como igreja, corpo de Cristo. Pois não há sentido de que um membro viva fora do seu corpo, que é Cristo. 


São disciplinados por Deus - “porque o Senhor corrige a quem ama e açoita a todo filho a quem recebe”. (Hb 12.6)


Os filhos de Deus, quando pecam, são disciplinados por Deus para que abandonem os seus pecados e se arrependam, para que se tornem participantes de sua santidade (Hb 12.10). Todas as vezes que Deus nos corrige, não nos corrige porque Ele é sádico ou vingativo, mas porque Ele quer que sejamos recuperados. O fato de Deus nos corrigir mostra o quanto Ele nos ama, pois se não nos amasse Ele não corrigiria os nossos pecados, mas nos lançaria no inferno após pecarmos contra Ele. 


Que o nosso entendimento da disciplina de Deus seja como a do salmista: “Foi-me bom ter eu passado pela aflição, para que aprendesse os teus decretos” (Sl 119.71). 


E assim podemos entender o que diz a pergunta 33 do Catecismo de Heidelberg:
“Por que é Ele chamado Filho UNIGÊNITO DE DEUS, se nós também somos filhos de Deus?” 
Resposta: “Porque só Cristo é o Filho eterno de Deus, ao passo que nós, por sua causa, e pela graça, somos recebidos como filhos de Deus”. 

2. Deus é Todo Poderoso


Ao invés de tratar do título “Todo Poderoso”, tentarei tratar de um tema muito complicado: o problema do mal. 


Sei que é difícil tratar deste tema, mas creio que vale algumas reflexões sobre o assunto. 


O famoso dilema se mostra assim:


        1. Se Deus é onipotente, ele pode impedir o mal.

        2. Se Deus é bom, ele quer impedir o mal.
        3. Mas o mal existe.
        Conclusão: Ou Deus não é onipotente, ou não é bom.[3] 


Como um Deus Todo Poderoso, como mostra a Escritura e testifica o Credo, pode permitir que o mal moral exista? Estas são algumas das posições mais defendidas por alguns sobre este dilema:


Defesa da não realidade do mal


Essa defesa, em sua maioria, parte de religiões orientais (p.e. budismo e ciência cristã). Eles pregam que o mal é uma ilusão. Mas, biblicamente e logicamente, não podemos sustentar esse argumento. Pois, se o mal é uma ilusão, logo, será uma ilusão problemática, que porta dor, sofrimento e morte. Se o mal é uma ilusão, logo, o que diz Isaias sobre a morte de Cristo, o qual sofreria por nossos pecados, é uma ilusão. Sendo assim, não temos nenhuma confiança em Cristo, mas não é isso que a Bíblia mostra. 


Defesa da fraqueza divina


Essa posição, atualmente, pode ser vista pelos teólogos do processo ou teísmo aberto. Tais teólogos defendem que Deus não é onipotente, onisciente e/ou soberano. Então, partindo deste ponto de vista, eles entendem que Deus se esforça para bloquear o mal, mas não consegue. Porém, biblicamente, não é esse o testemunho. A Bíblia mostra que Deus é onisciente (Sl 139; Hb 4.11-13; Is 46.10; 1Jo 3.20), onipotente (Sl 115.3; Is 14.24,27; 46.10; 55.11; Lc 18.27); e soberano (Rm 11.33-36; 1Tm 6.15-16). Então, usar tal argumento para resolver o problema é irônico. Como crer que um deus fraco, pode fazer com que resolva este problema? 


Defesa do melhor mundo possível


Alguns filósofos têm argumentado que o mal neste mundo é nada menos  que o mundo melhor que Deus poderia criar. Para esta visão o mal seria necessário para atingir certos fins bons. Por exemplo, o fato de haver o sofrimento é para que haja compaixões pelos sofredores. O problema é que Deus é eterno e seus atributos sempre o acompanharam, logo, Deus, mesmo sem o mal, seria compassível. Outro problema é que o texto sagrado nos relata que a criação era boa mesmo sem a presença do mal. Portanto, a presença do mal não tornaria nada perfeito, até porque, no novo Céu e nova Terra não haverá a presença do sofrimento e será um estado eterno de gozo na presença do nosso Senhor. 


Defesa do livre arbítrio


A defesa do livre arbítrio é a mais comum que você já ouviu ou ouvirá. Os defensores desta posição dizem que o mal veio pela livre escolha das criaturas racionais, onde que, em nenhum momento a escolha era pré-ordenada por Deus. Em certo sentido, o homem pode fazer suas escolhas. Mas essas escolhas são de acordo com os desejos e circunstâncias de cada um, quer sejam santos ou ímpios. Portanto essa liberdade não é libertária, mas causada por algo que a influenciou, até mesmo sendo determinada por Deus. 


Esse é o testemunho da Escritura, ela mostra com frequência Deus determinando nossas livres escolhas e até mesmo más escolhas (cf. Gn 50.20; 2Sm 24.1; Pv 16.9; Lc 24.45; Jo 6.44, 65; At 2.23,47; 11.18; 13.48; 16.14; Rm 8.28 – 9; Ef 1.11; 2.8-10; Fp 1.29). 


Defesa da construção de caráter


A quinta defesa trabalha o argumento de que o homem foi criado em um estado de imaturidade moral e que tais sofrimentos fariam com que ele desenvolvesse tal maturidade. É bem verdade que o sofrimento pode ser um modo de aperfeiçoamento, como mostra Hebreus 12. Mas o texto trabalha com pecadores redimidos – uma situação um tanto diferente. Segundo as escrituras mostram, quando Deus criou o ser humano, Ele conclui o sexto dia dizendo que “era MUITO bom”, portanto, não havia imaturidade nisso, mas a imperfeição veio com a queda (Gn 3.17). E, por fim, é bem claro na Escritura que nem todo sofrimento irá construir caráter, a nossa santificação é por intermédio da ação do Espirito Santo juntamente com os meios de graça.


Essas foram algumas respostas a este problema. Mas, será que existe uma resposta que podemos utilizar? Na verdade, eu não conheço uma resposta satisfatória, porém, a partir de minhas leituras, entendo que podemos ver o mal da seguinte forma. 


Confissão de Fé de Westminster, diz:
“Desde toda a eternidade, Deus, pelo muito sábio e santo conselho da sua própria vontade, ordenou livre e inalteravelmente tudo quanto acontece, porém de modo que nem Deus é o autor do pecado, nem violentada é a vontade da criatura, nem é tirada a liberdade ou contingência das causas secundárias, antes estabelecidas”. (III.I)

Ou seja, mesmo que Deus tenha ordenado tudo quanto existe, Deus não é o autor do mal e é isso que diz a Escritura, quando diz o profeta que “Tu és tão puro de olhos, que não podes ver o mal” (Hc 1.13). E assim podemos formar um silogismo cristão:


       • Premissa 1: Deus é todo-bom (onibenevolente)

       • Premissa 2: Deus é todo-poderoso (onipotente)
       • Premissa 3: Sofrimento e mal existem


Conclusão: Deus deve ter tido boas razões para permitir o mal e o sofrimento. Pois, é visto pelo testemunho escriturístico que Deus usa o mal e o sofrimento para alcançar um bem maior, mesmo que não saibamos qual é a razão. E assim a denominamos de a Defesa do Bem Maior. 


O texto paulino diz que “tudo coopera para o bem de quem ama a Deus” (Rm 8.28). Então, alegar que a presença do mal no mundo é boa,  pode ser válido. Porque até mesmo algumas vezes, temos que passar por algum mal, sermos afligidos com dor por um bom propósito: cirurgia para uma cura, punições em crianças para discipliná-las. Portanto, talvez Deus tenha um bom propósito em permitir o mal. 


A defesa do bem maior parte da nossa base sólida de argumentação, as Escrituras. E as Escrituras nos mostram que Deus usa o mal de forma positiva, como nos mostra John Frame:
Para provar os seus servos (Jó; 1Pe 1.7; Tg 1.13), para discipliná-los (Hb 12.7-11), para preservar a vida deles (Gn 50.20), para ensinar paciência e perseverança (Tg 1.3-4), para redirecionar a sua atenção para o que é mais importante (Sl 37), para capacitá-los a consolar e fortalecer outras pessoas (2Co 1.3-7), para habilitá-los a dar vigoroso testemunho da verdade (At 7), para dar-lhes maior alegria quando o sofrimento é substituído pela glória (1Pe 4.13), para julgar os ímpios tanto no decorrer da história (Dt 28.15-68), como na vida por vir (Mt 27.41-46), para recompensar os crentes perseguidos (Mt 5.10-12) e para manifestar a obra de Deus (Jo 9.3; cf. Êx 9.16; Rm 9.17). [4]

As Escrituras lidam com o problema do mal de forma teocêntrica, porque todas as vezes que a objeção do mal no mundo é levantada, é devido a questão que a humanidade supostamente ser boa. O propósito primário e último da nossa existência é “glorificar a Deus e gozá-lo para sempre”. Claro que a Bíblia não proíbe a felicidade humana, mas esta felicidade deve ser para a glória de Deus. 


E, por que é teocêntrica? Porque o único inocente que existiu e existe foi tratado como pecador, mesmo sem cometer nenhum pecado, e o mesmo morreu no lugar dos filhos de Deus. Em Cristo, a ira de Deus, por causa da maldade humana é derramada na cruz.


Deus rege este mundo em seus padrões e temos que definir o que seria o nosso conceito de bondade. Nisso, cremos que Deus é o absoluto moral, e se o incrédulo trata o problema do mal, nós tratamos do problema do bem. Primeiro como um incrédulo, que não crê em Deus, sabe o que é o bem e o mal? Se não há absolutos, ele não saberá o que é realmente bem e mal. E esse é o problema que o incrédulo pode enfrentar, pois mesmo com o mal existente há pessoas que desenvolvem habilidades e dons maravilhosos, os quais foram concedidos por Deus, o que chamamos de graça comum. “O Senhor é bom para todos, e as suas misericórdias são sobre todas as suas obras” e “Abres a mão e satisfazes de benevolência a todo vivente” (Sl 145.9,16). Ou seja, como pode haver pessoas com dons, talentos e aptidões em um mundo mal? 


Então, a minha conclusão sobre a defesa do bem maior é que, certamente, o bem que Deus dá e tem a revelar no último dia é bem maior e maravilhoso do que os males que temos visto, porque “a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós eterno peso de glória, acima de toda comparação” (2Co 4.7). De modo maravilhoso na vida de José, Deus agiu providencialmente para extrair o bem do mal, quando isso parecia uma impossibilidade total, nós não poderíamos confiar que Deus extrairá bem dos restantes de males que vivenciamos? 


3. Deus é criador dos céus e da terra


A minha explicação aqui não é sobre como surgiu o mundo, criacionismo ou evolucionismo. Mas para que Deus criou este mundo, e tal descrição será pelo viés bíblico, partindo do Senhor como um Senhor pactual. 


A Escritura revela que todas as coisas foram criadas em Cristo e para Cristo. Deus estabeleceu formas de como a humanidade deveria se portar diante do seu Criador. 


No livro de Gênesis temos o que chamamos de mandatos pactuais, assim como a criação nos mostra que devemos adorar a Deus somente, Deus nos criou para um relacionamento pactual cúltico com Ele (Mandato Espiritual), um relacionamento entre a família que glorifique a Deus (Mandato Social) e que a nossa cultura, arte e trabalho sejam para a glória de Deus (Mandato Cultural). 


Mandato Espiritual - Deus criou Adão e Eva como nossos primeiros pais, à sua imagem e semelhança. Este mandato envolve um relacionamento com o Deus que nos fez a Sua imagem (Gn 1.26). Uma paz entre Ele e suas criaturas, o qual, também, estabeleceu um dia de descanso de nossas obras para dedicarmos inteiramente a Ele em santidade. 


Mandato Social – Deus ordena aos nossos primeiros pais que eles deveriam ser fecundos, que o homem deve ser a cabeça e que a mulher seria a auxiliadora.[5] Este mandato que envolve um relacionamento não só com Deus, envolve também a família que por Deus fora criada - a liderança dos pais em saber guiar as suas famílias, segundo a ordem de Deus. 


Mandato Cultural – A palavra “cultura” tem a mesma raiz de “cultivar”, a qual aparece em Gn 2.15 na ordem dada por Deus à Adão que ele deveria “cultivar a terra”. Este mandato tem como sentido tirar da terra o seu cultivo, não só na forma de trabalho braçal, mas nas artes, ciência, música e etc.. Ou seja, tudo aquilo que envolve cultura. 


Mas, com a queda de nossos primeiros pais, este relacionamento é quebrado, fazendo com que todos estes mandatos fossem danificados. O homem já não consegue adorar a Deus realmente, porque passou a ser idólatra, criando para si deuses, vivendo em guerra com sua família, fazendo que pais matem os filhos e os filhos matem os pais, e seu trabalho juntamente com sua cultura, foi danificado e penoso, a terra foi amaldiçoada por causa dele.


Assim como em Cristo e para Cristo o mundo é criado, o é também na nova criação, o qual eu chamo de parte um. Paulo usa o exemplo da criação em Gn 1.3 para falar da luz que Deus fez aparecer em nossos corações enegrecidos pelo pecado: “Porque Deus, disse que das trevas resplandecesse a luz, é quem resplandeceu em nossos corações, para iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Jesus Cristo” (2 Co 4.6). Assim, podemos ver que a nossa salvação é parte do ato criativo de Deus, pois somos chamados de “nova criatura” (2 Co 5.17). E, da mesma forma que Deus criou o homem (humanidade) à sua imagem, recria os crentes à imagem de Cristo (Rm 8.29). Assim como por sua Palavra Ele criou e sustenta todas as coisas (Sl 33.6,9), também, por sua Palavra, doa-nos a fé para cremos em Cristo (Rm 10.17; Ef 1.13). 


A nossa transformação pela graça de Deus é apenas o começo dos novos céus e nova terra (parte dois e última) (Is 65.17-18; 66.22; 2Pe 3.10-13; Ap 21.1-4) nos quais habita a justiça de Deus. Os crentes são o princípio da obra redentora de Deus (Cl 1.20) que resultará na consumação final, porque a presente criação como demonstrou acima, foi amaldiçoada pela queda do homem (Gn 3.16-19),
Porque a ardente expectação da criatura espera a manifestação dos filhos de Deus. Porque a criação ficou sujeita à vaidade, não por sua vontade, mas por causa do que a sujeitou, na esperança de que também a mesma criatura será libertada da servidão da corrupção, para a liberdade da glória dos filhos de Deus” (Rm 8.19-21).

Crer que Deus é o criador dos céus e da terra é crer que o mesmo Deus nos fez novas criaturas, por intermédio de Seu Filho, para que vivamos nos Novos Céus e Nova Terra. Pois, de forma pactual, Cristo derrama seu sangue, o sangue da nova aliança, para fazer de dois um só povo. 

Conclusão


O Credo dos Apóstolos é um documento muito importante para a instrução da fé cristã e um documento que permanece atualizado, do qual podemos tirar várias lições. Ele começa de forma maravilhosa, mostrando e exaltando a Deus, nos dando o exemplo de como deve ser a nossa vida – crendo que Deus é Soberano sobre tudo e todos; um Deus amoroso que criou todas as coisas para o louvor de Sua glória. Mundo este o qual Deus tem total controle e, misericordiosamente, age graciosamente com todos os seres humanos, mesmo que alguns não façam parte de Seu rebanho, Deus é misericordioso.


Coloquemos a nossa confiança neste Deus e Pai Todo Poderoso que criou os céus e a terra.


__________
Notas:
[1] PACKER, J.I., Teologia Concisa. 2.ed. – São Paulo: Cultura Cristã, 2004, p. 147. 
[2] SPROUL, R.C., Estudos expositivos em Romanos – São Paulo: Cultura Cristã, 2011, p.243
[3] FRAME, John. A doutrina de Deus. – São Paulo: Cultura Cristã, 2013, p.136
[4] Ibid., 143
[5] Algumas cristãs feministas criticam o termo auxiliadora, alegando que tal título menospreza a mulher. Mas o que elas não sabem que o titulo “auxiliadora” é aplicado à mulher e depois a Deus (cf. Sl 33.22; 38.33). Ou seja, quando a mulher cumpre o seu papel de auxiliadora ela cumpre um papel que se refere à imagem de Deus. 

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Fonte: Bereianos


domingo, 21 de junho de 2015

Hereges "legais", "relevantes"... são os piores!


Paulo diz sentir um medo, e esse medo era de heresias vindas de hereges “legais” - “...mas temo que, assim como a serpente enganou Eva com a sua astúcia...”

Os hereges “legais” são os piores. Os hereges que combatem a “teologia da prosperidade” mas ao mesmo tempo semeiam universalismo, liberalismo... são os piores. Piores porque são enganadores mais eficientes, mais sutis... Usam uma capa melhor de respeitabilidade, seriedade, zelo...

Por que foi tão difícil para Paulo e os outros apóstolos combaterem os falsos mestres em seus dias?

Muitas pessoas esperam que aqueles que deturpam e torcem as verdades bíblicas sejam pessoas não amáveis, sem simpatia, sem carisma... Paulo disse aos coríntios: “E não é maravilha, porque o próprio Satanás se transfigura em anjo de luz.” - 2 Coríntios 11:14. “Mas temo que, assim como a serpente enganou Eva com a sua astúcia, assim também sejam de alguma sorte corrompidos os vossos sentidos, e se apartem da simplicidade que há em Cristo.” - 2 Coríntios 11:3

Em toda a história da igreja homens que propagaram heresias destruidoras eram amáveis, simpáticos, falavam em amor ao próximo, se empenhavam em caridade... hoje é assim como sempre foi. Podemos ensinar doutrinas antibíblicas enquanto falamos em ajuda aos pobres, missão integral, igreja relevante. Na verdade, todas as religiões podem falar sobre temas simpáticos, agradáveis, caridosos... sendo mesmo assim o oposto da revelação bíblica. Podemos passar horas lendo Confúcio, Budismo... Mas nossa questão aqui são heresias que saem da igreja, de líderes na igreja, simpáticos, caridosos... Paulo quando fala sobre líderes que ensinam doutrinas heréticas e desviam homens da verdade, diz: “e com suaves palavras e lisonjas (bajulações) enganam os corações dos simples.” - Romanos 16:18

Falsos mestres são simpáticos, amáveis e adoram falar sobre amor. Mas o amor que é proposto é um tipo de amor completamente diferente do que a Bíblia ensina. É um sentimentalismo que põe a verdade de lado em nome do que chamam amor. Qualquer amor que é destrutivo para a verdade total do evangelho (com todo seu lado ofensivo ao homem natural), qualquer amor que ignora a verdade e a vê como um obstáculo, chamando-a de dogmatismo... qualquer amor que é tolerante com o erro ou propaga o erro... tem que ser completamente evitado e combatido... porque isso não está nem próximo da essência daquilo que a Bíblia chama de amor. Toda conversa sobre amor, caridade, missão, união... que põe a verdade de lado é exatamente o trabalho dos falsos mestres, falsos profetas... Como é doce ouvir “paz, paz...” – “E curam superficialmente a ferida da filha do meu povo, dizendo: Paz, paz; quando não há paz.” - Jeremias 6:14. É isso que Paulo enfatiza: “e com suaves palavras e lisonjas (bajulações) enganam os corações dos simples.” - Romanos 16:18

Na história da igreja homens que ensinaram doutrinas terríveis eram homens simpáticos e amáveis. Ário (Arius 256-336) negava a divindade de Cristo. Ele defendia que o Logos e o Pai não eram da mesma essência, que o Filho era uma criação do Pai, que houve um tempo em que o Filho ainda não existia... Era um líder cristão em Alexandria. Mas é dito sobre ele que era um homem simpático, amável... Era descrito como - brilhante, companheiro, atraente... um tipo de cidadão que todos gostariam de ter ao seu lado em causas nobres. Um tipo de homem que todos gostavam de ver ensinando a Bíblia... ele foi imensamente popular nos seus dias... Exatamente o que Paulo disse: “e com suaves palavras e lisonjas (bajulações) enganam os corações dos simples.” - Romanos 16:18

Outro homem que ensinou as mesmas heresias foi Socino (Fausto Socinus 1539-1604) – Seu ensino rejeitou os pontos de vista ortodoxos da teologia cristã no conhecimento de Deus, sobre a doutrina da Trindade,  divindade de Cristo, e na soteriologia... Mas ele em si era um cara legal, simpático e amável... Ele é descrito como um verdadeiro cavaleiro. Sua moral estava acima de qualquer suspeita e era conhecido por sua cortesia infalível. É descrito como muito mais cortês do que os reformadores que viveram na mesma época; Calvino, Lutero... Enfim, Socino é descrito como homem exemplar.

Eis o motivo porque raramente é ou será popular combater e resistir os falsos mestres. Eis o motivo porque Paulo teve grandes problemas para combatê-los em Corinto, na igreja dos Gálatas, e em todas as outras igrejas. Falsos mestres, hereges... são amáveis, falam muito sobre o amor, em ajuda aos necessitados... são simpáticos, falam sobre “paz paz..” – então eles quase sempre são vistos como uma benção para a igreja. Eles sempre tem palavras cativantes. Eles são atenciosos. Eles falam o que muitos querem ouvir. Eles estão prontos a adaptar a verdade. Eles são cavaleiros... Então Paulo diz: “e com suaves palavras e lisonjas (bajulações) enganam os corações dos simples.” - Romanos 16:18

“Suaves palavras – a frase significa discurso suave. Eles sabem falar de forma inteligente. O diabo coloca os erros mais devastadores não na boca de hereges óbvios... ele não coloca esses erros na boca de homens que são um desastre para o objetivo dele. Palavra suaves e lisonjas. A palavra é eulogia, como elogio. É a ideia de uma eloquência falsa, mentiras bem escolhidas e que tem um som atraente e enganam o coração dos ingênuos,  é o que Paulo diz. Inteligente, eloquente, polido, de fala suave, elogiando, lisonjeiro, abraçando causas nobres... Ele ganha o ouvido e engana o coração.

Nunca, nunca será popular resistir falsos mestres na igreja, eles são vistos como benção e não tragédia!

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Fonte - Bereianos.


terça-feira, 16 de junho de 2015

A providência de Deus e os ninhos dos passarinhos.






Quem conta essa história é Peter Marshall. Um jardineiro encarregado de podar as plantas de uma residência da cidade de Glasgow, Escócia, percebeu que num dos galhos que deveriam ser cortados havia um ninho com dois pequeninos ovos. O jardineiro, então, pediu permissão ao dono da casa para não cortar o galho até que nascessem as avezinhas e naturalmente fossem embora. Assim foi feito. Um mês depois, quando aquele homem retornou, vendo que os passarinhos haviam nascido e o ninho estava vazio, cortou o galho. Antes, porém, examinou o frágil ninho e descobriu entre os materiais colhidos pela avezinha alguns pedacinhos de papel, escolhidos por ela para amaciar o ninho. Entre os papeizinhos havia um pequeno trecho de uma página da Bíblia, em que se lia: “... porque Ele tem cuidado de vós”, parte do versículo de I Pedro 5.7. O versículo completo diz: “... lançando sobre Ele toda a vossa ansiedade, porque Ele tem cuidado de vós”.

Aquele passarinho não tinha qualquer conhecimento de que todos os dias dormia sobre a Palavra de Deus. Não é assim conosco também? Deus nos sustenta, cuida de cada um de nós e providencia os meios para continuarmos vivos, até mesmo quando não percebemos sua ação em nosso favor. A Palavra de Deus literalmente sustentava a casa daquele passarinho sem que ele tivesse conhecimento de sua salvação. Seus filhotes estavam diretamente protegidos pela Palavra de Deus, pois dormiam amparados numa promessa feita aos filhos de Deus, mas que também servia àquele ninho: “... porque Ele tem cuidado de vós” (I Pedro 5.7).

Esteja certo de que a providência de Deus é o lado visível de sua graça. Mesmo quando dela não tomamos conhecimento, ainda assim sua mão trabalha por nós. Por isso o salmista escreve que “aos seus amados Ele o dá enquanto dormem” (Salmo 127.2). Sim, Deus dá o melhor pra nós, até mesmo quando dormimos e ficamos inconscientes, pois Ele está sempre trabalhando para que seus filhos vivam bem.

Portanto, jamais desanime.

Tenho aprendido que Deus quer que eu saiba que Ele está providenciando os meios para que minha vida receba o melhor, para que minha casa não seja destruída, para que meus filhos vivam e aprendam a voar, para que minha esperança esteja sempre firmada naquele que já deu provas suficientes de que Ele não me abandona à minha própria sorte.

Faça você também como o passarinho: simplesmente viva despreocupado, pois a manutenção de sua própria existência é responsabilidade de seu Criador. Trabalhe e lute todo dia, mas sempre consciente de que sua vida depende Dele, do amoroso Deus da Providência. Jesus sabia que podíamos confiar no cuidado do Pai. Por isso, ele insistiu em que olhássemos para os passarinhos, todas as vezes que estivéssemos ansiosos. A razão que Jesus nos dá é significativa. Se Deus cuida de passarinhos, quanto mais de nós, por quem ele enviou o seu próprio filho para nos resgatar da perdição eterna?

Pois, saiba que Jesus ainda hoje continua nos lembrando da Providência do Pai. O que Ele nos diz? “Vejam os passarinhos que voam pelo céu: eles não semeiam, não colhem, nem guardam comida em depósitos. No entanto, o Pai de vocês, que está no céu, dá de comer a eles. Será que vocês não valem mais do que os passarinhos?” (Mateus 6.26).



sexta-feira, 5 de junho de 2015

Pregando a Cristo.






A igreja do século XXI enfrenta muitas crises. Uma das mais sérias é a crise de pregação. Filosofias de pregação amplamente diversas competem por aceitação no clero contemporâneo. Alguns veem o sermão como um discurso informal; outros, como um estímulo para saúde psicológica; outros, como um comentário sobre política contemporânea. Mas alguns ainda veem a exposição da Escritura Sagrada como um ingrediente necessário ao ofício de pregar.

À luz desses pontos de vista, sempre é proveitoso ir ao Novo Testamento para procurar ou determinar o método e a mensagem da pregação apostólica apresentados no relato bíblico.


Em primeira instância, temos de distinguir entre dois tipos de pregação. A primeira tem sido chamada kerygma; a segunda, didache. Esta distinção se refere à diferença entre proclamação (kerygma) e ensino ou instrução (didache).


Parece que a estratégia da igreja apostólica era ganhar convertidos por meio da proclamação do evangelho. Uma vez que as pessoas respondiam ao evangelho, eram batizadas e recebidas na igreja visível. Elas se colocavam sob uma exposição regular e sistemática do ensino do apóstolos, por meio de pregação regular (homilias) e em grupos específicos de instrução catequética.


Na evangelização inicial da comunidade gentílica, os apóstolos não entraram em grandes detalhes sobre a história redentora no Antigo Testamento. Tal conhecimento era pressuposto entre os ouvintes judeus, mas não era argumentado entre os gentios. No entanto, mesmo para os ouvintes judeus, a ênfase central da pregação evangelística estava no anúncio de que o Messias já viera e inaugurara o reino de Deus.


Se tomássemos tempo para examinar os sermões dos apóstolos registrados no livro de Atos dos Apóstolos, veríamos neles uma estrutura comum e familiar. Nesta análise, podemos discernir a kerygma apostólica, a proclamação básica do evangelho. Nesta kerygma, o foco da pregação era a pessoa e a obra de Jesus. O próprio evangelho era chamado o evangelho de Jesus Cristo. O evangelho é sobre Jesus. Envolve a proclamação e a declaração do que Cristo realizou em sua vida, em sua morte e em sua ressurreição. Depois de serem pregados os detalhes da morte, da ressurreição e da ascensão de Jesus para a direita do Pai, os apóstolos chamavam as pessoas a se convertem a Cristo – a se arrependerem de seus pecados e receberem a Cristo, pela fé.


Quando procuramos inferir destes exemplos como a igreja apostólica realizou a evangelização, temos de perguntar: o que é apropriado para transferirmos os princípios da pregação apostólica para a igreja contemporânea? Algumas igrejas acreditam que é imprescindível o pastor pregar o evangelho ou comunicar a kerygma em todo sermão que ele pregar. Essa opinião vê a ênfase da pregação no domingo de manhã como uma ênfase de evangelização, de proclamação do evangelho. Hoje, muitos pregadores dizem que estão pregando o evangelho com regularidade, quando em alguns casos nunca pregaram o evangelho, de modo algum. O que eles chamam de evangelho não é a mensagem a respeito da pessoa e da obra de Cristo e de como sua obra consumada e seus benefícios podem ser apropriados pela pessoa, por meio da fé. Em vez disso, o evangelho de Cristo é substituído por promessas terapêuticas de uma vida de propósitos ou de ter realização pessoal por vir a Cristo. Em mensagens como essas, o foco está em nós, e não em Jesus.


Por outro lado, examinando o padrão de adoração da igreja primitiva, vemos que a assembleia semanal dos santos envolvia reunirem-se para adoração, comunhão, oração, celebração da Ceia do Senhor e dedicação ao ensino dos apóstolos. Se estivéssemos lá, veríamos que a pregação apostólica abrangia toda a história redentora e os principais assuntos da revelação divina, não se restringindo apenas à kerygma evangelística.


Portanto, a kerygma é a proclamação essencial da vida, morte, ressurreição, ascensão e governo de Jesus Cristo, bem como uma chamada à conversão e ao arrependimento. É esta kerygma que o Novo Testamento indica ser o poder de Deus para a salvação (Rm 1.16). Não pode haver nenhum substituto aceitável para ela. Quando a igreja perde sua kerygma, ela perde sua identidade.